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Terça-Feira, 25 de março de 2025

Alagoas

O Rio São Francisco pede socorro: a urgência da preservação em Alagoas

O Rio São Francisco pede socorro: a urgência da preservação em Alagoas

(Imagem: Assessoria )

Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Água, é preciso voltar os olhos para uma das maiores riquezas naturais do Brasil: o Rio São Francisco. Conhecido como “Velho Chico”, ele abastece mais de 40 municípios em Alagoas, garante o sustento de populações ribeirinhas e movimenta a economia local. No entanto, enfrenta desafios alarmantes.

Humberto Barbosa, professor da UFAL. Foto: Acervo pessoal

Um estudo coordenado pelos professores Humberto Barbosa e Catarina Buriti, publicado na revista internacional Water, revelou que o rio está secando. Entre 2012 e 2020, houve uma perda de 15% da cobertura vegetal e uma redução média de 60% na vazão nos últimos 30 anos. “As ondas de calor extremo foram cruciais para reduzir o volume do rio. À medida que fica mais quente, a atmosfera retira mais água das fontes da superfície e a principal consequência é que menos água flui para o Rio São Francisco”, explica Humberto Barbosa, um dos fundadores do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (LAPIS/UFAL).

Defesa do Velho Chico

Pescadores navegam pelo Rio São Francisco. Foto: Ascom FPI Alagoas

Diante desse cenário preocupante, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) tem atuado de forma contundente para garantir a preservação do São Francisco. A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco, coordenada pelo MPAL em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) e o Batalhão de Polícia Ambiental de Alagoas (BPA/PMAL), é uma das principais iniciativas nesse combate.

A FPI funciona permanentemente em três fases: planejamento, execução e desdobramentos. Em sua 14ª edição, realizada no final de 2024, reuniu 23 instituições e entidades da sociedade civil, organizadas em 13 grupos técnicos que monitoram impactos ambientais e sociais sobre o rio.

À frente da coordenação da FPI em Alagoas estão os promotores de Justiça Lavínia Fragoso, Alberto Fonseca e Kleber Valadares.

Sobre a importância da atuação do Ministério Público, o promotor de Justiça Kleber Valadares destaca que “a Fiscalização Preventiva Integrada do São Francisco tem um papel fundamental na proteção do rio e de tudo o que depende dele. Atuamos em diversas frentes, combatendo irregularidades ambientais, incentivando a recuperação de áreas degradadas, fiscalizando o uso da água, coibindo crimes contra a fauna e a flora e buscando alternativas sustentáveis para as atividades econômicas na região. Nossa missão é garantir que o Velho Chico continue cumprindo sua função vital para as futuras gerações”.

Arte e resistência pela preservação do São Francisco

Bloco Rock Maracatu desfila nas prévias carnavalescas de Maceió com tema em alusão à preservação da água e do velho Chico. Foto: Coletivo de Imagens RCRM

A luta pelo Velho Chico vai além das ações institucionais e tem encontrado na arte um importante aliado. Durante as prévias carnavalescas de Maceió em 2025, o coletivo Rock Maracatu levou a urgência da preservação do rio para a avenida, transformando seu desfile em um grande alerta sobre o uso consciente da água.

“O maracatu sempre foi um ato de resistência, e trazer essa pauta para o carnaval é uma forma de sensibilizar as pessoas de maneira lúdica e envolvente”, explica Fernanda Guimarães, vocalista e fundadora do grupo.

Além do desfile, o coletivo realizou uma série de postagens nas redes sociais para conscientizar o público e lançou a música autoral, intitulada de “Transborda em Meu Maracatu”, um verdadeiro grito de alerta sobre a crise hídrica do São Francisco de autoria de Fernanda Guimarães, Talita Quirino, Chau do Pife e Fernando Nunes.

“A cada edição do Rasgando o Couro Rock Maracatu, buscamos levantar temas que nos instigam e que são fundamentais para nossa existência enquanto grupo e cidadãos. O Velho Chico é vida, e precisamos defendê-lo”, reforça Fernanda.

Compromisso com o futuro

A mobilização em defesa do São Francisco precisa ser coletiva, unindo poder público, sociedade civil e iniciativas como a do Rock Maracatu. Para o procurador-geral de Justiça, Lean Araújo, a preservação do rio é uma prioridade absoluta. “O Ministério Público de Alagoas está atento à situação do Velho Chico e segue atuando firmemente por meio da FPI para combater agressões ambientais e estimular ações sustentáveis. Iniciativas como a do bloco de carnaval mostram que essa luta precisa envolver toda a sociedade. O que fizermos hoje definirá o futuro do rio e das próximas gerações que dele dependem”, afirma o PGJ.

*Dicom MPAL