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Domingo, 22 de setembro de 2024

Economia

Plenário do Senado deve analisar hoje desoneração da folha de 17 setores da economia

Plenário do Senado deve analisar hoje desoneração da folha de 17 setores da economia

(Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O plenário do Senado deve votar nesta quarta-feira (25) o projeto de lei que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia. A versão aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa não inclui nenhuma das alterações feitas pelos deputados, entre elas a que estendia a diminuição da contribuição previdenciária, de 20% para 8%, a todos os municípios brasileiros. Com a decisão, o benefício fica restrito aos municípios com população inferior a 142,6 mil habitantes. Se aprovada, a matéria vai à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A desoneração da folha substitui a contribuição previdenciária patronal de empresas, com 20% de alíquota sobre a folha salarial, por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, o que diminui os custos de contratações para os setores que mais empregam.

Entre os setores beneficiados, estão a indústria têxtil, calçados, construção civil, call center, comunicação, empresas de construção civil, fabricação de veículos, tecnologia e transportes. Juntos, esses segmentos geram cerca de 9 milhões de empregos formais. Se o projeto de lei não for aprovado, a desoneração da folha de pagamentos perde a validade em dezembro deste ano.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), chegou a apresentar uma emenda para a inclusão de transporte coletivo entre os setores desonerados, com a substituição da atual alíquota de 2% por uma de 1%. No entanto, ficou acordado entre os parlamentares que sugestões de mudanças seriam discutidas separadamente em plenário, de modo a aprovar o relatório do senador Angelo Coronel (PSD-BA) da forma como foi enviado à Câmara.

Os senadores que são favoráveis ao projeto ressaltam que a desoneração não significa prejuízo para a União, já que o recurso não faz parte dos atuais cálculos da reforma tributária. "O projeto não aumenta despesas. Ao contrário, se ele não for aprovado, aumenta a carga tributária. Então é bom nivelar aqui a informação para que não se pareça que é o contrário. Se a desoneração cair, aumenta imposto. Aumenta carga tributária. O governo não conta com essa receita, não é renúncia de receita, se preserva uma situação de status quo", argumenta o autor da proposta, senador Efraim Filho (União Brasil-PB).

Como ficam os municípios

A proposta foi aprovada pelo Senado em junho e seguiu para a análise dos deputados, que fizeram mudanças no texto. Por isso, está sendo discutida pelos senadores novamente. Desde a tramitação na Câmara, o ponto de entrave é o que trata do benefício para as pequenas cidades.

Senadores Angelo Coronel (PSD-BA) e Efraim Filho (União-PB)

Senadores Angelo Coronel (PSD-BA) e Efraim Filho (União-PB)

PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

Os municípios foram inicialmente incluídos no projeto no parecer do senador Angelo Coronel (PSD-BA), que beneficia cidades com até 142 mil habitantes. Ele propôs reduzir a alíquota da contribuição previdenciária sobre a folha dos municípios de 20% para 8%. Já na Câmara dos Deputados, o benefício foi estendido a outras prefeituras e reduziu a alíquota para valores entre 8% e 18%, a depender da renda per capita do município. O relatório aprovado pela CAE do Senado, no entanto, diz respeito à primeira versão do texto.

Ainda assim, o governo é resistente à medida porque, segundo o Ministério da Fazenda, a desoneração acarretará uma renúncia fiscal estimada em cerca de R$ 9,4 bilhões. No entanto, a inclusão dos municípios pequenos nesse tipo de concessão é o que preocupa, pois se trata de uma renúncia inédita em um momento em que a equipe econômica tenta ampliar as fontes de arrecadação para garantir o equilíbrio fiscal.

No relatório, o senador Angelo Coronel afirmou que mesmo com a restrição do acesso à desoneração ainda beneficia mais de 95% dos municípios do país e que a medida vai permitir que os gestores municipais equilibrem as contas.

"Se você reduz [os encargos] de 20% para 8%, você vai ter fôlego. Eu fiz um cálculo rápido. Em um município de R$ 3 milhões em arrecadação e geralmente com R$ 1 milhão de folha, ele vai, quando aplicar os 20% em cima da folha, para R$ 200 mil. Quando você abate, na folha de pagamento, as despesas da saúde e educação, a despesa da manutenção da cidade com limpeza, ele fica devedor porque, na verdade, o grande credor está sendo a própria Previdência Social", disse.

"Eu acho isso um absurdo, porque se falava tanto em pacto federativo, se falava tanto em mais Brasil e menos Brasília, e eu não estou vendo nada disso. Eu estou vendo, a cada dia, agravar-se mais a situação das prefeituras do Brasil", completou.

Arrecadação, salários e empregos

Sem a desoneração dos 17 setores, o país teria perdido R$ 34,3 bilhões de Contribuição Previdenciária Patronal entre 2018 e 2022. O imposto é pago pelas empresas para bancar os direitos previdenciários dos empregados.

A iniciativa garantiu, em 2022, um aumento de 19,5% na remuneração dos trabalhadores desses setores. Se a folha não tivesse sido desonerada, os salários médios desses segmentos seriam de R$ 2.033. Com a desoneração, a média salarial desses trabalhadores subiu para R$ 2.430.

Os números são da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A cada 10% de desoneração da folha de pagamento, estima-se um aumento de 3,4% dos empregos formais. A conclusão é de um estudo de 2021 da Fundação Getulio Vargas (FGV) com base em números do então Ministério da Economia. O levantamento analisou o impacto da redução de custos trabalhistas na geração de postos de trabalho.

O estudo da FGV revela que os setores desonerados apresentaram maior possibilidade de contratação de trabalhadores. Isso porque a desoneração afetou a probabilidade de ingresso no mercado de trabalho em cerca de 3%.

*R7