O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou neste sábado (29) a pedra fundamental do campus Zona Leste da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do campus Cidade Tiradentes do IFSP (Instituto Federal de São Paulo). Ao todo, o investimento do governo é de R$ 300 milhões para institutos federais e R$ 497,8 milhões para as universidades federais.
No evento, estavam presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin, a primeira-dama Janja da Silva, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Jader Filho (Cidades), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), o pré-candidato à prefeitura da capital Guilherme Boulos (PSOL), entre outros.
“Esse é um dia muito esperado por mim porque não é de hoje que vocês pleiteiam, se organizam e brigam para que a gente tenha educação de qualidade na zona leste, da creche à universidade. Esse país tem que ser o exportador de inteligência, de conhecimento. Por isso, temos que garantir educação de qualidade às crianças”, afirmou.
Durante a cerimônia, o ministro Camilo Santana assinou o termo de repasse de R$ 247,8 milhões para universidades federais, incluindo construção de novos campi, reformas, expansão de blocos, salas e restaurantes estudantis.
Lula se emocionou ao falar sobre a desigualdade social e a falta de acesso das pessoas mais pobres à educação de qualidade. “O que eu quero é apenas igualdade de oportunidade. [...] Nós queremos dar oportunidade para que cada criança, cada adolescente, cada pessoa tenha mais oportunidade de estudo do que o seu pai e sua mãe tiveram”, disse.
E continuou: “Eu não sou o pai dos pobres, eu sou um pobre que chegou à Presidência da República por causa dos pobres desse país que me elegeram. Eu nada mais sou do que um de vocês que teve uma oportunidade. Na minha vida, eu sou o que é a fome, eu sei o que é o desemprego. Esse país não pode continuar assim. Todos têm que poder ter onde morar, onde morar, o que comer.”
O presidente também teceu críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e disse que encontrou o país como a “Faixa de Gaza”. “Encontramos um país sem ministérios, sem funcionários e com um rombo de R$300 bilhões”, afirmou.
Lula também comemorou os números recentes da economia brasileira. “Hoje, temos o menor desemprego desde 2014. Hoje, temos um crescimento da massa salarial da renda das pessoas de 11,7%”, comemorou.
Em março, Lula anunciou a criação de 100 novos campi de institutos federais em todos os estados. Com a iniciativa, o país passa a contar com 782 unidades, sendo 702 campi de instituto federal.
Ao todo, foram investidos R$ 3,9 bilhões em obras por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Desse total, R$ 2,5 bilhões são para criar novos campi e R$ 1,4 bilhão para consolidar as unidades já existentes, com a construção de refeitórios, ginásios, bibliotecas, salas de aula e aquisição de equipamentos, de acordo com o Palácio do Planalto.
O Nordeste é a região que receberá o maior número de novos institutos federais nesta fase de expansão. Serão 38 campi nos nove estados. O Sudeste, com 27 novos campi, aparece na sequência, seguido de Sul (13), Norte (12) e Centro-Oeste (10). Os dados foram repassados pelo Ministério da Educação.
‘Taxa das blusinhas’
Nessa quinta-feira (27), Lula sancionou diversos projetos durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”. Entre eles, o Mover – programa de mobilidade verde e inovação no setor automotivo – e a criação de uma taxa de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 – conhecida como “taxa das blusinhas”.
A taxa das blusinhas foi incluída dentro do programa Mover na votação no Congresso Nacional. Os parlamentares acrescentaram a matéria na forma de um “jabuti”, termo legislativo que se refere à inserção de um tema não relacionado com uma proposta. O projeto provocou grande repercussão, principalmente nas redes sociais.
Lula havia sinalizado a construção de um acordo para a sanção da “taxa das blusinhas”, mesmo sendo contrário ao texto. “Quem é que compra essas coisas de US$ 50? A minha mulher compra. A mulher do [vice-presidente, Geraldo] Alckmin compra, a filha do [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad compra, porque são coisas que estão aí, baratinhas. Por que taxar US$ 50? Por que taxar o pobre e não taxa o cara que vai no free shop gastar US$ 1 mil? É uma questão de consideração com o povo mais humilde desse país”, disse o presidente na ocasião.