Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (2) o primeiro corte da taxa básica de juros (Selic) em três anos, de 0,50 ponto percentual (p.p.), a 13,25% ao ano.
No comunicado divulgado logo após a decisão, o colegiado indicou que a melhora do quadro inflacionário do país permitiu que o Banco Central do Brasil (BC) desse início a um ciclo “gradual” de redução de juros no Brasil.
A autarquia ainda sinalizou que novos cortes da mesma magnitude podem vir nas próximas reuniões, caso o cenário esperado – de continuidade do processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno de suas metas – se concretize.
A decisão pela redução de juros já era amplamente esperada pelo mercado. Mas mais do que o tamanho do corte, a grande expectativa dos agentes financeiros estava em torno do tom adotado pela autoridade monetária para justificar a decisão e das sinalizações do colegiado sobre como deve ser e quanto deve durar o ciclo de queda.
Entenda abaixo quais os recados do Banco Central sobre o futuro da Selic e quais os impactos da decisão na economia brasileira.
De acordo com economistas consultados pelo g1, o comunicado divulgado após a decisão trouxe mensagens importantes a serem consideradas para a trajetória da taxa básica de juros. Entre elas:
De acordo com economistas, apesar de o corte da taxa básica de juros pelo Copom ter sido um pouco acima do que o esperado por parte do mercado – que previa uma queda de 0,25 p.p. –, o colegiado se esforçou em conter os ânimos para as projeções das próximas reuniões.
A sinalização do BC, nesse sentido, foi que caso continue o cenário de desinflação e ancoragem das expectativas no país, “os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude [ou seja, de 0,50 p.p.] nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
O comunicado ainda diz que a magnitude total do ciclo de redução da Selic ao longo do tempo vai depender da evolução da dinâmica inflacionária, “em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica”, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Além disso, outro ponto visto por economistas como uma forma de tentar conter projeções de quedas maiores da taxa básica no mercado foi a indicação de que os diretores do Copom ficaram bastante divididos sobre a dimensão do corte que fariam na reunião desta quarta-feira.
Segundo nota divulgada pelo colegiado, cinco diretores votaram a favor do corte de 0,50 p.p., enquanto quatro se manifestaram por uma redução de 0,25 p.p..
Votaram pela redução de 0,50 p.p.:
Votaram pela redução de 0,25 p.p.:
“Isso também dá uma sinalização para evitar precificações de cortes mais agressivos nas próximas decisões”, afirma o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso.
“Outro ponto é que ele [o Copom] também indica que vai resistir em patamares mais contracionistas, ou seja, com uma Selic acima da neutra [que não estimula nem desestimula a economia], até que a desinflação se consolide em direção à meta e até que as expectativas de longo prazo retomem para a meta de 3%”, acrescenta o especialista.
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Outros recados importantes dados pelo colegiado dizem respeito à atual conjuntura econômica nacional e internacional e ao balanço de riscos para o cenário inflacionário.
Segundo o comunicado, por exemplo, os indicadores recentes de atividade continuam a refletir um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres, com indicação de uma elevação da inflação acumulada em 12 meses ao longo do segundo semestre.
“As medidas mais recentes de inflação subjacente [também chamada de núcleo da inflação, a medida desconsidera os preços mais voláteis, como energia e alimentação] apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta”, diz o Copom.
Além disso, o comitê também reforçou que seus cenários de análise para a inflação ainda apresentam fatores de risco tanto para um aumento quanto para uma queda dos preços.
Entre os riscos de alta, o comunicado destacou:
Já entre os fatores que podem levar a uma redução de preços, estão:
Ainda de acordo com os economistas consultados pelo g1, apesar da expectativa de que a Bolsa de Valores e os mercados de câmbio e de juros reajam positivamente nesta quinta-feira (3), os efeitos práticos da redução da Selic na ponta consumidora ainda não devem ser visíveis.
“Como o mercado já tem precificado bastante corte de juros na curva futura, teoricamente a decisão de [cortar] 0,50 p.p. não muda muito as condições monetárias que temos hoje” diz Caruso, do PicPay.
*G1