Sábado, 23 de novembro de 2024
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O ex-PM Élcio Queiroz disse em sua delação premiada que Ronnie Lessa usou uma submetralhadora do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para matar Marielle Franco. O crime aconteceu em 2018. Além dela, o motorista Anderson Gomes também morreu.
"A arma utilizada foi uma MP5K. Segundo o Ronnie Lessa, essa arma foi do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Quando o paiol do Bope pegou fogo essa arma sumiu", disse Élcio.
A arma, segundo ele, foi reformada.
"Como o Ronnie já havia trabalhado no Bope com essa MP5K e gostava muito dela, procurou saber quem havia ficado com a arma e comprou a arma dessa pessoa, reformou-a e tinha um cuidado muito grande por essa arma. Não sei informar quem estava com essa arma, mas imagino que possa ser alguém que estava na ativa na época do incêndio no paiol", detalhou.
O ex-PM disse ainda que, após o crime, perguntava a Lessa sobre o "fim que ele havia dado a arma". Segundo Élcio, Lessa falava que não iria vendê-la com medo que fosse encontrada.
Réu pelos assassinatos, Élcio foi convencido a fazer a delação após desconfiar de Lessa, também réu pelo crime. Os dois estão presos em Rondônia.
Apontado como o autor dos disparos, Lessa teria dito que não fez nenhuma pesquisa sobre Marielle. Élcio desconfiou que o amigo mentiu e por isso fez a delação, de acordo com a Polícia Federal.
"O convencimento do Élcio (para delatar), foi porque o Ronnie garantiu que não tinha feito pesquisa em Marielle e isso gerou uma desconfiança por parte de Élcio", disse o delegado Jaime Cândido, da Polícia Federal, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (24).
Na delação, Élcio confessou participação no crime, disse que Ronnie Lessa matou Marielle e deu outros detalhes do atentado.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz deixam a Delegacia de Homicídios, na Barra — Foto: Reprodução/TV Globo
No documento, a que o g1 e a GloboNews tiveram acesso, Élcio é questionado várias vezes se sabia de alguma pesquisa prévia a respeito da vítima, Marielle. Ele responde que não tinha certeza.
No depoimento, ele revela que os dois ficaram aguardando a vítima na saída da Casa das Pretas, e que Ronnie Lessa apontou quem era Marielle.
A pesquisa para chegar até o local, de acordo com Élcio, foi feita no Instagram da própria vereadora, que divulgou o evento naquele dia, 14 de março de 2018.
"No momento que ela saiu, ele falou: 'É ela'. Aí ela deu a volta, só que ela fala com uma pessoa. Eu achei que essa senhora estava se despedindo dela. Mas não, só que essa pessoa entrou no carro", relatou Élcio.
No carro estavam a vereadora, o motorista Anderson e a assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu.
Élcio disse que Lessa sabia exatamente quem era Marielle, mas não sabia qual era o veículo ou se ela andava com algum motorista.
"Não, do veículo não sabia, ele não falou nada não; ele desconfiou porque o cara estava em pé ali na porta com o celular, ele achou que era aquele veículo ali", contou.
*G1