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Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Economia

Mulheres se preocupam mais com consumo sustentável do que homens, mostra pesquisa da CNC

Mulheres se preocupam mais com consumo sustentável do que homens, mostra pesquisa da CNC

(Imagem: Cristian Hernandez/EFE)

No Brasil, as mulheres manifestam mais preocupação com o consumo sustentável do que os homens. É o que mostra uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta sexta-feira (2). O estudo buscou compreender de que forma aspectos ambientais, sociais e econômicos influenciam o comportamento do consumidor.

Com o título de Pesquisa Consumo Consciente - Visão do consumidor 2024, a iniciativa envolveu uma consulta on-line com 1.019 pessoas. A coleta dos dados foi realizada no fim de outubro do ano passado em 320 cidades, de todas as regiões do país. Os entrevistados responderam a um questionário sobre o tema. Os resultados foram desagregados por gênero, classe social, faixa etária, escolaridade e localização geográfica.

Entre as mulheres, 36% afirmaram que deixam de comprar produtos de vendedores ou fabricantes com práticas nocivas ao meio ambiente, 39% disseram rejeitar empresas envolvidas em escândalos de desrespeito aos empregados e 38% recusam marcas envolvidas em fraudes ou corrupção. Já entre os homens, foram registrados percentuais mais baixos em todos os três tópicos: 33%, 38% e 36%, respectivamente.

O público feminino também é mais propenso a realizar muitas pesquisas de preços antes de realizar uma compra: 67% das mulheres afirmaram ter esse hábito. Entre os homens o índice foi 61%.

Os participantes foram indagados sobre quais seriam as principais preocupações para a adoção de um consumo consciente. A ordem das respostas mais assinaladas foi similar entre as mulheres e os homens, com leves diferenças nos percentuais.

A lista foi encabeçada pela redução da poluição e pela utilização dos recursos naturais de forma responsável, citadas respectivamente por 61% e 58% das consumidoras e por 60% e 57% dos consumidores. Em terceiro lugar, aparecem as questões trabalhistas das marcas, lembrada por 55% das mulheres e 56% dos homens. Além disso, 54% de ambos os gêneros mencionaram a redução do impacto na flora e fauna.

Os entrevistados também responderam quais as atitudes mais adotadas em linha com um consumo consciente. As respostas mais citadas foram a compra de produtos em refil para reutilizar embalagens, a compra de produtos que podem ser reaproveitados, o uso racional dos recursos naturais como energia elétrica e água, a preferência por produtos feitos de materiais recicláveis, a recusa em comprar de empresas com escândalos de desrespeito aos empregados e a separação do lixo reciclável em casa.

Os resultados da pesquisa indicam ainda que as certificações socioambientais - como Produtos Orgânicos Brasil, Selo FSC, ISOs, NBRs, Selo Procel, e Selo Empresa Amiga da Criança - são importantes para a maioria dos ouvidos. Elas foram consideradas relevantes para 58%, sendo extremamente relevantes para 21%.

De outro lado, cerca de 70% dos consumidores consultados não consideraram que a compra de produtos piratas ou falsificados seja um hábito que prejudica a economia. Eles também consideram que a prática está relacionada com a baixa conscientização e educação sobre o assunto.

De acordo com o relatório da pesquisa divulgada pela CNC, foi constatado crescente interesse dos consumidores pela sustentabilidade, o que impõe a construção de uma pauta para a tomada de decisão dos empresários. Ainda há, no entanto, obstáculos para que a sustentabilidade seja adotada de forma mais ampla nas práticas de consumo. "No Brasil, 51% dos consumidores consideram as opções sustentáveis muito caras, e em segundo lugar, para 46%, há dificuldade com a disponibilidade limitada de produtos sustentáveis", diz o relatório.

Segmentação social e regional

Entre os dados segmentados por classe social, observa-se que os consumidores da faixa de renda média mensal domiciliar entre R$ 900,60 e R$ 1.965,87 são os mais preocupados em pesquisar preços. A prática é reivindicada por 67% das pessoas desse grupo. Para as demais faixas de renda, o percentual é mais baixo, variando entre 63% e 65%.

Ao mesmo tempo, a compra por impulso é mais frequente entre as populações com menor renda. Nas faixas C, D e E, que vão até a média mensal domiciliar de 1.965,87, esse comportamento é relatado por 8% dos consumidores. Na faixa C+, esse percentual é de 6% e nas faixas A e B de 5%.

Cerca de 29% dos entrevistados dizem não ser nem muito econômico e nem muito gastador. Na segmentação por classe social, esse índice variou entre 25% e 31%.

Já no recorte por região geográfica, nota-se que os consumidores nordestinos são os mais preocupados em realizar pesquisas antes de fazer uma compra. Esse hábito é assumido por 68%. De outro lado, a população que registra o maior percentual de pessoas que admitem comprar por impulso está no Sul: o comportamento é relatado por 9% dos consumidores da região.

Dados específicos do varejo

A pesquisa, cuja íntegra está disponibilizada no portal eletrônico da CNC, também apresentou dados específicos envolvendo alguns segmentos do varejo. Houve análises para os comércios de roupas e acessórios; eletroeletrônicos; produtos de limpeza; alimentação e bebidas; higiene pessoal e beleza; lazer e turismo; e instituição de ensino.

No consumo de alimentos e bebidas, por exemplo, 25% declararam preferência pela produção comunitária, 21% a embalagens recicláveis ou biodegradáveis e 17% a produtos orgânicos. Já em relação aos itens de higiene e beleza, 26% afirmaram dar preferência a produtos com certificação de bem-estar animal, os quais atestam que não houve uso de animais em testes. Na escolha dos produtos de limpeza, a busca por embalagens de refil foi mencionada por 47%.

Para 55% dos entrevistados, as práticas sustentáveis são relevantes na escolha do destino turístico. De outro lado, 51% afirmaram não estarem dispostos a pagar sobretaxas nas passagens aéreas para compensar a emissão de gases do efeito estufa, enquanto 38% aceitariam pagar se obtivessem mais informações sobre as medidas adotadas. Os outros 11% dizem que já costumam pagar taxas extras voltadas para a sustentabilidade da aviação.

*Agência Brasil