Daniela Mercury vai puxar trio no Carnaval do Rio pela primeira vez: 'Não vou deixar o samba morrer'

Durante o papo, a artista baiana relembrou algumas de suas passagens pela Marquês de Sapucaí, o ícone máximo do Carnaval Carioca. "Nunca puxei um trio elétrico no Carnaval. Mas estive (cantando) na Apoteose três vezes, desfilei na Portela, curti no desfile das campeãs. Também já estive em algumas escolas de samba", lembra.

Daniela avalia que a presença de uma cantora baiana puxando um trio elétrico no Rio de Janeiro é muito representativo para o axé e ritmos da Bahia. "É hora de devolver e reforçar a presença do nosso gênero musical dentro do Carnaval. Porque o axé foi muito importante e continua a ser. É um grande incentivador da cultura de rua, do Carnaval", destaca.

Completando quase 40 anos de carreira, e com 60 de vida, Daniela atribui à sua geração de artistas parte do sucesso dos festejos de rua no país. "Eu, Margareth e as outras que se seguiram a nós são responsáveis pela carnavalização do Brasil. Do orgulho de fazer Carnaval, na relação mais profunda. Vários artistas, vários grupos que vieram trazendo a cultura do Nordeste. Que é uma cultura que foi construída em cima do trio elétrico", reforça.

Rainha do Axé, e com shows extremamente performáticos e dançantes em cima do seu trio, Daniela comemora que artistas de outros gêneros no alto de trios elétricos. "Até a turma de sertanejo. Mas quem fez a música acontecer no Brasil, como elemento pop e um gênero, fomos nós. E a partir disso, com toda a diversidade e antropofagia do povo baiano. Está na hora da gente se misturar com vocês", completa.

O circuito de megablocos do Carnaval do Rio de Janeiro é composto por nomes que levam, por baixo, 1 milhão de pessoas aos seus desfiles. Neste grupo estão nomes como Preta Gil, Ludmilla, Anitta, Monobloco, Chora Me Liga, Carrossel de Emoções e o centenário Cordão do Bola Preta.

"O funk é fortíssimo no Rio. O pagode, o samba. A gente é muito parecido, e muito diferente. O trio elétrico é um grande palco em que estamos em contato direto com uma multidão, uma imensidão de pessoas, um mar de gente", afirma.

Há quase 40 anos puxando um mar de foliões em Salvador, Daniela também desfila há 7 na festa de rua em São Paulo. "Sonhava com isso há muito tempo. Eu quero viver essa experiência, que será muito nova para mim. Os cariocas vão me ensinar a fazer Carnaval aqui".

Quase uma tradição dos megablocos do Carnaval do Rio de Janeiro é chamar artistas convidados para dar uma palinha durante o percurso. "Será que pode vir aí? Será que eu posso? Se quiserem faço músicas do Rio, mas acho que os cariocas fazem melhor do que eu", despista aos risos.

Dito isto, Daniela completa confiando em sua trajetória para animar o público. "Acho que eu vou ficar no meu quadrado, que é bastante grande. É imenso. E homenageio sempre Gonzaguinha, Betty Carvalho, os frevos de Gal... Nós somos de muitos lugares do mundo. Sou do samba reggae. Fiquem tranquilos que não vou deixar o samba morrer", conclui entoando o clássico de Alcione.