Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Um balanço do governo estadual aponta que as vendas da indústria gaúcha no momento mais crítico para o setor na enchente tiveram uma queda de 87% em comparação com o mesmo período do mês anterior. O boletim da Secretaria da Fazenda (Sefaz) leva em consideração o período entre 10 e 17 de maio, quando mais de 400 mil pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas.
Em comparação com maio de 2023, o acumulado de vendas no mês apresentou um recuo de 27%. Já na relação trimestral (março, abril e maio), a queda foi de 11,3% comparada com os meses anteriores.
Dentro das indústrias, os segmentos mais afetados foram o coureiro-calçadista e o metalomecânico, com recuos de 42,5% e 39,6%, respectivamente.
Segundo o governo, o impacto está associado, principalmente, aos danos ao patrimônio das companhias, à queda da demanda e a questões logísticas, como o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, que deve retomar parcialmente as operações em outubro.
Um levantamento da Receita Estadual revela que das 47,5 mil empresas do ramo industrial, 93% estão em municípios atingidos pelas enchentes.
As informações da Sefaz foram calculadas a partir das notas fiscais eletrônicas e dos guias de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O balanço da Sefaz levou em consideração o desempenho do varejo, atacado e da indústria, que, entre os três setores, foi o mais afetado nas vendas.
Centenas de botijões de gás de diversos tamanhos flutuaram nas águas da enchente no Rio Grande do Sul — Foto: Miguel Noronha/Estadão Conteúdo
O setor atacadista apresentou uma queda nas vendas de 79% em maio na comparação com o mês anterior. As perdas estão associadas às interdições das rodovias e à perda de produtos estocados por força da água. A redução na comercialização chegou a 50% nos segmentos de pneumáticos e borrachas, assim como no de resíduos e sucatas.
O setor varejista teve um recuo menor comparado com o atacado e a indústria, chegando a 16% em maio quando comparado com o mesmo mês do ano passado. A queda menos intensa, segundo a Receita Estadual, pode ser atribuída à alta procura por alimentos e itens limpeza para consumo próprio e para distribuição a desabrigados.
Uma pesquisa do Cartórios de Protesto RS aponta que 7 em cada 10 moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre tiveram a capacidade de comprar produtos essenciais afetada. O estudo foi realizado entre 25 de junho e 3 de julho, presencialmente, nos municípios de Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba e São Leopoldo. Ao todo, 500 pessoas foram entrevistadas.
Mais da metade dos entrevistados revelaram ter perdido bens materiais. Além disso, seis em cada dez tiveram a renda impactada pelas enchentes.
Metade dos entrevistados deixou de pagar contas devido às enchentes. A fatura do cartão de crédito foi o meio que mais sofreu inadimplência, chegando a 26%. Em seguida, aparecem as contas de água e luz, com 14%. Dos entrevistados, 12% afirmam que não pagaram serviços de telefone, TV por assinatura ou streaming.
Os temporais e as cheias que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram 182 vítimas, segundo o mais recente boletim da Defesa Civil, divulgado em 10 de julho. 29 pessoas seguem desaparecidas e 806 ficaram feridas.
Dos 497 municípios do estado, 478 registraram transtornos relacionados aos temporais, afetando quase 2,4 milhões de pessoas.
As ruas, avenidas, estradas e rodovias atingidas pela inundação somam uma distância suficiente para atravessar Brasil de norte a sul ou de leste a oeste, segundo o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP).
Imagem de satélite feita nesta segunda-feira (6) mostra região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tomada pela enchente — Foto: European Union/Copernicus Sentinel-2 via Reuters
*G1