Sexta-Feira, 15 de novembro de 2024
Sexta-Feira, 15 de novembro de 2024
[ALERTA: este texto aborda assuntos como violência doméstica e violência contra a mulher, podendo ser gatilho para algumas pessoas. Caso você se identifique ou conheça alguém que esteja passando por esse problema, denuncie! DISQUE 180]
Ana Hickmann, de 42 anos de idade, deu sua primeira entrevista desde a agressão que sofreu do marido, no último dia 11. A apresentadora detalhou ao Domingo Espetacular como a discussão com Alexandre Correa, de 52, escalonou até a violência física, falou sobre o filho ter sido testemunha da briga, se abriu sobre o histórico de violência doméstica na família, confirmou que deu entrada no divórcio respaldada pela Lei Maria da Penha e está em dívidas devido à má gestão do empresário, contou que foi salva pelo cachorro que resgatou recentemente numa estrada e admitiu que vivia numa relação tóxica.
“Eu tô falando da figura de um agressor, de um covarde, de um canalha que acha que tem poder e domínio sobre os outros”.
"Naquele dia, estava tendo uma conversa com meu filho, na cozinha, sobre mudanças que provavelmente aconteceriam em nossa vida, coisas que ele está acostumado. Por conta dessa conversa e de outras coisa que aconteceram antes, a briga começou, fui achincalhada pelo Alexandre, começou com uma briga verbal e depois terminou do jeito que o Brasil descobriu".
"Ele [Alexandre] começou a reclamar de que eu não tinha o direito de falar com meu filho [sobre os problemas financeiros enfrentados], que a gente não ia perder nada, que eu era louca, que tava traumatizando o menino. Admitir os problemas ele não gostou e nisso a briga começou ficar mais acalorada, o Alezinho começou a gritar, pedindo 'parem', porque essas brigas verbais eram constantes dentro de casa. O Alezinho correu para a piscina, o Alexandre seguiu o Alezinho, falando 'sua mãe é louca, ela tem que parar com isso'. E eu [falando] 'para com isso, você está criando mais uma vez uma mentira', e aí o negócio começou a esquentar, foi onde eu pedi para a funcionária levar o Alezinho para a parte de trás da casa".
"Você vai me bater? Não vai ter coragem de me bater depois de tudo. Você não admitir as mentiras, eu entendo, agora, me bater? Quando falei isso, a feição dele mudou totalmente. Ele veio, sim, pra me dar uma cabeçada. Jogou o corpo e veio pra cima. Não me acertou porque eu esquivei".
"Ele começou a perder o controle mais ainda e eu comecei a gritar, pedindo socorro. 'Socorro, chama a polícia!' Nessa, eu comecei a me desvencilhar dele e eu fiquei com muito medo. Minha cozinha tinha uma porta de correr e quando eu fui fechar, começamos a brigar. Quando ele viu que eu não ia largar a porta, ele bateu com toda força e fechou a porta na parte do meu cotovelo [...] Nisso, eu sentei na mesa e eu não mexia mais meu braço, não conseguia mais ter movimento. Ele ia em direção à cozinha, ele ia pular a janela e ele só parou quando eu liguei 190 e a policial atendeu do outro lado. Ainda bem que existe 190, porque se eu não tivesse ligado, ele teria entrado por aquela janela e eu não sei o que teria acontecido".
"Quando ele [Alexandre] viu que eu não ia largar a porta, ele pega e bate com toda a força no meu cotovelo. Acho que eu estava com a adrenalina ali, o sangue quente, tão forte que, na hora, não senti dor, mas os meus cachorros estavam atrás de mim, a Fani e o Joaquim, latindo muito por conta da briga. Como eles já tinham visto ele gritar muitas vezes, toda vez que ele gritava, os cachorros ficavam muito alterados em casa. E aí, eu gritei: "Pega!", e meu cachorro pegou. O Joaquim voou para cima dele e eu consegui fechar a porta e travar as janelas também".
"Muita gente achou que eu estava quieta desse jeito porque ia voltar atrás. Não. [Já dei entrada] Pela Maria da Penha. A lei está aí para nos proteger. Eu dou notícias todos os dias sobre isso... é muito mais rápido porque fica muito claro que aquele relacionamento não pode mais existir, porque senão a gente tem que provar que aquele relacionamento ainda pode ser tentado. A gente tem que saber usar, isso vale para todas".
"Era tóxica há bastante tempo. Tentei me desvencilhar algumas vezes, mas as pessoas ao meu redor tentavam te convencer que você [eu] estava errada. O Alexandre sempre teve um temperamento muito difícil. Explosivo. Nunca tinha sido 'físico' comigo. Mas explosivo, de falar. Acabei me acostumando a ouvir muitas coisas e as pessoas ao nosso lado também. Quem tava ao meu redor dizia que eu tava louca, que eu não podia fazer isso. 'Você tá louca, ele te ama, ele tá fazendo tudo para proteger vocês'. Eu me acostumei com o jeito dele e depois eu vi que não existia mais amor ali, era um grande negócio".
"Ele controlava minha agenda para qualquer coisa e não falo só de trabalho. Determinava dia de academia, médico. No dia 1º de janeiro deste ano, olhei para ele e falei: 'chega, eu não sou um objeto. Marido e mulher aqui não existe mais'. Tirei ele do meu quarto, tirei a aliança da minha mão. As pessoas estavam tão acostumadas com aquilo que não perceberam".
"Não posso entrar em detalhes, porque a investigação corre sob sigilo. O que eu posso dizer é que na quinta que antecedeu a agressão na minha casa, eu encontrei documentos, cheque, muita coisa. Tinham assinaturas que tenho certeza que não são minhas. Existe uma grande investigação de fraude, desvio e falsidade ideológica. É a única coisa que posso falar por enquanto".
"Muitos depois daquela ligação tentaram me convencer de não ir para a delegacia, no dia seguinte também. Agora entendo porque muitas chegam a ir à delegacia, prestam queixa e voltam atrás. Não é só por medo do agressor, é porque as pessoas te fazem fazer isso".
"Essa marca que tenho na minha mão é dele [do meu pai]. Por isso jurei que nunca ia deixar nenhum homem fazer isso. Mas me permiti ser agredida e abusada de outra forma".
*Quem