Sexta-Feira, 22 de novembro de 2024
Sexta-Feira, 22 de novembro de 2024
Parecia improvável que intelectuais e pessoas privadas de liberdade pudessem dividir o mesmo ambiente para discutir e contemplar obras literárias. Mas isso é uma realidade em Alagoas com o projeto Café Literário, que ocorre dentro do sistema prisional, iniciativa que se consolidou e passou a ser adotado fora do estado. A parceria entre a Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), Academia Alagoana de Letras e o Tribunal de Justiça deu muito certo e hoje é modelo de boas práticas direcionadas à população carcerária.
O Café Literário tornou-se referência para outros estabelecimento prisionais e instituições como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que apontou Alagoas como estado modelo a proporcionar a leitura na ressocialização de reeducandos.
Lançado em maio deste ano, o Café Literário terá uma nova edição no dia 28 de novembro, dessa vez no Presídio Cyridião Durval, em Maceió, onde pessoas privadas de liberdade farão uma apresentação artística da obra estudada. Tudo isso na presença de “imortais” da Academia Alagoana de Letras, que estarão no sistema prisional.
“No dia 28, no Cyridião Durval, teremos a sétima edição do Café Literário, com uma representação do livro de Carlos Méro, acadêmico e membro da Academia Alagoas de Letras, pelos reeducandos que integram o projeto. E, mais uma vez, mostrando que a leitura é uma ferramenta para levar até aqueles que estão no sistema prisional, a liberdade de poder flutuar nas asas do pensamento do autor, lendo o livro, interpretando o livro”, detalha o presidente da Academia Alagoana de Letras, Rostand Lanverly.
A interpretação feita pelos custodiados é uma homenagem ao autor da obra literária, uma oportunidade de interação. Além disso, eles vão remir a pena na mesma situação que ocorre com o projeto ‘Livros que Libertam’, desenvolvimento pela Seris, em parceria com o Tribunal de Justiça.
Alagoas é referência
“O papel da Seris é ressocializar, reintegrar pessoas privadas de liberdade à sociedade. E estamos conseguimos avançar muito. Somos reconhecidos pelas ações que desenvolvemos, e essa parceria com a Academia Alagoana de Letras é mais um exemplo de como Alagoas vem cumprindo seu papel e virando referência para outros estados”, afirma o secretário de Estado da Ressocialização e Inclusão Social, Diogo Teixeira.
A sétima edição do Café Literário conta com a doação das obras de escritores alagoanos, que são trabalhadas em clubes de leitura ao longo de 30 dias e depois interpretadas de forma presencial por meio de conversa, teatro e musicalidade, na presença do autor. Dessa vez, será às 9h, no auditório Psicóloga Maria Luíza Dowsley, no sistema prisional alagoano.
“O Café Literário é um sucesso que até já esteve no Teatro Deodoro recentemente, inspirando outras Academias, como em Joinville (SC), que levará a experiência de Alagoas para lá”, comemora Clarice Damasceno, gerente de Educação e Cidadania da Seris.
Ressocialização
O projeto Café Literário contribui para a ressocialização ao desenvolver habilidades intelectuais e de comunicação, elevar a autoestima e ajudar na reintegração de apenados na sociedade. “Os imortais vão para dentro do sistema prisional, que está controlado, com a garantia de segurança. Dentre os presídios, só faltava o Cyridião Durval, que agora será contemplado dia 28 de novembro”, completa Clarice.
O presidente da Academia Alagoana de Letras, Alberto Rostand Lanverly, destaca que o projeto Livros que Libertam hoje é um sucesso nacional, graças ao esforço conjunto da Secretaria de Ressocialização, Tribunal de Justiça de Alagoas e Academia Alagoana de Letras.
“Não tenha dúvida de que esse é um dos grandes momentos vividos pela Academia Alagoana de Letras, em parceria com grandes instituições alagoanas”, concluiu Lanverly.
*Redação com Ascom Seris