A atriz Adriana Lessa, de 52 anos, precisou encarar uma missão e tanto em agosto, logo após a morte de Léa Garcia, aos 90 anos, quando a veterana estava em Gramado para ser homenageada no Festival de Cinema da cidade gaúcha.
Isso porque a atriz, que protagoniza o musical O Admirável Sertão de Zé Ramalho, entrou na produção, em cartaz no Teatro Prudential, no Rio, até o próximo domingo (29), para substituir Léa. "Não tem como substituí-la, respeito demais seu legado como artista para nossa cultura. Então venho aqui com alegria, honra e humildade para encarar essa missão. Trago elementos fortes da nossa ancestralidade, música e vibração dentro desse universo mágico do Zé Ramalho", conta Adriana.
Para Adriana, Léa foi uma "pioneira das artes" e ampliou a oportunidade para as mulheres negras na dramaturgia. "Léa Garcia é grandiosa! Ícone das artes, do teatro, do cinema, da TV e questões sociais. Ela é uma importante referência para a cultura brasileira", derrete-se, explicando por que foi chamada para substituir a renomada atriz, que tinha mais de 100 produções no currículo, incluindo cinema, teatro e televisão.
"Pela afinidade artística, pelo carinho, pela amizade e pela minha proximidade com Léa fui convidada para dar continuidade ao processo teatral que ela já havia iniciado e, com grande responsabilidade e amor, espero manter vivo seu legado", afirma.
Zé Ramalho, de 74, aprovou a performance de Adriana na peça. "Após a apresentação ele ficou emocionado e feliz e disse que eu fazia um trabalho psicanalítico que sabia ser difícil", orgulha-se.
Viagem pelo tempo
Além de Adriana Lessa, o elenco do musical conta ainda com Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro e Tiago Herz, e tem dramaturgia estruturada em cinco módulos.
Batizado com o nome da cidade natal de Ramalho, Brejo do Cruz apresenta as origens do artista criado no interior da Paraíba. Campina Grande tem o nome da cidade onde começou o interesse de Ramalho pela música. João Pessoa expõe em cena a viagem lisérgica da vida do artista e o início da efetiva criação da obra do compositor.
Já Rio de Janeiro rememora a batalha do cantor por um lugar ao sol no mercado da música, momento em que Zé Ramalho passou fome a chegou a se prostituir. Por fim, Popstar faz a representação da glória alcançada a partir de 1978, ano em que o cantor gravou o primeiro álbum solo com músicas como Avohai, Chão de giz e Vila do sossego.