Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
Com a conclusão do resgate dos corpos das 62 vítimas do acidente aéreo, em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira (9) — o que era uma prioridade da operação —, os órgãos e as autoridades se organizam para avançar à próxima fase do processo: a retirada dos destroços do avião para investigação da aeronáutica e perícia da polícia. O bimotor caiu em um terreno próxima a casas em um condomínio no bairro de Capela. Não há sobreviventes.
A análise das peças e da estrutura da aeronave, somadas à abertura das caixas-pretas, transferidas no sábado (10) para o laboratório de leitura e estudo de dados de gravadores de voo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), são primordiais para entender o que aconteceu no acidente.
Vale explicar que uma das caixas-preta grava os dados do voo e a outra as conversas. Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.
“Os trabalhos preliminares de preparação, extração e degravação de dados foram iniciados pelos investigadores e devem prosseguir, de maneira ininterrupta, pelas próximas horas”, informou a FAB (Força Aérea Brasileira).
Ainda de acordo com a instituição, a expectativa do Cenipa é divulgar, no prazo estimado de 30 dias, o relatório preliminar com as possíveis causas do acidente.
Os 62 corpos resgatados pelos Bombeiros já foram encaminhados para o IML (Instituto Médico Legal). Até o momento, os corpos do piloto Danilo Santos Romano e do copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva foram os únicos a serem reconhecidos até o momento, segundo a Defesa Civil-SP. A identificação foi feita pelas impressões digitais, ou exame datiloscópico.
A técnica faz parte do protocolo DVI (Identificação de Vítimas de Desastres, em tradução), acionado para garantir que todas as vítimas sejam identificadas de forma precisa e digna. Entre os procedimentos, também estão a análise de DNA e exames ortodônticos. Segundo a Polícia Científica do Paraná, 25 famílias fizeram coleta de material genético.
Ainda não há informações sobre quando os corpos serão liberados pelo IML.
A Prefeitura de Cascavel já anunciou que vai fazer um velório coletivo para as vítimas do acidente . O local e a data ainda não foram definidos, mas a cerimônia deve acontecer no Centro de Convenções e Eventos — no centro da cidade. Em entrevista para a repórter Dayani Santos, da RECORD, Regiane Garcia de Souza, defensora pública do estado do Paraná, afirmou que o órgão está dando suporte aos familiares e organizou um posto de atendimento no Aeroporto de Cascavel e no hotel em que os parentes das vítimas estão hospedados.
A aeronave do voo 2283 caiu no bairro de Capela, em Vinhedo, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira (9), por volta das 13h28. O avião da companhia Voepass, com capacidade para 68 passageiros, saiu do município de Cascavel, no Paraná, às 11h58, e tinha como destino o Aeroporto Internacional de Guarulhos. O voo contava com 62 pessoas a bordo. A Defesa Civil informou que a aeronave explodiu ao cair no chão.
Desde o primeiro momento, as autoridades informaram que ninguém a bordo sobreviveu. Apesar de a aeronave ter explodido na garagem de uma casa, nenhuma pessoa foi atingida em solo. Vídeos registraram o momento da queda do avião.
Ao todo, 62 pessoas morreram. Anteriormente, o R7 publicou, com base em informações repassadas pela própria Voepass, que havia 61 pessoas a bordo. A empresa atualizou os dados na manhã de sábado (10). A companhia relatou que, no avião, tinham 57 passageiros e quatro tripulantes.
O percurso foi seguido pelo avião normalmente até por volta das 13h. A aeronave decolou de Cascavel (PR) às 11h50 e deveria pousar em Guarulhos (SP) às 13h45. Segundo informações da Força Aérea Brasileira, a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, nem declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda de contato com o radar ocorreu às 13h22.
Em coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, responsáveis pela Voepass informaram que o ATR-72 passou por manutenção na noite anterior ao acidente. Segundo a empresa, tudo estava no padrão técnico observado pela companhia. Ainda conforme os representantes da Voepass, o avião estava em rota normal até a queda. Os empresários lembraram que ainda precisam ser analisadas informações para as causas serem compreendidas.
Especialistas acreditam que o mau tempo pode ter contribuído para o acúmulo de gelo nas asas. Pilotos que sobrevoaram São Paulo na sexta-feira (9) confirmaram uma condição atmosférica fora do normal. O ATR-72 é um avião de médio porte com boa reputação de segurança. Por características de projeto, voa a uma altitude inferior à operada pelos grandes jatos, justamente onde ocorre uma maior formação de gelo na atmosfera.
Segundo a Voepass, a tripulação tinha todas as certificações necessárias para o voo e era composta por pessoas experientes. A equipe era formada por: Danilo Santos Romano, comandante; Humberto de Campos Alencar e Silva, co-piloto; Débora Soper Ávila, comissária; e Rubia Silva de Lima, comissária. Entre os passageiros estavam pai e filha: Liz Ibba Santos, de três anos, e Rafael Fernando dos Santos, que viajavam para celebrar o Dia dos Pais; as médicas residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim; e o árbitro de judô Edilson Hobold, de 52 anos. A lista completa foi disponibilizada por volta das 18h de sexta-feira.
*R7