Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Uma sequência de frentes frias que devem avançar pelo Sul do Brasil nos próximos dias surge como esperança para quebrar o bloqueio atmosférico que atua no país desde o dia 22 de abril.
Esse sistema é o responsável pela onda de calor que vem mantendo as temperaturas elevadas no Sudeste e no Centro-Oeste e um dos fatores que contribui para as chuvas constantes no Rio Grande do Sul. (veja mais detalhes abaixo)
Nesta quinta-feira (9), o ar frio polar que veio com a frente fria vai baixar as temperaturas no Rio Grande do Sul. Segundo a Climatempo, áreas do sul gaúcho podem registrar mínimas abaixo dos 10°C.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de "perigo potencial" por conta do declínio da temperatura esperado para boa parte do estado. Nas regiões sob o aviso meteorológico, os termômetros podem registrar queda de até 5ºC.
Boa parte do estado deve enfrentar queda nas temperaturas nesta quinta-feira (9). — Foto: Inmet
Com o avanço da frente fria, a chuva deve se concentrar na faixa norte do estado nesta quinta, na divisão com Santa Catarina. A previsão é de tempo frio e seco no sul do Rio Grande do Sul.
?️ O avanço desta nova frente fria é consequência de um ciclone extratropical formado próximo à costa da Argentina.
Apesar dos volumes menores esperados para esta quinta, a situação tende a mudar nos próximos dias, com previsão de chuva fortes a partir de sexta-feira (10). Segundo o Inmet, no fim de semana, os volumes podem passar de 100 milímetros, atingindo principalmente o centro-norte e o leste gaúcho.
Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, destaca que, como aconteceu nos últimos dias, as bacias que desaguam no Guaíba devem seguir sendo as mais afetadas pelas chuvas nos próximos dias.
"Desta quinta até segunda, essas regiões devem ser as que vão receber o maior volume de chuva. Deve seguir chovendo bastante no Vale do Taquari, por exemplo", projeta.
? Com o solo já encharcado e o alto nível das bacias na região, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) e a Defesa Civil mantêm os alertas de riscos para enchentes no estado.
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Além do grande volume de chuva ainda esperado, a mudança de direção dos ventos é outro fator que pode contribuir para as inundações.
O vento ajuda a escoar a água que está acumulada. Até quarta, o vento estava a favor do sentido dos rios, o que ajuda a acelerar o processo. Mas, a partir desta quinta, ele passa a soprar na direção contrária ao escoamento.
Fábio destaca que essa alteração dos ventos deve refletir principalmente no sul do estado, na altura de Rio Grande.
"Essa região é fundamental para o escoamento da Lagoa dos Patos, interligada com o Guaíba. A preocupação é que, com os ventos se direcionando contra o sentido do escoamento, se agrave o alagamento da região", analisa o meteorologista.
O Rio Grande do Sul já contabiliza mais de 100 mortos e 130 desaparecidos por conta das chuvas. Há 230,4 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 67,4 mil em abrigos e 163,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
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Com o nível dos rios e de todas as bacias da região já muito elevado, a tendência é que a situação piore nos próximos dias.
De acordo com o MetSul, a quantidade de água que está percorrendo os 300 quilômetros de distância entre o Guaíba e a parte sul da Lagoa dos Patos ainda é muito grande, com os rios registrando vazão recorde.
Cidades como Pelotas e Rio Grande podem registrar cheias históricas. Rodovias da região devem ser afetadas, com bloqueios totais ou parciais.
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O bloqueio atmosférico é essencial para manter as chuvas no Rio Grande do Sul. Localizado na região do Centro-Sul do país, ele impede que as frentes frias avancem, concentrando as instabilidades no extremo Sul.
De acordo com a Climatempo, alguns fatores contribuem para que o bloqueio se estenda por semanas e a chuvas localizadas continuem:
Para quebrar essa combinação de eventos, especialmente o bloqueio, Fábio Luengo explica que é necessário a atuação frentes frias mais intensas e em sequência.
Além da frente fria que já está atuando no Rio Grande do Sul, outra massa de ar frio deve avançar ao longo dos próximos dias, contribuindo para o fim do bloqueio.
"O bloqueio deve enfraquecer por volta do dia 15, por conta de frentes frias mais fortes do que essa que estamos observando neste semana", comenta.
*G1