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Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Brasil

Uma em cada 3 cidades brasileiras tem mais motos do que carros

Uma em cada 3 cidades brasileiras tem mais motos do que carros

(Imagem: Marcello Camargo/Agência Brasil)

Uma em cada três cidades brasileiras tem mais motos registradas do que qualquer outro tipo de veículo motorizado. Veja, no mapa acima, qual é o cenário no seu município.

Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) de setembro de 2023:

  • Em 1.903 cidades, a moto é o veículo mais registrado.
  • Em 3.665, o carro fica no topo da lista.
  • Em apenas uma, Carmésia (MG), o ônibus lidera. A distorção é decorrente da existência de uma empresa de viagem de ônibus no local, o que aumenta o número de registros de emplacamento desse tipo de veículo por lá.
 

Além de carros e motos, os dados da Senatran consideram também caminhonetes, caminhões e outros tipos de veículos.

As motos são ainda mais populares no Norte do país. Na região, 8 em cada 10 cidades têm mais motos registradas do que carros ou qualquer outro veículo. No Nordeste, 7 em cada 10 motos.

Veja, abaixo, mais detalhes sobre o crescimento da frota de motos e as razões para isso.

Veja a evolução da frota de veículos no Brasil — Foto: Arte g1

Veja a evolução da frota de veículos no Brasil — Foto: Arte g1

Explosão de motos desde 2003

 

O número de motos registradas no Brasil cresceu mais de 5 vezes nos últimos 20 anos: de 5,7 milhões de veículos em 2003, saltou para 21,9 milhões em 2013 e para 32,3 milhões em 2023 (até setembro).

A quantidade de carros também subiu, mas em um ritmo menor. De 26,6 milhões para 76,3 milhões – quase triplicou, portanto

Essa diferença fez com que as motos passassem de 16% da frota de veículos automotores (em 2003) para quase 28% (em 2023).

Em números absolutos, porém, o Brasil continua a ter mais carros do que motos: 64% da frota brasileira ainda é de quatro rodas.

Com a orientação de especialistas, o g1 considerou como "carros" os veículos que estavam registrados no banco de dados como "Automóvel", "Caminhonete", "Caminhoneta" e "Utilitário".

Os registros "Motocicleta", "Motoneta", "Ciclomotor" e "Triciclo" foram considerados como "motos".

Por que o carro colorido sumiu? 67% dos veículos no Brasil são brancos, pretos ou cinzas

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Saiba mais

Por que o número de motos cresceu tanto

 

Cidades com maior proporção de motos

Município Total de motos Proporção de motos em relação à frota
ANAJAS-PA 482 94,88%
NHAMUNDA-AM 769 94,70%
SAO PAULO DE OLIVENCA-AM 1.465 94,27%
TONANTINS-AM 551 94,03%
MARAA-AM 686 93,97%
FONTE BOA-AM 1.870 93,78%
BARREIRINHA-AM 847 93,28%
UARINI-AM 683 93,05%
SAO SEBASTIAO DA BOA VISTA-PA 641 93,03%
JUTAI-AM 981 92,63%
SANTO ANTONIO DO ICA-AM 1.016 92,62%

Para especialistas ouvidos pelo g1, três fatores estão por trás do aumento da proporção de motos na frota brasileira

  • COMPRAR MOTO SAI MAIS BARATO - o pesquisador do Instituto de Pesquisa Avançada (Ipea) Rafael Pereira afirma que aumento da renda nas últimas décadas criou o contexto ideal para a compra de motos. "A população de classe baixa quer sair do transporte público e tem duas opções: ou compra carro ou compra moto. Como a moto é mais barata, acaba sendo mais atraente para uma parcela dessa população", disse.
  • CARRO POPULAR SUMIU - analista do setor e ex-diretor de montadoras como Ford e Volkswagen, Flavio Padovan ressalta que o preço dos carros subiu e o carro popular "sumiu" do mercado. "Nós já chegamos a ter 3,5 milhões de veículos vendidos [carros comerciais leves] por ano, e hoje estamos rodando em 2 milhões. Ou seja, 1,5 milhão de consumidores sumiram", afirmou ele. De acordo com a Bright Consulting, de 2016 até agora o preço médio dos veículos vendidos no brasil subiu de R$ 19 mil em 2016 para R$ 138,6 mil em 2023.
  • PLATAFORMAS DIGITAIS - aplicativos de entrega também são citados como um dos responsáveis pelo atual cenário. "Principalmente durante e após a pandemia [de Covid-19], notamos um aumento significativo do licenciamento de motos, principalmente devido aos serviços de logística de last mile [etapa final, em que produto é entregue ao cliente] e entregas de comida e pequenos objetos", avalia Paulo Miguel Júnior, conselheiro gestor da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA).

*G1