Terça-Feira, 22 de abril de 2025
Terça-Feira, 22 de abril de 2025
Estrutura de qualidade, visibilidade e apoio social já beneficiam mais de 1.600 pessoas na capital
Enquanto a bola rola no gramado da Arena Graciliano Ramos, sonhos ganham forma, vozes ecoam com esperança e olhos se voltam para um futuro promissor. Do chão de barro aos holofotes dos grandes clubes. A realidade de muitas crianças, jovens e adolescentes da capital alagoana tem mudado com a implantação das Areninhas da Prefeitura de Maceió, que estão dando visibilidade, esperança e oportunidade a quem sonha em seguir carreira no futebol.
A prova disso são os três atletas do Projeto Bom de Bola, da Escolinha Vila Real, que treinam na areninha e foram selecionados por olheiros para participar da peneira do time do Fortaleza.
Para muitos desses jovens, a areninha é mais do que um campo, é o primeiro passo rumo à realização de um sonho. A iniciativa, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Esporte (Semesp), vai além da prática esportiva e se consolida como ferramentas de inclusão social e projeção de talentos. Mais de 60 projetos sociais estão ativos, transformando comunidades e dando visibilidade a jovens que antes estavam invisíveis.
Com mais de R$ 100 milhões em investimentos, a gestão municipal já entregou 18 das 60 areninhas previstas em toda a cidade. Os campos contam com estrutura de grama sintética, vestiários, arquibancadas, alambrados, refletores de LED e marcações oficiais. Esses espaços esportivos têm sido a porta de entrada para projetos sociais que hoje atendem mais de 1.650 pessoas, entre crianças, jovens e adultos de toda a cidade.
Em um passado não tão distante, o que se via no bairro Graciliano Ramos, na parte alta de Maceió, era um campo de barro, onde as chuteiras atolavam na lama e a bola muitas vezes se perdia entre buracos e pedras.
Renan Guilherme, de apenas 13 anos, que joga na posição de Volante e meio-campista, é um dos três jovens integrantes do Projeto Bom de Bola, e acaba de ser selecionado por olheiros do time do Fortaleza para integrar a base do clube, junto ao Lucas de Araújo de 10 anos, e Jailton dos Santos Campos de 15 anos. No próximo dia 29, ele e os colegas viajam para mais uma etapa do processo seletivo. O garoto, que mora no Benedito Bentes e treina com ajuda do pai, não esconde a emoção e o orgulho de ter chamado a atenção dos avaliadores.
“Antes isso aqui era só barro, dificultava mostrar o meu talento. Agora a gente joga num campo bom, com estrutura, e isso ajuda demais. Meu sonho é ser jogador profissional e dar orgulho à minha família”, conta Renan, que segue os passos do pai, ex-jogador da base do CRB, e dos irmãos, também apaixonados por futebol.
Ele lembra com entusiasmo o dia em que o olheiro do Fortaleza o observou durante a partida. O garoto, que sonha em jogar na Europa e se inspira em Casemiro e Messi, divide a rotina entre os treinos e a escola, com o apoio constante da família.
“Eu sabia que seria o meu dia. Eu joguei bem e senti que ele me olhou de um jeito diferente. Já esperava ser selecionado, porque sabia que tinha me destacado”, contou Renan emocionado.
Quem também está se destacando é David Adrian, de 14 anos, outro talento da Arena Graciliano. Ele cresceu jogando no antigo campo de terra, ainda improvisado, onde colocava travinhas e dividia o espaço com dezenas de outras crianças.
“Comecei a jogar com três anos, lembro que aqui quando chovia, virava uma lameira. Tinha partes que secavam e a gente brigava pra jogar lá. Hoje, esse campo aqui é uma maravilha. Dá pra jogar no sol ou na chuva. É bom demais”, disse.
David é monitorado por olheiros e também deve embarcar em breve para uma base de time fora do estado. Inspirado por nomes como Kaká e Cristiano Ronaldo, ele sonha em dar orgulho a toda a família, mas a emoção foi grande ao lembrar de sua trajetória, especialmente pela memória da avó, que sempre o incentivou e que faleceu quando ele tinha sete anos.
“Quero mostrar pra ela que vou ser um grande jogador. Ela sempre acreditou em mim. Quero realizar esse sonho por ela. Esse sonho também é do meu pai e da minha mãe. Quero dar o melhor pra minha família e mostrar que eu tenho capacidade de vencer, principalmente agora que temos um campo profissional, isso aqui é um presente pra nós”, contou com os olhos marejados.
Bom de Bola
Quem acompanha de perto essa transformação é o treinador e coordenador do projeto Bom de Bola, Ruan Victor, de 22 anos, e viu a mudança acontecer com a chegada das Areninhas.
“O projeto Bom de Bola existe desde 2002, mas com a areninha o trabalho ganhou mais qualidade e visibilidade. Hoje temos cerca de 220 atletas, inclusive de cidades vizinhas. A estrutura mudou tudo, até a bola corre melhor, dá para treinar mesmo com chuva, e a iluminação permite atividades à noite”, explicou Ruan.
Ele relatou que os olheiros do Fortaleza visitaram a Arena no início de março e logo identificaram potencial em três atletas. Agora, os garotos seguem monitorados e terão a chance de mostrar talento em Fortaleza, onde disputarão vaga nas categorias de base. Para ele, ver os meninos crescendo no esporte é como viver um sonho coletivo
“Muitos treinadores, como eu, também sonharam em ser jogadores. Não conseguimos, mas estamos ajudando esses meninos a realizarem o que um dia foi nosso sonho também. Agora a gente vê neles a realização desse sonho que é coletivo. É gratificante demais. Tudo isso graças à estrutura que hoje existe aqui”, pontuou.
De geração para geração
David Bartolomeu, pai do jovem David Adrian, se emociona ao ver o filho sendo observado por clubes de fora. Ele próprio jogou no mesmo campo, quando era apenas de barro.
“Eu não consegui realizar esse sonho, mas meu filho está tendo a chance. Isso aqui é muito mais que um campo. É um lugar onde a gente planta o futuro dos nossos filhos”, diz, com os olhos marejados.
Bartolomeu acredita que os investimentos da prefeitura têm um papel muito importante na transformação da vida de muitas famílias da capital.
“A gente sempre fala e diz que é preciso ter disciplina na escola e no futebol. Só o futebol não basta. E esse projeto é um incentivo imenso. A prefeitura acertou demais ao investir nisso, porque é um investimento no futuro dos nossos filhos.”Esse projeto das areninhas é uma benção. O que antes era só poeira e lama, hoje é esperança, oportunidade, é dignidade. Ver meu filho sendo olhado por outros clubes é uma emoção que não cabe no peito”, relatou, emocionado.Além da Arena Graciliano, outras 17 já foram entregues, como as dos conjuntos Denisson Menezes e Medeiros Neto, Parque Esportivo do Biu, Village Campestre, Eustáquio Gomes e outros bairros da capital. Todas elas contam com a mesma infraestrutura e são voltadas à prática esportiva e à convivência comunitária.
*Redação com Assessoria