Aguarde. Carregando informações.
Alagoas

Djavan retorna a Maceió para estreia de turnê mundial: 'Não tenho a menor intenção de me despedir'

Djavan retorna a Maceió para estreia de turnê mundial: 'Não tenho a menor intenção de me despedir'

(Imagem:  Heliana Gonçalves/TV Gazeta)

De óculos escuros, bem humorado e sem pressa, Djavan recebeu a imprensa no final da tarde desta quinta-feira (30) para uma entrevista coletiva em um hotel à beira mar de Pajuçara, em Maceió. Durante quase uma hora ele falou de maneira bem descontraída sobre algumas memórias do tempo em que morou na cidade onde nasceu, relembrou o início da carreira, brincou com o futebol e disse que não pretende parar de cantar tão cedo.

"Enquanto eu tiver saúde, como eu tenho hoje, não tem a menor razão para me despedir porque eu adoro a música, eu adoro minha vida, faço música porque amo, porque gosto. Não tenho a menor intenção de me despedir".

 

Djavan está em Maceió para dar o start na sua turnê mundial. A escolha da capital alagoana como local do primeiro show foi exigência dele. A apresentação será nesta sexta-feira (31), no estacionamento de Jaraguá e a expectativa de público é de 30 mil pessoas. Os ingressos estão à venda. Com a Turnê D, mesmo nome de seu último álbum, Djavan vai fazer mais de 56 shows até o final do ano no Brasil, além de destinos na Europa e nos Estados Unidos.

Início da turnê na cidade onde nasceu

 

"Eu queria dar um presente a Maceió e receber um presente de Maceió. Em primeiro lugar eu quis fazer uma certa inclusão social, eu queria poder botar ingressos mais baratos para que o público de uma renda mais baixa tivesse acesso, não só os ingressos mais caros, como camarotes, mas ingresso de, digamos, a geral, que quem não tem grana pudesse ter acesso. Pra mim esse foi o grande objetivo desse lugar que eu escolhi que é o Jaraguá, um lugar grande, um show que deve aglomerar 30 mil pessoas. Isso foi uma das minhas alegrias e eu acho que para o alagoano também, porque é um show que tem uma estrutura de qualidade, é um espetáculo que vai ser muito bonito. Eu estou duplamente feliz por vir".

Montagem da turnê durou meses

 

"Uma turnê, por exemplo, é uma coisa muito desgastante, muito exaustiva mesmo, sobretudo uma turnê mundial onde você vai a vários continentes, além do Brasil que já é um continente monstruosamente grande. É difícil, fazer uma turnê não é uma coisa fácil, montar uma turnê é difícil. Estou trabalhando nessa turnê há meses, mesmo assim não pretendo parar. Porque ela tem um lado que é maravilhoso".

"Quando você monta um show, quando você sobe no palco pela primeira vez como vai acontecer amanhã, tudo está feito. Aí é só se divertir. Tem o desgaste das viagens, avião, aeroporto, muita gente. Isso é muito desgastante, mas é prazeroso porque você não tem mais o desgaste psicológico, intelectual que é a montagem de uma turnê demanda. Se eu parar de fazer uma turnê um dia pelo desgaste físico, eu certamente não vou parar de gravar e de compor, que é a minha paixão".

Inspiração em Alagoas

 

"Eu compus aqui oito letras do disco novo, o disco tem doze faixas e eu compus aqui oito letras e duas outras músicas, com melodias, harmonia. É óbvio que isso aqui [o estado] me inspira profundamente, mesmo que eu não esteja aqui, mas a memória já me inspira, os lugares, as pessoas, os dizeres. Eu tenho um apego por tudo que é de Alagoas muito grande e evidente que tudo isso me inspirou para esse disco que vocês conhecem. Eu sempre tenho que voltar, para poder ter material, para poder ter elementos, para me nutrir dessa cultura alagoana que é maravilhosa".

Composição com os filhos da música 'Iluminado'

 

"Foi lá em Milagres [São Miguel dos Milagres, interior de Alagoas]. No final das férias eu sempre venho para ficar alguns dias, senão eu não resisto. Essa música a Sofia, minha filha, a gente estava na praia, ela estava tocando e eu comecei a fazer essa música lá em Milagres. Voltamos para o Rio [de Janeiro], eu terminei a música e gravamos".

"Quando eu escrevi a letra, eu queria passar uma mensagem de otimismo, sair do obscurantismo que estávamos vivendo então e achei adequado fazer isso com a família, trazer a família para cantar comigo. Porque a família é composta de música, os filhos, os netos. E mesmo que eles não exerçam efetivamente, mas todos eles têm, uma musicalidade incrível, tocam algum instrumento. Eu achei que era uma oportunidade boa de levar essa mensagem juntamente com a família".

Parceria com Milton Nascimento

 

"Com Milton é uma coisa meio louca assim. Nós nos conhecemos há muitos anos, mas nunca fizemos nada juntos. Ele tímido, eu também e a gente nunca se aproximou nesse nível para fazermos algo como esta composição [Beleza Destruída]. Isso aconteceu porque a Susi, minha empresária, e o Agostinho, empresário dele, disseram que isso tinha que acabar. E tentou nos reunir para o trabalho, porque algum tipo de reunião já tivemos esse tempo todo, mas para trabalharmos juntos, não".

"Aí eu compus uma música, escrevi uma letra usando um tema que é comum aos dois, que é a preservação da natureza. Ele adorou, fizemos a gravação, vivemos momentos lindos, maravilhosos. Ele foi lá para o meu estúdio, depois tivemos vários outros encontros. Foi finalmente um encontro frutífero bem interessante".

 

"Foi maravilhoso ter participado da vida do CSA, quando tinha 16, 17 anos. Aqui no Mutange [antigo campo do time] eu ia três vezes por semana para fazer [treino] individual ou coletivo. Mas foi uma fase que durou pouco. Foi justamente a fase da transição, a fase que descobri o instrumento. Quando eu optei definitivamente pela música, pela carreira de músico, foi quando eu descobri o instrumento, porque até então eu só cantava. Foi nessa fase que resolvi: não, futebol é muito cansativo, corre-se muito, eu vou ficar só com a música. E fiquei só com a música".

Momento emocionante da carreira

 

"Eu fui convidado para cantar na entrega do prêmio Grammy de 1998, em Los Angeles, que tem um ginásio que tinha 40 mil pessoas que só falavam inglês e espanhol. E eu fui escalado para cantar depois da Shakira. Só que a Shakira fez um show com 40 participantes no palco, com fogos de artifício, uma loucura. Aí acabou o show da Shakira e o cara me anunciou para cantar voz e violão, em português para um público que só falava inglês e espanhol, imagina a roubada que é isso [risos]. Disse 'meu Deus, esse cara quer acabar com a minha carreira'. Eu cantei faltando um pedaço, voz e violão e depois o ginásio inteiro me aplaudiu durante cinco minutos".

*G1