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Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Brasil

Polícia Federal diz que só há uma delação homologada no caso Marielle

Polícia Federal diz que só há uma delação homologada no caso Marielle

(Imagem: Sérgio Lima/Poder 360)

PF (Polícia Federal) divulgou na noite desta 3ª feira (23.jan.2024) uma nota em que nega que haja mais de uma delação oficial no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Segundo a corporação, “até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”.

A Polícia Federal disse que as investigações continuam sob sigilo e que “a divulgação e repercussão de informações que não condizem com a realidade comprometem o trabalho investigativo e expõem cidadãos”. Eis a íntegra da nota (PDF – 574 kB).

A delação citada na nota é a do ex-policial militar Élcio de Queiroz, que confessou ter dirigido o carro usado no crime. Os detalhes do depoimento se tornaram públicos em julho de 2023.

Apesar da declaração da PF, uma reportagem publicada pelo jornal O Globo afirma que Ronnie Lessa, ex-policial acusado de matar Marielle, teria fechado um acordo de delação com a corporação. Nesta 3ª feira, o síte de notícias The Intercept noticiou que Lessa teria apontado como um dos mandantes o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro) Domingos Brazão, que já era um dos suspeitos do caso.

Em 2019, a PGR (Procuradoria-Geral da República) afirmou que Brazão “arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco” e teria tentado obstruir as investigações.

Intercept diz ainda que a “principal hipótese” para que Brazão tivesse ordenado o assassinato de Marielle seria uma suposta vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol (Partido Socialismo e Liberdade) e, hoje, presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

Marielle trabalhou por 10 anos com Freixo até ser eleita vereadora. Marcelo Freixo, por sua vez, foi o autor do requerimento da CPI das Milícias, da qual foi presidente na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em 2008.

BRAZÃO NA CPI DAS MILÍCIAS

A CPI das Milícias na Alerj visava a investigar a atuação de grupos criminosos em diversos locais do Rio de Janeiro. O envolvimento de policiais, bombeiros e até de políticos com o domínio armado de territórios foi a tese central das investigações.

Em 9 de setembro de 2008, o então vereador Josinaldo Francisco da Cruz (1966-2009), conhecido como “Nadinho de Rio das Pedras”, à época no DEM, foi ouvido pela CPI. Posteriormente indiciado pela Comissão e assassinado em 2009, Nadinho disse que alguns políticos do Rio eram autorizados por milicianos a fazer campanha em territórios dominados.

Um desses políticos, segundo ele, seria o então deputado estadual Domingos Brazão, que havia feito campanha em Rio das Pedras. A menção aparece no relatório final da CPI das Milícias, que pediu o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis. Brazão não estava na lista dos possíveis indiciados. Eis a íntegra (PDF – 2 MB).

Trecho do relatório final da CPI das Milícias, da Alerj

DESFECHO PRÓXIMO

A PF diz não haver uma data prevista para o fim das investigações, mas o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, já afirmou que pretende dar um desfecho ao caso ainda neste trimestre.

“Ao longo desse período [11 meses de investigação], a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas”, diz a nota.

Em entrevista ao Metrópoles, publicada nesta 3ª feira (23.jan), Brazão nega as acusações. “Não mandei matar Marielle”, declarou. Para o político, “ninguém lucrou mais com o assassinato da vereadora do que o próprio Psol”. Ele também nega conhecer Ronnie Lessa.

Poder360 tentou entrar em contato com Brazão, mas não obteve resposta. O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, também foi procurado, mas não retornou o contato. O espaço segue aberto para manifestações.

*Poder360