Lea Garcia morreu aos 90 anos de idade nesta terça-feira (15). A artista estava na cidade gaúcha de Gramado, onde receberia uma homenagem no Festival de Cinema de Gramado nesta noite, e sofreu um infarto. A informação foi confirmada por familiares da atriz nas redes sociais. "É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado da nossa amada Léa Garcia", diz a mensagem.
Em 2022, Léa comemorou 70 anos de carreira nos palcos, atuando na peça A Vida Não É Justa, ao lado de nomes como Tonico Pereira e Emiliano Queiroz. Sempre ativa na profissão, Léa havia sido convidada para participar do remake da novela Renascer, da TV Globo, previsto para 2024.
No ano passado, a atriz concedeu uma entrevista para Quem contando, com satisfação, da alegria em ser convocada para papéis versáteis que não levam em consideração sua idade ou cor de pele. "Recentemente só me chamavam para fazer Mãe de Santo ou mulher preta – agora foi para fazer, simplesmente, uma mulher", afirmou em entrevista para Quem.
LEGADO E CARREIRA DE LÉA GARCIA
Figura histórica do teatro no Brasil, Léa iniciou a carreira no Teatro Experimental do Negro (TEM) – companhia fundada por Abdias do Nascimento, artista e ativista pelos direitos civis da população negra – em 1952, com apenas 19 anos.
Léa Garcia iniciou na carreira artística com apenas 19 anos — Foto: Reprodução/Instagram
Única atriz brasileira a ter trabalhado em um filme que recebeu um Oscar, Léa, dama do teatro e da história da dramaturgia brasileira, coleciona mais de 100 trabalhos no cinema, televisão e teatro. O longa de produção francesa Orfeu Negro (1959), vencedor da categoria de melhor filme estrangeiro, contou com músicas inéditas de Tom Jobim.
Léa também participou do espetáculo que deu origem ao filme, Orfeu da Conceição (1956), de Vinícius de Moraes, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com cenário de Oscar Niemeyer.
No ano passado, Léo chegou a ser homenageada pelo programa Conversa com Bial, na TV Globo, emissora em que trabalhava desde 1970. “No momento que eu pisei no teatro eu senti que realmente era a profissão da minha vida, era o que eu queria ser para o resto da vida, até morrer”, e explica como busca trazer uma reflexão por meio do papel de atriz acerca da imagem de mulher negra: “Eu sou uma atriz que tem consciência dessa questão [...] e faço trabalhos que são me apresentados algumas vezes de forma bastante estereotipada, mas procuro trazer para o grande público, em especial para o público negro, a minha mensagem, seja através de um olhar, um gesto, tentando desmistificar o estereótipo”.
Com grande amor pela profissão, Léa se manteve em atividade. No ano passado, ela estreou o longa O Pai da Rita, dirigido por Joel Zito Araújo e produzido pela Globo Filmes.
Léa Garcia, como a invejosa Rosa, em Escrava Isaura (Globo, 1976) — Foto: Reprodução
Léa Garcia, como Rita, na novela 'Maria, Maria' (Globo, 1978) — Foto: Reprodução
Léa Garcia, como Cida, no remake de 'Anjo Mau' (Globo, 1997) — Foto: TV Globo
Léa Garcia, como Laura, na série Arcanjo Renegado (Globo, 2020) — Foto: Juliana Coutinho/TV Globo
Léa Garcia como Luzia na novela Sol Nascente (Globo, 2016) — Foto: Paulo Belote/TV Globo
Léa Garcia e Laura Cardoso juntas no Festival de Cinema de Gramado 2023 para receber homenagem — Foto: Reprodução/Instagram