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Domingo, 24 de novembro de 2024

Educação

Olhar materno na educação: gestoras de escolas da rede estadual relatam rotina que transforma vidas

Olhar materno na educação: gestoras de escolas da rede estadual relatam rotina que transforma vidas

(Imagem: Ana Paula Lins e Cecília Calado / Ascom Seduc)

Afeto, cuidado e proteção são sentimentos que logo associamos às mães, nossas fontes de inspiração e referência. No entanto, tais aspectos também estão presentes em outras figuras, como aquelas que compõem a comunidade escolar, em especial, as gestoras da rede estadual de ensino. Junto às professoras, merendeiras e zeladoras, elas vêm revolucionando a educação, cuidando de milhares de estudantes com um olhar materno, que educa, mas também acolhe, ouve e protege.

Escola humanizada

Com 22 anos de experiência na rede estadual de ensino, uma das “mães gestoras” é Ely Quintela, da Escola Estadual Moreira e Silva, no Cepa. Gerenciando a escola, a professora orienta a equipe a sempre entender o contexto social dos estudantes. “Nós, como professores, temos que assumir uma postura que vai além de dominar o conteúdo em sala de aula. É necessário acolher os alunos e criar um vínculo com eles. Quando isso acontece, até o rendimento em sala de aula muda, tudo muda”, destaca ela.

É devido a essa necessidade de acolhimento que, segundo Ely, o instinto materno faz parte da rotina de grande parte das profissionais que atuam na Educação. “É quase impossível separar o instinto materno quando se convive diariamente com estudantes. No Moreira, por ser uma escola de tempo integral, os alunos acabam passando mais tempo na escola do que em casa. Eles passam por muitas mudanças na adolescência que carecem de um acolhimento de mãe que, por vezes, falta em casa. Faltando em casa, nós da escola temos que suprir”, explica.

 A gestora também menciona que todos que fazem parte da comunidade escolar participam, de alguma maneira, da formação dos estudantes. “Todos os profissionais que estão no dia a dia das escolas educam os alunos. Desde o vigia, quando os recebem pela manhã, às merendeiras que cuidam da alimentação deles. Cada um de nós deixa uma marca na vida acadêmica desses estudantes, então é importante que sejamos lembrados por termos um olhar humanizado e empático”, ressalta ela.

 Por último, Ely demonstra a sua satisfação em educar. “É uma tarefa árdua, mas feita com muito amor. Quando olho para os alunos, lembro dos meus filhos, então os trato como se fossem meus filhos também. Para mim é uma alegria tamanha vê-los passando nas universidades e se formando como grandes profissionais”, diz a educadora.

Professores como referências para os alunos

Outra “mãe gestora” é Valdirene Ferreira, da Escola Estadual Jarsen Costa, no Jacintinho. Além de professora, Valdirene já atuou como técnica de acompanhamento pedagógico e articuladora de ensino. Agora como gestora, ela lida com estudantes dos anos iniciais (1º ao 5º ano do ensino fundamental), na fase da alfabetização, e que demandam didáticas específicas dos professores.

 Assim como Ely, Valdirene também afirmou, em entrevista, que constantemente as professoras têm a tendência de atuarem semelhante a uma figura materna. “A gente sempre se enxerga como mãe do aluno, principalmente quando ele não recebe tanta atenção em casa. Percebendo essa carência, a gente lida com aquele estudante de maneira realmente mais maternal e diferenciada, tentando fazer com que ele se sinta importante e amado”, revela.

 Outro ponto importante que a gestora defende é que a visão de mundo da educadora é ampliada quando se torna mãe. “Quando somos mulheres e professoras temos uma visão de mundo, mas quando somos mulheres, professoras e ainda mães, a nossa forma de ver a sociedade é totalmente diferente. Começamos a tratar os estudantes de forma ainda mais sensível, como queríamos que os nossos filhos fossem tratados”, frisa.

Para Valdirene, contribuir como gestora da rede estadual de ensino significa uma missão de vida. “Temos a responsabilidade de educar as crianças e adolescentes que futuramente serão os próximos cidadãos, que farão a diferença ou não. Por isso é tão importante acolhê-los, porque somos a maior referência para muitos, a inspiração e a quem eles se espelham”, reitera ela.

*Agência Alagoas