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Sexta-Feira, 07 de novembro de 2025

Economia

Haddad diz que Brasil entra em 2026 'tranquilo', com melhor resultado fiscal em quatro anos

Durante evento da Bloomberg, em São Paulo, o ministro da Fazenda disse que o país colhe resultados de reformas do governo Lula e rebateu críticas sobre metas fiscais.

Haddad diz que Brasil entra em 2026 'tranquilo', com melhor resultado fiscal em quatro anos

(Imagem: Adriano Machado/Reuters)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), durante a abertura do Bloomberg Green Summit, em São Paulo, que o Brasil deve encerrar o mandato do presidente Lula de forma “tranquila” do ponto de vista econômico. Ele destacou avanços como a reforma tributária, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e a taxa de desemprego em nível historicamente baixo.

“O Brasil, nos últimos três anos, fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável . E isso já está sendo percebido pelos investidores”, afirmou. Segundo o ministro, o país registrou o maior número de leilões de infraestrutura na B3 em décadas e colhe resultados das reformas estruturais.
 

Haddad destacou o impacto da reforma tributária, aprovada em 2023 pelo Congresso. Segundo ele, a estimativa mais "pessimista" é de que a substituição dos impostos por um modelo simples pode gerar para o Brasil até 12% do Produto Iinterno Bruto (PIB), e 20% no cenário mais "otimista".

Ele também citou a próxima etapa da reforma do Imposto de Renda, cujo projeto está previsto para ser votado hoje pelo Senado. A medida que eleva para R$ 5 mil mensais a faixa de isenção do IR para pessoas físicas foi aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados no mês passado.

"A desigualdade no Brasil impede o crescimento. Não existe crescimento com desigualdade”, disse.

“Melhor resultado fiscal desde 2015”

 

O ministro afirmou que o governo deve entregar o melhor resultado fiscal dos últimos quatro anos, mesmo após quitar passivos herdados da gestão anterior. “Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”, declarou.

Haddad também rebateu críticas sobre o cumprimento das metas fiscais e disse que não pretende alterar o resultado primário previsto para o ano.

“Desde 2023, estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país, ou continuaremos presos a narrativas”, afirmou.

Segundo o ministro, a discussão sobre as contas públicas está sendo feita “pelos investidores, e não pelos jornais”. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.

  • A meta fiscal de 2025 é de déficit zero – equilíbrio entre gastos e despesas, desconsiderando os precatórios. No entanto, o governo tem uma margem que flexibiliza o centro da meta, permitindo até um déficit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a R$ 31 bilhões.
  • Para 2026, a meta é de superávit primário de 0,25% do PIB, também com banda de tolerância.
 

No mês passado, Haddad descartou alterar a meta fiscal de 2026 mesmo após o Congresso rejeitar a medida provisória que previa alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta, que reunia ações de ajuste fiscal, foi derrubada pela Câmara no início de outubro.

O governo esperava arrecadar mais de R$ 20 bilhões em 2026 com o aumento de impostos sobre aplicações financeiras e apostas esportivas, vista como crucial pela equipe em ano eleitoral.

Com a MP caducada, o governo agora busca uma nova saída para fechar o Orçamento de 2026 sem elevar tributos.

Juros e expectativas econômicas

 

Haddad voltou a defender a redução dos juros, afirmando que o atual nível é insustentável. "Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair", disse. “Não tem como manter 10% de juro real com inflação de 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15% em nome do quê?."

O Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo após a taxa básica, a Selic, atingir 15% ao ano em junho, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

  • O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. Assim, segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram em 9,53%.
 

Perguntado se o Banco Central deve reduzir os juros na reunião desta quarta-feira (5), Haddad afirmou que não é diretor do BC, mas, se fosse, "votaria pela queda, porque não se sustenta 10% de juro real. Não faz sentido”.

Segundo o ministro, o país pode crescer controlando a dívida e reduzindo custos financeiros. Ele criticou parte do mercado, que “torce contra o país”, e reafirmou o compromisso do governo com metas fiscais e responsabilidade nas contas públicas.

Haddad destacou que a construção política é gradual: “É mais fácil convencer dez pessoas da equipe econômica do que 513 deputados, mas estamos avançando com paciência e no ritmo que a economia permite”.
 

Transição energética e investimentos verdes

 

Ao comentar a agenda de transição energética, Haddad afirmou que o Brasil tem “vantagens competitivas aderentes à pauta climática”.

“Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata. Não faz sentido trocá-la por energia suja e cara”, disse.
 

Ele reforçou a importância dos biocombustíveis e do fortalecimento do marco regulatório do setor elétrico, apesar dos lobbies no setor. “O Brasil tem 40 anos de tradição em biocombustíveis, e não vamos abdicar dessa agenda”, afirmou.

“Se colocarmos esse fundo de pé, teremos resultados práticos e eficientes. Preservar florestas é bom para todos, sempre, e a um custo muito baixo diante dos benefícios”, concluiu.

*G1