Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
A mineradora Vale publicou nesta quinta-feira, 24, que seu lucro líquido caiu 15% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, com impactos de queda no preço do minério de ferro e por provisões relacionadas ao rompimento da barragem de Mariana (MG).
Ainda assim, a companhia — uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo — registrou lucro líquido de 2,41 bilhões de dólares no trimestre encerrado em setembro, bem acima da média das estimativas de analistas consultados pela LSEG, de 1,65 bilhão de dólares.
Já o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado da companhia entre julho e setembro caiu 18% ante o mesmo período de 2023, a 3,62 bilhões de dólares, também em linha com as estimativas dos analistas de 3,61 bilhões de dólares.
Em mensagem no balanço financeiro, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, ressaltou que a produção de minério de ferro da companhia no terceiro trimestre foi a maior em mais de cinco anos.
A empresa publicou na semana passada que sua produção de minério de ferro cresceu 5,5% no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2023, com impulso de melhorias do desempenho operacional nos complexos minerários de S11D, Itabira e Brucutu.
A Vale produziu 90,97 milhões de toneladas da commodity entre julho e setembro, enquanto as vendas cresceram 1,6%, para 81,84 milhões de toneladas.
O preço médio realizado de finos de minério de ferro no terceiro trimestre, porém, foi de 90,6 dólares por tonelada, queda de 14% ante o mesmo período do ano passado.
O custo caixa C1 da Vale (custo de produção da mina ao porto) de finos de minério de ferro, excluindo compras de terceiros, nos três meses encerrados em setembro, caiu 6% ante um ano antes, atingindo 20,6 dólares por tonelada.
A dívida líquida expandida cresceu 6% no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2023, para 16,47 bilhões de dólares.
Em paralelo, a Vale também revisou para baixo a previsão do custo all-in de cobre em 2024, para entre 2.900 e 3.300 dólares por tonelada — em níquel, a previsão foi mantida. Nos meses de julho a setembro, o custo all-in de cobre e níquel foi 2.851 dólares/tonelada e 18.073 dólares/tonelada, respectivamente.
Acordo de Mariana
A Vale havia adiantado que adicionaria 5,3 bilhões de reais, ou 956 milhões de dólares, aos passivos associados à reparação pelo rompimento de barragem de mineração em Mariana (MG) nos seus resultados financeiros do terceiro trimestre.
A nova estimativa foi calculada enquanto a Vale, a BHP e a Samarco avaliam juntamente com autoridades federais e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo os termos gerais para um acordo definitivo de reparação pelo rompimento, com valor total de 170 bilhões de reais. O acerto deverá ser assinado na sexta-feira.
O montante total considera pagamentos já realizados pelas empresas, recursos novos e obrigações ainda a cargo das mineradoras.
“Esperamos assinar o acordo de Mariana muito em breve, visando uma resolução definitiva que irá, acima de tudo, beneficiar as pessoas impactadas e a sociedade, por meio de um acordo mutuamente benéfico para todas as partes interessadas”, disse Pimenta no documento.
Em seu primeiro relatório financeiro desde que assumiu o comando da Vale, neste mês, Pimenta ressaltou ainda que sua gestão se esforçará para transformar a Vale em uma companhia “mais ágil e eficiente, promovendo a inovação e uma cultura de desempenho”, pontuando que “segurança e excelência operacional são elementos inegociáveis dessa jornada”.
Adicionalmente, Pimenta afirmou que a estratégia da empresa se concentrará em entregar um portfólio de produtos superiores, com foco maior no cliente.
“Em minério de ferro, vamos acelerar nossa oferta de produtos de alta qualidade, enquanto em metais básicos, pretendemos continuar a crescer, principalmente em cobre”, frisou.
Por fim, o executivo afirmou ter o compromisso de aprimorar relacionamentos institucionais da companhia, garantindo que a Vale deixará um impacto positivo para as pessoas e o meio ambiente.
*Reuters