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Domingo, 22 de setembro de 2024

Economia

Censo IBGE 2022: Número de idosos dispara no Brasil nos últimos 12 anos

Censo IBGE 2022: Número de idosos dispara no Brasil nos últimos 12 anos

(Imagem: Luiz Franco/g1)

O Brasil registrou uma alta expressiva (57,4%) no número de idosos entre 2010 e 2022, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (27). No mesmo período, o país teve uma redução na população de crianças e adolescentes.

Segundo o IBGE, os resultados obtidos reforçam a mudança gradual no formato da pirâmide etária, cuja base, que tende a ficar cada vez mais estreita, representa as crianças, enquanto o topo, que representa os idosos, deve continuar se alargando.

  • Em 2022, a população acima de 65 anos no Brasil atingiu o patamar de 10,9% da população total do país, o maior índice desde o primeiro Censo Demográfico do país, em 1982
  • O crescimento dessa faixa etária em relação ao Censo anterior, realizado em 2010, foi de 57,4%
  • Já o número de crianças e adolescentes de até 14 anos diminuiu 12,6% ao longo dos anos
  • Em 2022, esse grupo representava 19,8% da população brasileira, a menor taxa já registrada pelo Censo. Na edição anterior, em 2010, ele representava 24,1% da população do país
Divisão da população brasileira por faixa etária, de acordo com os censos do IBGE — Foto: g1

Divisão da população brasileira por faixa etária, de acordo com os censos do IBGE — Foto: g1

Transição demográfica

Em 1940, os índices de mortalidade no Brasil começaram a cair. O mesmo ocorreu com os de natalidade, cerca de 20 anos depois.

Esse processo de transição demográfica, ou seja, mudanças nos fatores de composição da população, foram consequência de melhorias nas condições sanitárias, avanços na área da saúde, maior inserção das mulheres no mercado de trabalho e avanço no planejamento reprodutivo, com uso de métodos contraceptivos, explica o IBGE.

De acordo com o gerente de estimativas e projeções do IBGE, Marcio Mitsuo Minamiguchi, o crescimento da população de idosos ainda é reflexo das altas taxas de natalidade da primeira metade do século 20 e de fatores relacionados à maior longevidade dessa população com mais de 65 anos.

Distribuição da população residente no Brasil por sexo e idade, de acordo com os censos do IBGE — Foto: Divulgação/IBGE

Distribuição da população residente no Brasil por sexo e idade, de acordo com os censos do IBGE — Foto: Divulgação/IBGE

Inversão da pirâmide etária

"A projeção da inversão da pirâmide etária, com redução da base e alargamento do topo, está se concretizando -- e é uma tendência que poderá ser observada, ainda, nas próximas edições do Censo", pontuou Minamiguchi.

"A sociedade sempre é composta por diferentes seguimentos da população e as demandas são pautadas pela idade que nós temos, uma criança pequena demanda creche, depois escola, ensino superior, emprego, construção de residências... O peso de cada seguimento vai mudando com o tempo e é isso que vai nortear muito as preocupações que o poder público deve ter", destacou o especialista.

Segundo o pesquisador, a inversão da pirâmide etária pode, por exemplo, impactar no sistema previdenciário, se levado em conta o modelo atual, no qual a população economicamente ativa alimenta a previdência.

Ponto de vista regional

De acordo com o IBGE, do ponto de vista regional, o processo de envelhecimento populacional não se deu de forma homogênea, com o início da queda da fecundidade ocorrendo em momentos distintos. Isso pode ser observado, por exemplo, na região Norte do país, que tem a menor taxa de população com 65 anos ou mais (7%).

"Em 1980, a taxa de fecundidade total da Região Norte ainda se encontrava em patamares elevados, acima de seis filhos por mulher (enquanto a média do Brasil se mostrava em torno de quatro filhos por mulher). Embora a fecundidade nessa região também tenha se reduzido ao longo do tempo, o estreitamento da base da pirâmide será visto somente a partir de 1991", informou o IBGE.

As regiões Sudeste e Sul, por outro lado, são as mais envelhecidas do país. "Ambas já apresentam perda do formato piramidal em suas populações, proporcionada pelas sucessivas quedas da fecundidade a partir da década de 1960", diz o IBGE.

  • Em 1980, a população de crianças de 0 a 14 anos era de 34,2% no Sudeste e 36,3% no Sul
  • E atingiu 18,0% e 18,5% para cada região, respectivamente, no Censo 2022
  • Isso mostra, na prática, a inversão da pirâmide

"No passado, São Paulo teve um grande crescimento associado aos movimentos migratórios. Então, esses jovens que vieram compõem gerações mais numerosas que estão envelhecendo e engrossando o topo da pirâmide", disse Minamiguchi.

*G1