Sexta-Feira, 07 de novembro de 2025
Sexta-Feira, 07 de novembro de 2025
Durante evento da Bloomberg, em São Paulo, o ministro da Fazenda disse que o país colhe resultados de reformas do governo Lula e rebateu críticas sobre metas fiscais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), durante a abertura do Bloomberg Green Summit, em São Paulo, que o Brasil deve encerrar o mandato do presidente Lula de forma “tranquila” do ponto de vista econômico. Ele destacou avanços como a reforma tributária, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e a taxa de desemprego em nível historicamente baixo.
“O Brasil, nos últimos três anos, fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável . E isso já está sendo percebido pelos investidores”, afirmou. Segundo o ministro, o país registrou o maior número de leilões de infraestrutura na B3 em décadas e colhe resultados das reformas estruturais.
Haddad destacou o impacto da reforma tributária, aprovada em 2023 pelo Congresso. Segundo ele, a estimativa mais "pessimista" é de que a substituição dos impostos por um modelo simples pode gerar para o Brasil até 12% do Produto Iinterno Bruto (PIB), e 20% no cenário mais "otimista".
Ele também citou a próxima etapa da reforma do Imposto de Renda, cujo projeto está previsto para ser votado hoje pelo Senado. A medida que eleva para R$ 5 mil mensais a faixa de isenção do IR para pessoas físicas foi aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados no mês passado.
"A desigualdade no Brasil impede o crescimento. Não existe crescimento com desigualdade”, disse.
O ministro afirmou que o governo deve entregar o melhor resultado fiscal dos últimos quatro anos, mesmo após quitar passivos herdados da gestão anterior. “Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”, declarou.
Haddad também rebateu críticas sobre o cumprimento das metas fiscais e disse que não pretende alterar o resultado primário previsto para o ano.
“Desde 2023, estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país, ou continuaremos presos a narrativas”, afirmou.
Segundo o ministro, a discussão sobre as contas públicas está sendo feita “pelos investidores, e não pelos jornais”. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.
No mês passado, Haddad descartou alterar a meta fiscal de 2026 mesmo após o Congresso rejeitar a medida provisória que previa alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta, que reunia ações de ajuste fiscal, foi derrubada pela Câmara no início de outubro.
O governo esperava arrecadar mais de R$ 20 bilhões em 2026 com o aumento de impostos sobre aplicações financeiras e apostas esportivas, vista como crucial pela equipe em ano eleitoral.
Com a MP caducada, o governo agora busca uma nova saída para fechar o Orçamento de 2026 sem elevar tributos.
Haddad voltou a defender a redução dos juros, afirmando que o atual nível é insustentável. "Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair", disse. “Não tem como manter 10% de juro real com inflação de 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15% em nome do quê?."
O Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo após a taxa básica, a Selic, atingir 15% ao ano em junho, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Perguntado se o Banco Central deve reduzir os juros na reunião desta quarta-feira (5), Haddad afirmou que não é diretor do BC, mas, se fosse, "votaria pela queda, porque não se sustenta 10% de juro real. Não faz sentido”.
Segundo o ministro, o país pode crescer controlando a dívida e reduzindo custos financeiros. Ele criticou parte do mercado, que “torce contra o país”, e reafirmou o compromisso do governo com metas fiscais e responsabilidade nas contas públicas.
Haddad destacou que a construção política é gradual: “É mais fácil convencer dez pessoas da equipe econômica do que 513 deputados, mas estamos avançando com paciência e no ritmo que a economia permite”.
Ao comentar a agenda de transição energética, Haddad afirmou que o Brasil tem “vantagens competitivas aderentes à pauta climática”.
“Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata. Não faz sentido trocá-la por energia suja e cara”, disse.
Ele reforçou a importância dos biocombustíveis e do fortalecimento do marco regulatório do setor elétrico, apesar dos lobbies no setor. “O Brasil tem 40 anos de tradição em biocombustíveis, e não vamos abdicar dessa agenda”, afirmou.
“Se colocarmos esse fundo de pé, teremos resultados práticos e eficientes. Preservar florestas é bom para todos, sempre, e a um custo muito baixo diante dos benefícios”, concluiu.
*G1