Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou nesta terça-feira (25) suas estimativas de crescimento global para 2023 devido à resiliência da atividade econômica no primeiro trimestre, mas alertou que desafios persistentes estão prejudicando as perspectivas de médio prazo.
Em seu último relatório, chamado Perspectiva Econômica Global, disse que a inflação está caindo e que o estresse agudo no setor bancário diminuiu, mas o balanço de riscos enfrentados pela economia global permanece inclinado para baixo e o crédito está apertado.
O credor global disse que agora projeta um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) global de 3,0% em 2023 — um aumento de 0,2 ponto percentual (p.p.) em relação à previsão de abril. Para 2024, o FMI manteve sua projeção de crescimento, também em 3,0%.
A previsão de crescimento para 2023-2024 permanece fraca para os padrões históricos, bem abaixo da média anual de 3,8% observada em 2000-2019, em grande parte devido ao enfraquecimento da manufatura nas economias avançadas, e pode permanecer nesse nível por anos.
"Estamos no caminho certo, mas não estamos fora de perigo", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, à Reuters em entrevista, observando que a atualização foi impulsionada em grande parte pelos resultados do primeiro trimestre.
A perspectiva é "amplamente estável" nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento para 2023-2024, com crescimento de 4,0% esperado em 2023 e 4,1% em 2024, disse o FMI. O credor observou, no entanto, que a disponibilidade de crédito é restrita e que existe o risco de que o sobreendividamento se espalhe para um grupo mais amplo de economias.
“Mas as forças que afetaram o crescimento em 2022 persistem”, disse o FMI, citando a inflação ainda alta que está corroendo o poder de compra das famílias, taxas de juros mais altas que elevaram o custo dos empréstimos e acesso mais restrito ao crédito como resultado das tensões bancárias que surgiram em março.
O credor ainda afirmou que "o comércio internacional e os indicadores de demanda e produção na manufatura apontam para uma fraqueza ainda maior”, observando que o excesso de poupança acumulado durante a pandemia está diminuindo nas economias avançadas, especialmente nos Estados Unidos, o que implica “uma reserva mais estreita para proteção contra choques”.
Embora as preocupações imediatas sobre a saúde do setor bancário — que eram mais agudas em abril — tenham diminuído, a turbulência do setor financeiro pode ser retomada à medida que os mercados se ajustam ao aperto monetário adicional dos bancos centrais, afirmou.
O impacto das taxas de juros mais altas foi especialmente evidente nos países mais pobres, elevando os custos da dívida e limitando o espaço para investimentos prioritários. Como resultado, as perdas de produção em comparação com as previsões pré-pandemia permanecem grandes, especialmente para as nações mais pobres do mundo, disse o FMI.
O FMI projetou que a inflação global cairá para 6,8% em 2023, indo a 5,2% em 2024. No ano passado, o indicador havia sido de 8,7%.
O núcleo da inflação (que desconsidera preços mais voláteis como alimentação e energia, por exemplo), no entanto, deve cair mais gradualmente de acordo com as projeções do órgão, atingindo 6,0% em 2023 e caindo para 4,7% em 2024. Em 2022, esse núcleo registrou 6,5%.
Gourinchas disse à Reuters que pode levar até o final de 2024 ou início de 2025 para que a inflação caia para as metas dos bancos centrais e o atual ciclo de aperto monetário termine.
O FMI alertou que a inflação pode aumentar se a guerra na Ucrânia se intensificar, citando a preocupação com a retirada da Rússia da iniciativa de grãos do Mar Negro, ou se aumentos mais extremos de temperatura causados pelo padrão climático El Niño elevarem os preços das commodities. Isso, por sua vez, poderia desencadear novos aumentos de juros.
O FMI disse que o crescimento do comércio mundial está diminuindo e chegará a apenas 2,0% em 2023, antes de subir para 3,7% em 2024, mas ambas as taxas de crescimento estão bem abaixo dos 5,2% registrados em 2022.
O FMI elevou suas perspectivas para os Estados Unidos, a maior economia do mundo, prevendo crescimento de 1,8% em 2023, contra 1,6% em abril, com o mercado de trabalho permanecendo forte.
O Fundo deixou sua previsão de crescimento na China, a segunda maior economia do mundo, inalterada em 5,2% em 2023 e 4,5% em 2024. Mas alertou que a recuperação da China está tendo baixo desempenho e uma contração mais profunda no setor imobiliário continua sendo um risco.
Os países da zona do euro devem crescer 0,9% em 2023 e 1,5% em 2024, ambos com alta de 0,1 ponto percentual em relação a abril.
*Reuters