Domingo, 24 de novembro de 2024
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O número de médicos em atuação nos DSEIs (Distritos Sanitários Indígenas) registrou um aumento de 30% em comparação com 2019. Só do ano passado para cá, o crescimento foi de 42%, passando de 451 para 644, o maior aumento em cinco anos. Os dados exclusivos foram levantados pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação. O aumento ocorre em meio à crise na saúde yanomami. O Ministério da Saúde afirmou que garantiu a contratação de 129 profissionais para o território Yanomami e que medida pretende atender também os outros territórios indígenas do país para eliminar vazios assistenciais após “forte desestruturação nos últimos anos”.
Levantamento também mostra que além de médicos, outras cinco categorias profissionais: enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de endemia, agentes indígenas de saneamento e agentes indígenas de saúde também tiveram aumento de pessoal desde 2019, chegando a 10% a mais. O número vem aumentando nos 34 DSEIs espalhados pelo território brasileiro nos últimos cinco anos.
Atualmente, um edital do Programa Mais Médicos está vigente e prevê a contratação de 196 profissionais especificamente para a saúde indígena. A medida é importante porque a população indígena também registra crescimento, de 780 mil indígenas no Brasil em 2020, para 806 mil este ano.
O Ministério da Saúde informou que também tem investido na capacitação desses profissionais. “Além das contratações, o Ministério da Saúde investe na capacitação dos profissionais, melhoria da infraestrutura das unidades de saúde e articulação com as demais instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir o acesso dos povos indígenas aos atendimentos de média e alta complexidade”, informa.
Luce Costa/Arte R7
Desafios
Apesar dos avanços, a pasta reconhece o desafio de se alocar os profissionais nos distritos sanitários indígenas. Em 2022, por exemplo, o quantitativo atingiu o menor número dos últimos cinco anos, com 432 profissionais. O número teve um tímido aumento em 2023, quando fechou o ano com 451 profissionais. Este ano, contudo, a pasta conseguiu superar o número de médicos da série histórica.
“Existem fatores que interferem na permanência dos profissionais nos territórios indígenas, como contextos interculturais, dificuldades de acesso, escalas de serviço para a continuidade em área, entre outros”, explica o Ministério.
Em relação as outras categorias profissionais, se destacam o aumento de 32,59% nos agentes de combate a endemia, de 18,43% nos agentes indígenas de saneamento, de 16,34% dos enfermeiros e de 11,82% dos técnicos de enfermagem.
Ao todo, segundo o painel da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde, o Brasil conta com uma população de 806.932 indígenas, divididos em 6,9 mil aldeias e 559 terras indígenas. A maior concentração de indígenas está no DSEI do Mato Grosso do Sul, com uma população de 83,2 mil. Outros polos com grande concentração são os DSEIs do Alto Rio Solimões (72.514 indígenas), Leste de Roraima (61.179 indígenas) e Maranhão (43.754 indígenas).
Crise yanomami
A crise na saúde no Território Yanomami tem se agravado desde a pandemia de covid-19. No período, a taxa de mortes evitáveis em crianças de até cinco anos chegou a 2.275 mortes a cada 100 mil habitantes. Em janeiro do ano passado, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no território. Segundo a pasta, mais de mil indígenas com graves problemas de saúde e situação de extrema vulnerabilidade foram resgatados.
Mesmo assim, segundo os últimos dados disponíveis, 363 indígenas morreram no território no ano passado. O número representa um aumento de 6% em relação a 2022, quando foram registradas 343 mortes na terra indígena.
*R7