Sábado, 23 de novembro de 2024
Sábado, 23 de novembro de 2024
A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, disse que o governo estuda implementar ações voltadas às mulheres para a concessão de bolsas de pós-graduação. Segundo ela, o objetivo é aumentar a presença feminina em carreiras científicas.
“Vamos fazer o edital de R$ 100 milhões direcionado às mulheres para os próximos 4 anos no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [CNPq]”, declarou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 4ª feira (26.jul.2023).
Luciana Santos afirmou que o ministério está estudando “algumas outras medidas no CNPq, como alterações nos cálculos de pontuação”, para concessão de bolsas. “Isso considerando as condicionantes objetivas das mulheres, principalmente a condição de ser mãe. É garantir condição de seguir uma carreira sem perder pontos por você ser mulher”, falou.
A ministra falou que o Brasil tem dificuldade de transferir o conhecimento científico que produz em produtos e serviços.
“Somos o 13º país do mundo em ranking de papers, o que significa que temos uma produção científica reconhecida internacionalmente, com soluções adequadas. Mas não conseguimos realizar isso em produtos e serviços: somos o 57º em inovação”, disse.
Segundo ela, há resistência da academia em estabelecer uma relação mais próxima com o setor privado. “É uma questão cultural, mas já houve mudanças significativas”, afirmou. “As leis eram muito rígidas, mas o novo Marco Legal de Ciência e Tecnologia facilita essa intercessão, e ele precisa sair um pouco mais do papel. Ainda estamos muito distantes das necessidades”, declarou.
Ela citou como exemplo o fato de a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) estar “desenvolvendo vacinas genuinamente brasileiras”.
Luciana disse que o governo busca autonomia para depender menos de insumos, equipamentos e medicamentos importados.
“O Brasil produziu a CoronaVac em parceria com os chineses e a AstraZeneca [outro imunizante contra a covid-19] em parceria com a Universidade de Oxford. No entanto, o mundo todo dependeu dos IFAs [ingrediente farmacêutico ativo]”, falou.
“Nós já produzimos IFAs no passado e queremos retomar, pois temos matéria-prima para isso. Para sermos, inclusive, exportadores. Na agenda da reindustrialização, vamos entrar com R$ 41 bilhões [em investimentos] nos próximos quatro anos para financiar todas as novas bases tecnológicas”, afirmou a ministra.