Domingo, 24 de novembro de 2024
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O Brasil tinha mais de 15 milhões de endividados de risco no país até o ano passado, segundo os dados mais atualizados do Banco Central do Brasil (BC), de março de 2023. O número responde a cerca de 14% da população tomadora de crédito do Sistema Financeiro Nacional.
O endividamento de risco é uma métrica desenvolvida pelo BC que determina se uma pessoa pode estar no caminho do superendividamento — quando o consumidor não consegue honrar com as dívidas que contraiu sem comprometer o mínimo para a sua sobrevivência.
Segundo o chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do BC, Luis Gustavo Mansur Siqueira, o alto número de pessoas classificadas como endividadas de risco vem na esteira da maior inclusão vista no país nos últimos anos.
“Essa inclusão financeira também trouxe desafios, a maior parte deles relacionado ao crédito”, disse Siqueira no Summit de Impacto Financeiro, evento promovido pelo Nubank, nesta terça-feira (22).
“Ao mesmo tempo em que vemos o sucesso das políticas de inclusão financeira, observamos também uma baixa resiliência financeira pelos brasileiros, um aumento da inadimplência e do superendividamento, muitos brasileiros reportando preocupações financeiras e a prevalência de produtos de crédito de alto custo, em especial para a baixa renda”, acrescentou o banqueiro.
São quatro critérios avaliados pelo BC para determinar se um consumidor é um endividado de risco estão:
“Se o cliente marca dois desses quatro indicadores, o assinalamos como um endividado de risco”, explicou Siqueira.
O banqueiro ainda citou dados do último relatório Global Findex sobre resiliência financeira, que indicou que quase 70% dos brasileiros não conseguiriam pagar uma despesa inesperada que correspondesse à sua renda mensal sem pedir um empréstimo ou ajuda a familiares e amigos.
“Vemos, no Brasil, que 46% das pessoas têm preocupações financeiras. Os dados mostram que o brasileiro está preocupado com sua saúde financeira e vemos que isso também tem relação com a renda. Quanto menor a renda, maior a preocupação”, completou Siqueira.
Siqueira também afirmou que o Banco Central tem usado mais ferramentas de inteligência artificial (IA) para mensurar os níveis de risco das operações de crédito no país.
“Temos um trabalho inicial, que ainda não foi publicado e está em avaliação, que indica que o limite de crédito é uma questão importante no endividamento. Quando a gente vê que o cidadão usa mais de 85% do seu limite de crédito, a gente vê que ele tem mais propensão a se endividar”, afirmou.
Ainda de acordo com o banqueiro, a ideia é que o BC aprimore suas ferramentas de IA.
“O modelo ideal que temos veria a base de crédito e diria quais cidadãos estão na trajetória para se tornar superendividado ou um endividado de risco”, disse.
“O melhor resultado disso é que podemos usar IA para prever o endividamento das pessoas e, assim, podermos atuar de maneira preventiva para que a pessoa saia desse risco”, acrescentou.
*G1