Domingo, 22 de setembro de 2024
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O Brasil registrou uma alta expressiva (57,4%) no número de idosos entre 2010 e 2022, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (27). No mesmo período, o país teve uma redução na população de crianças e adolescentes.
Segundo o IBGE, os resultados obtidos reforçam a mudança gradual no formato da pirâmide etária, cuja base, que tende a ficar cada vez mais estreita, representa as crianças, enquanto o topo, que representa os idosos, deve continuar se alargando.
Divisão da população brasileira por faixa etária, de acordo com os censos do IBGE — Foto: g1
Em 1940, os índices de mortalidade no Brasil começaram a cair. O mesmo ocorreu com os de natalidade, cerca de 20 anos depois.
De acordo com o gerente de estimativas e projeções do IBGE, Marcio Mitsuo Minamiguchi, o crescimento da população de idosos ainda é reflexo das altas taxas de natalidade da primeira metade do século 20 e de fatores relacionados à maior longevidade dessa população com mais de 65 anos.
Distribuição da população residente no Brasil por sexo e idade, de acordo com os censos do IBGE — Foto: Divulgação/IBGE
"A projeção da inversão da pirâmide etária, com redução da base e alargamento do topo, está se concretizando -- e é uma tendência que poderá ser observada, ainda, nas próximas edições do Censo", pontuou Minamiguchi.
"A sociedade sempre é composta por diferentes seguimentos da população e as demandas são pautadas pela idade que nós temos, uma criança pequena demanda creche, depois escola, ensino superior, emprego, construção de residências... O peso de cada seguimento vai mudando com o tempo e é isso que vai nortear muito as preocupações que o poder público deve ter", destacou o especialista.
De acordo com o IBGE, do ponto de vista regional, o processo de envelhecimento populacional não se deu de forma homogênea, com o início da queda da fecundidade ocorrendo em momentos distintos. Isso pode ser observado, por exemplo, na região Norte do país, que tem a menor taxa de população com 65 anos ou mais (7%).
"Em 1980, a taxa de fecundidade total da Região Norte ainda se encontrava em patamares elevados, acima de seis filhos por mulher (enquanto a média do Brasil se mostrava em torno de quatro filhos por mulher). Embora a fecundidade nessa região também tenha se reduzido ao longo do tempo, o estreitamento da base da pirâmide será visto somente a partir de 1991", informou o IBGE.
As regiões Sudeste e Sul, por outro lado, são as mais envelhecidas do país. "Ambas já apresentam perda do formato piramidal em suas populações, proporcionada pelas sucessivas quedas da fecundidade a partir da década de 1960", diz o IBGE.
"No passado, São Paulo teve um grande crescimento associado aos movimentos migratórios. Então, esses jovens que vieram compõem gerações mais numerosas que estão envelhecendo e engrossando o topo da pirâmide", disse Minamiguchi.
*G1