Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
O Prêmio Nobel de Economia de 2024 foi concedido a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson, por seus estudos sobre como as instituições são formadas e afetam a prosperidade, em cerimônia realizada nesta segunda-feira (14).
Acemoglu e Johnson são pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Robinson, da Universidade de Chicago. Seus estudos ajudaram a entender as desigualdades entre as prosperidade entre as nações.
O comitê decisor do prêmio avaliou o porquê dos 20% de países mais ricos do mundos são, atualmente, cerca de 30 vezes mais ricos que os 20% mais pobres.
Para entender essa disparidade, os laureados avaliaram os impactos da colonização europeia do século XVI em diante e perceberam a criação de dois principais tipos de colônias.
Em alguns países, os colonizadores chegaram com o objetivo principal de explorar os povos originários e os recursos naturais, gerando o que os pesquisadores classificam como "instituições extrativistas".
Essas regiões costumavam ser as mais ricas, por conta de sua forte e rápida oferta de recursos econômicos para os colonos.
Em outros, eles formaram sistemas políticos e econômicos que visavam beneficiar os migrantes europeus naquelas regiões no longo prazo. Esses países eram os mais pobres.
No entanto, a criação de instituições que visavam o bem-estar das pessoas que ali chegavam para habitar — enquanto nos outros países as instituições eram criadas para facilitar e manter a dinâmica extrativista — acabaram gerando uma "reversão de riqueza".
"A introdução de instituições inclusivas criaria benefícios de longo prazo para todos, mas as instituições extrativistas fornecem ganhos de curto prazo para as pessoas no poder", explica o comitê do prêmio.
Prêmio Nobel de Economia 2024 — Foto: Reprodução
Os estudos de Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson revelaram que, quanto maior a população originária das regiões colonizadas, piores eram as instituições impostas pelos colonizadores.
Os países com as maiores populações de indígenas geralmente eram, também, aqueles que ofereciam maior resistência para a colonização.
No entanto, uma vez derrotados, os povos originários eram obrigados a trabalhar para os colonizadores. Essa dinâmica fazia com que poucos migrantes europeus se interessassem em migrar para o país com a intenção de trabalhar e construir uma comunidade benéfica para o local.
Assim, as instituições criadas nessas regiões "se concentravam em beneficiar uma elite local às custas da população em geral. Não havia eleições e os direitos políticos eram extremamente limitados", explicou a Academia.
Em contrapartida, as colônias com uma população originária menor, embora oferecesse menos resistência para a colonização, não dava conta de toda a demanda por mão-de-obra. Isso fez com que os países colonizadores criassem "instituições econômicas inclusivas que incentivassem os colonos a trabalhar duro e investir em sua nova terra natal".
O prêmio de Economia, oficialmente chamado de "Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", foi criado em 1968 e concedido pela primeira vez em 1969.
A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.
O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz já foram anunciados nos últimos dias.
Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura) - seus detratores zombam dele como um "falso Nobel" que representa economistas ortodoxos e liberais.
*G1