Sábado, 28 de setembro de 2024
Sábado, 28 de setembro de 2024
A goiana Luana da Silva, 26 anos, vivia um relacionamento a três quando passou a ser chamada de Pocahontas. “Eu, meu ex-namorado e minha ex-namorada frequentávamos casas de swing e, nessas casas, começaram a me chamar assim”, lembra.
Hoje, o nome é um dos mais conhecidos do site Câmera Privê, que reúne adeptos do camming. A prática cresce no mercado erótico, com cam girls e cam boys faturando para se apresentar ao vivo e realizar desejos de seguidores em frente à câmera.
Nesta semana, o g1 publica uma série de reportagens para desvendar o trabalho de cam girls e cam boys de sucesso no Brasil.
Pocahontas, estrela do camming, em foto publicada no Instagram — Foto: Reprodução/Instagram
Foi através do ex-namorado que Pocahontas conheceu o camming. “Ele viajou para a fora do Brasil, onde já era muito comum esse tipo de trabalho, com gente fazendo muito dinheiro. Fiquei curiosa.”
“Comecei a fazer pelo dinheiro. Sempre trabalhei com carteira assinada, mas não eram trabalhos que me davam essa possibilidade de ganhar bastante."
Na plataforma, é possível faturar vendendo assinaturas e conteúdos em fotos e vídeos, como em outros sites adultos. A maior parte do dinheiro, no entanto, circula nos chats ao vivo, que têm várias modalidades e tarifas cobradas por minuto. Funciona assim:
Em todos os formatos, o valor gasto pelo tempo de conversa é mostrado aos pagantes na tela em tempo real. O Câmera Privê fica com metade do faturamento e o restante é embolsado pelos produtores de conteúdo.
Lançado em 2012 por uma empresa brasileira, o serviço propõe um dos novos modelos de negócio, que mudaram radicalmente o mercado adulto nos últimos 15 anos. Nessas plataformas, criadores podem faturar com transmissões eróticas e conteúdo amador, gravado em casa, sem o intermédio de grandes produtoras.
Mas lucrar nessa indústria pode não ser tão fácil quanto parece. Como o pagamento é feito por minuto no Câmera Privê, ganha mais quem dedicar mais tempo à plataforma. Em fóruns sobre o assunto na internet, há relatos de usuários que passam até 12 horas por dia ao vivo no site.
Cam girl Pocahontas diz que passa em média três horas por dia ao vivo no Câmera Privê — Foto: Reprodução/Instagram
Pocahontas diz que passa em média três horas diárias nas transmissões. “Dedico uma hora por turno”, afirma. “Tento não entrar sempre no mesmo horário, para atingir novos públicos.”
Com mais de 70 mil seguidores no Instagram, a criadora também faz venda avulsa de conteúdo e tem canais pagos de assinaturas em aplicativos de mensagens, em que a renda vai toda para ela, sem o intermédio das plataformas. Assim, no caso de Pocahontas, o Câmera Privê acaba sendo acima de tudo um meio de divulgação de sua imagem.
Para atrair mais espectadores, a brasiliense costuma levar convidados às transmissões: se apresenta acompanhada de amigas e do atual namorado. “Existe um público que só quer ver casais”, explica.
“As pessoas se interessam muito pelo fato de ser uma troca verdadeira, sem fingimento. O site não tem muitos casais, mas os poucos que têm fazem muito sucesso."
Seja sozinha ou acompanhada, ela se diz aberta a realizar desejos dos espectadores, que pagam para ter seus pedidos atendidos. "Poderia passar uma lista de pedidos inusitados, estranhos e engraçados", brinca.
"Acho que o que as pessoas mais ficam chocadas quando eu conto é o fetiche do balão. Um cara entra na minha transmissão e eu tenho que estar com bexigas. Ele só quer que eu fique enchendo o balão até ela estourar. Quando a bexiga estoura, é o momento em que ele chega lá."
Cam girl Pocahontas em foto publicada no Instagram — Foto: Reprodução/Instagram
*G1