Segunda-Feira, 14 de abril de 2025
Segunda-Feira, 14 de abril de 2025
A última semana foi bastante agitada para os mercados financeiros e o comércio global, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar o "Dia da Libertação" americana na quarta-feira, 2 de abril.
O dia marcou o início de uma série de novas taxas de importação e o detalhamento das chamadas "tarifas recíprocas" — um conjunto de tarifas contra mais de 180 países que, segundo Trump, "libertariam" os EUA de produtos estrangeiros.
A decisão de Trump fez as bolsas de valores ao redor do mundo despencarem, devido ao receio de que sua agenda protecionista possa causar um aumento nos preços e nas taxas de juros nos EUA, afetando a economia global.
Diversos países reagiram ao anúncio de Trump, prometendo retaliações com novas tarifas e orientando suas empresas a suspenderem investimentos nos EUA. A situação causou pânico nos mercados, que esperam uma guerra comercial generalizada entre grandes economias.
Veja abaixo os principais acontecimentos da semana e sua importância para a economia brasileira e mundial.
Na quarta-feira (2), Trump detalhou a aplicação das "tarifas recíprocas" — um conjunto de taxas para mais de 180 países, com taxas que variam de 10% a 50% e que passam a valer deste sábado (5) até o dia 9.
O republicano chamou a data de "Dia da Libertação" dos EUA, afirmando que seria "para sempre lembrada como o dia em que a indústria americana renasceu e o destino da América foi recuperado".
Por que isso é importante? As tarifas recíprocas anunciadas por Trump se somam a uma série de outras taxas de importação já impostas pelos EUA e podem acabar alterando a dinâmica do comércio internacional.
Tarifas maiores sobre produtos que chegam aos EUA devem encarecer os próprios produtos e insumos para bens e serviços no país. Especialistas avaliam também que esse encarecimento deve pressionar a inflação e diminuir o consumo, o que pode provocar uma desaceleração ou até recessão da atividade econômica da maior economia do mundo
Além disso, as taxas forçam países que já têm algum relacionamento com os EUA a buscarem novos parceiros. Em comunicado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) estimou que as tarifas de Trump devem reduzir os negócios globais em 1% em 2025.
A decisão de Trump causou uma onda de reações pelo mundo, com diversos países rechaçando as novas tarifas e prometendo suas próprias contramedidas.
Veja algumas das reações:
➡️ E o Brasil? Trump afirmou que os EUA passaram a cobrar 10% de todas as importações do Brasil, como parte do decreto que estabelece as tarifas recíprocas. A decisão repercutiu no Congresso Nacional: parlamentares criticaram a medida, alertaram para impactos ao setor produtivo e defenderam reação coordenada do governo brasileiro.
Na véspera do anúncio, o Senado Federal aprovou um projeto que cria a chamada Lei da Reciprocidade Econômica. A proposta permite que governo brasileiro retalie países que imponham barreiras comerciais aos seus produtos, inclusive por meio da suspensão de concessões comerciais e de direitos de propriedade intelectual.
O texto teve apoio amplo no Congresso e no governo federal, e é uma resposta direta às declarações de Trump, que citou explicitamente o Brasil como exemplo de país que será alvo de novas tarifas.
❓ Por que isso é importante? O aumento da tensão é mais um passo na direção de uma possível guerra comercial. No caso do Brasil, isso pode resultar em um impacto significativo na balança comercial — chegando ao fim à cotação do dólar, e à inflação.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Como o g1 já mostrou, essa troca de tarifas pode impactar diretamente setores específicos — como o etanol e outros produtos agrícolas —, reduzir a compra e venda de produtos entre os países, e forçar o Brasil a estreitar relações com outros parceiros comerciais.
A imposição de tarifas por parte de Trump também causou reações nos mercados financeiros globais, com uma queda generalizada de bolsas de valores pelo mundo e avanços expressivos do dólar.
A imposição de tarifas por Trump também causou reações no mercado financeiro, com uma queda generalizada das bolsas de valores.
Na sexta-feira, os principais índices acionários da Ásia e da Europa encerraram em forte queda, em repercussão ao "tarifaço". As bolsas dos EUA derretem 10% na semana e perderam US$ 6 trilhões em valor de mercado em apenas dois dias.
Por aqui, o dólar subiu mais de 3% na sexta-feira e encerrou cotado a R$ 5,83, no maior valor em quase um mês. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou com queda de 2,96%, aos 127.256 pontos.
❓ Por que isso aconteceu? O principal motivo dessa movimentação nos mercados é a cautela dos investidores quanto aos efeitos das novas tarifas de Trump na economia global.
Há temores de que as tarifas impostas pelos EUA aumentem os preços dos produtos e insumos que chegam ao país, o que pode elevar a inflação local para o consumidor. Com isso, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) precise iniciar um novo ciclo de alta de juros.
A situação pode resultar em uma redução do consumo e uma desaceleração econômica, com o receio de que, em um cenário prolongado, haja um período de recessão econômica no país.
Além disso, há preocupações sobre o impacto desse ambiente de pressão inflacionária e juros elevados em outros países, potencialmente levando a uma desaceleração global.
No mercado financeiro, quanto maior a preocupação e a cautela dos investidores, maior a tendência de optar por ativos de menor risco — como o dólar, considerado uma das moedas mais seguras do mundo —, evitando países emergentes e investimentos em bolsas de valores.
*G1