No teto, as marcas da última chuva forte. Na casa da dona de casa Carmem Célia Macedo, os estragos vão além dos bens materiais.
“O nosso teto também desabou e meu filho ficou, de lá pra cá, traumatizado. Ele não pode mais ver chuva”, diz Carmem .
Desde que o residencial foi inaugurado, há 10 anos, os moradores convivem com problemas graves de estrutura, principalmente no último andar. Os prédios não têm laje, o telhado é de amianto, que é proibido no Brasil desde 2017 por conter substância cancerígena.
“Foi uma decepção grande, porque eu fiquei pensando, poxa, lá não é só o teto da vizinha, é o meu teto também”, diz Francisca Lúcia, auxiliar administrativo.
O condomínio Bem Viver foi o primeiro empreendimento de apartamentos do Minha Casa Minha Vida em Teresina. Segundo o síndico, foi entregue com uma série de falhas. O espaço de lazer tem rachaduras e corre o risco de afundar. E as caixas de energia ficam submersas quando chove.
“Entra água pela tubulação e superaquece os cabos e com o tempo ele vai se rompendo. Já tivemos bloco aqui, de passar três duas sem energia, sem saber qual era o problema”, afirma o síndico Paulo Jean da Costa.
Em outro residencial afastado do centro urbano, não há rede de esgoto e a iluminação e coleta de lixo são irregulares. E também há problemas estruturais.
“Os principais problemas são rachaduras, com a encanação também, problemas com a estrutura elétrica”, diz Martinho Viana, esteticista.
O Ministério Público Federal, no Piauí, possui 12 investigações a partir de representações de cidadãos que relatam problemas estruturais em unidades do Minha Casa Minha Vida.
Em fevereiro, deste ano, o governo federal anunciou o retorno do programa Minha Casa, Minha Vida. O Ministério das Cidades disse que o programa terá uma série de regras novas, como a escolha criteriosa do terreno onde o imóvel será construído.
Na semana passada, o ministro das Cidades, Jader Filho, participou de uma audiência pública no Senado onde foram debatidas ações de infraestrutura.
“Não pode mais ter aquela questão da pessoa ter que se deslocar, andar, quilômetros e quilômetros, para poder chegar ao transporte público, isso não pode. Isso não pode, isso não é possível. A mesma coisa a proximidade do posto de saúde, proximidade da creche, a proximidade da escola, enfim, tudo isso vai estar lá”, afirma o ministro das Cidades, Jader Filho.Órgãos responsáveis por enfrentar e fiscalizar os profissionais que atuam nessa área aprovaram as mudanças propostas.
“Há pedido que a portaria estar agora contemplando essas preocupações. Nós temos que ver os terrenos adequados para a construção. Isso é fundamental. Então, tem a questão social, que são os equipamentos públicos, mas tem também a questão de topografia do terreno, drenagem do terreno, a consistência do local "diz Ulisses Filho, presidente do Crea-PI.O Ministério das Cidades declarou que, em casos de falha na construção ou necessidades de reparo, o construtor responsável pelo empreendimento é acionado pelo Agente Financeiro.
A Caixa Econômica Federal informou que tem prevista uma audiência de conciliação para tratar do condomínio Viver Bem.
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