Domingo, 19 de maio de 2024
Domingo, 19 de maio de 2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (8) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia, que atualmente está em 10,75% ao ano. A decisão será anunciada após as 18h.
Há uma dúvida, porém, sobre o tamanho do corte de juros.
Se a opção for por um corte menor nos juros, o BC reduzirá o ritmo de redução da taxa Selic. Isso porque, na última reunião, os juros caíram 0,50 ponto percentual.
Em seu último encontro, realizado no fim de março, o BC sinalizou que promoveria uma nova redução de 0,5 ponto percentual nessa reunião de maio, o que levaria a taxa Selic para 10,25% ao ano.
Essa sinalização, entretanto, dependia da confirmação de um "cenário esperado" pela diretoria do Banco Central.
Desde a última reunião do Copom, porém, a equipe econômica do presidente Lula propôs uma redução nas metas para as contas públicas em 2025 e 2026. Algo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não apoia.
Com a eventual mudança das metas, haverá um espaço adicional para gastos de cerca de R$ 160 bilhões nos próximos anos -- pressionando mais a inflação.
E houve piora do cenário externo, com a inflação ainda pressionada nos Estados Unidos.
Por conta disso, a maior parte do mercado financeiro já ajustou sua posição e passou a projetar um corte menor de juros, de 0,25 ponto percentual, na reunião do Copom desta semana -- para 10,50% ao ano.
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro.
Neste momento, a instituição já está mirando menos na meta deste ano, e vê um peso maior nas projeções para o ano de de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Além da perspectiva de que o governo aumente gastos públicos nos próximos anos, com a proposta de redução das metas para as contas públicas, analistas observam que o cenário externo está mais tensionado e incerto pelo adiamento e redução do espaço para juros cortes de taxas nas economias desenvolvidas -- como os Estados Unidos.
"A evolução do balanço de riscos desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi bastante desfavorável, com aumento das incertezas tanto no cenário externo quanto interno (...) A elevação da incerteza do cenário global, a deterioração das expectativas de inflação e as alterações das metas de superávit primário tornaram o balanço de riscos assimétrico [desigual]", avaliou Alexandre Mathias, estrategista-chefe da corretora Monte Bravo.
O Banco Central também tem chamado atenção, em seus comunicados oficiais, que a queda na taxa de desemprego, assim como uma expansão maior do Produto Interno Bruto (PIB), podem pressionar a inflação no Brasil.
"Apesar da inflação mais benigna na margem (com surpresas negativas nos últimos indicadores de preços ao consumidor IPCA e IPCA-15), as medidas subjacentes aos serviços permanecem alto. Além disso, os dados sobre o desemprego e os salários continuam a indicar um mercado de trabalho restritivo", avaliou o Itaú, em análise assinada pelo economista-chefe, Mario Mesquita.
De acordo com especialistas, a redução da taxa de juros no Brasil terá algumas consequências para a economia. Veja abaixo algumas delas:
*G1