Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
As contas do setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 50,2 bilhões em maio, informou o Banco Central nesta sexta-feira (30).
Esse foi o pior resultado para esse mês desde 2020, em meio à pandemia da Covid-19, quando o rombo nas contas públicas somou R$ 131,4 bilhões.
No mesmo mês do ano passado, foi registrado um saldo negativo de R$ 33 bilhões.
O déficit primário acontece quando as despesas com impostos ficam acima das receitas, desconsiderando os juros da dívida pública. Quando acontece o contrário, há déficit.
O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.
Ao mesmo tempo, a dívida bruta do setor público consolidado, indicador acompanhado com atenção pelos investidores por indicar a capacidade de pagamento dos países, subiu 0,7 ponto percentual no mês passado, para 73,6% do PIB (veja mais abaixo nessa reportagem).
O saldo negativo das contas públicas no último mês aconteceu por conta do desempenho das contas do governo federal, dos estados, municípios e estatais. Veja abaixo:
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo informações do Banco Central, foi registrado um superávit primário de R$ 28,53 bilhões (0,66% do PIB).
Apesar do saldo positivo, houve queda na comparação com o mesmo período de 2022 - quando o superávit somou R$ 115,5 bilhões, o equivalente a 2,92% do PIB.
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta – no conceito conhecido no mercado como resultado nominal, utilizado para comparação internacional – houve déficit de R$ 119,2 bilhões nas contas do setor público em maio.
Em 12 meses, até maio deste ano, o resultado ficou negativo (déficit nominal) em R$ 656,5 bilhões, o equivalente a 6,39% do PIB.
Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classificação de risco para a definição da nota de crédito dos países, indicador levado em consideração por investidores.
O resultado nominal das contas do setor público sofre impacto do resultado mensal das contas, das atuações do BC no câmbio, e dos juros básicos da economia (Selic) fixados pela instituição para conter a inflação. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o maior valor em seis anos e meio.
Segundo o BC, no mês passado as despesas com juros nominais somaram R$ 69 bilhões. Em 12 meses até maio, os gastos com juros somaram R$ 695,5 bilhões (6,77% do PIB).
A dívida bruta do setor público, indicador que também é acompanhado pelas agências de classificação de risco, registrou aumento em maio, atingindo 73,6% do PIB, o equivalente a R$ 7,56 trilhões.
Em abril, a dívida estava em 72,9% do PIB, somando R$ 7,45 trilhões.
No mês passado, o governo anunciou o novo arcabouço fiscal, ou seja, proposta de regras para as contas públicas em substituição ao teto de gastos. O Tesouro Nacional já admitiu que a dívida pode superar 80% do PIB no fim do governo Lula, em 2026.
Já os analistas do mercado financeiro estimam que a dívida bruta do setor público deve atingir 91,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2032.
*G1