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Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Entretenimento

Diretor Zé Celso morre aos 86 anos em São Paulo

Diretor Zé Celso morre aos 86 anos em São Paulo

(Imagem: Edson Lopes Jr./Divulgação)

José Celso Martinez Corrêa, considerado um dos mais importantes intelectuais e lideranças do teatro brasileiro, morreu, aos 86 anos de idade, na manhã desta quinta-feira (6), na cidade de São Paulo. O estado de saúde do dramaturgo havia tido um agravamento nesta quarta-feira (5), quando desenvolveu um quadro de insuficiência renal.

Desde então, o quadro se agravou, sem que ele conseguisse responder ao tratamento. O diretor teve falência dos órgãos na manhã desta quinta. Ele havia sido internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, após sofrer queimaduras no corpo devido a um incêndio em seu apartamento no bairro do Paraíso, na manhã do dia 4 de julho. Seu quadro foi considerado grave e 60% do corpo teria sido atingido pelas chamas.

A morte do dramaturgo foi anunciada no perfil oficial do Teatro Oficina. "Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo'. Nossa fênix acaba de partir para a morada do sol. Amor de muito. Amor sempre", diz o texto que homenageia o artista.

Teatro Oficina anuncia morte de Zé Celso — Foto: Reprodução/Instagram

Teatro Oficina anuncia morte de Zé Celso — Foto: Reprodução/Instagram

Nascido em Araraquara, no interior paulista, ele foi um importante diretor, autor, ator e líder do Teatro Oficina. Mais conhecido como Zé Celso, ele tinha se casado com o diretor Marcelo Drummond, de 60 anos, em uma cerimônia que reuniu personalidades como Daniela Mercury, Marina Lima e Leona Cavalli, realizada em junho de 2023. Os dois estavam juntos há 37 anos.

Zé Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond — Foto: Reprodução Instagram

Zé Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond — Foto: Reprodução Instagram

TRAJETÓRIA DE ZÉ CELSO

Nos tempos de estudante universitário na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ele fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina. Seus primeiros textos, Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959), ambos autobiográficos, são montados pela companhia sob direção de Amir Haddad. O grupo passou por um processo de profissionalização a partir da década de 1960, realizando adaptações de textos internacionais como Todo Anjo é Terrível e Pequenos Burgueses.

Após o golpe civil-militar de 1964 no Brasil, Zé Celso decidiu viajar à Europa e aprofundar seus estudos, enquanto o Grupo Oficina excursionava pelo Uruguai. De volta ao Brasil em 1966, Zé Celso inicia os ensaios de Os Inimigos, de Gorki. Em 1968, Zé Celso dirige Roda Viva, de Chico Buarque, no Rio de Janeiro, sua primeira experiência fora do Oficina.

Tentando novos rumos artísticos, lançou, em 1974, um documento à opinião pública intitulado S.O.S., o que acabou fazendo com que fosse detido e torturado. Solto após 20 dias, parte para o exílio em Portugal. No ano seguinte, viaja para Moçambique. A volta para São Paulo aconteceu em 1978, quando tentou reacender o grupo, rebatizado Associação Teatro Uzyna Uzona.

José Celso Martinez Corrêa em registro de 2011 — Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

José Celso Martinez Corrêa em registro de 2011 — Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

Nos anos 1980, dedica-se à pesquisa e oficinas no Teatro Oficina. A volta aos palcos aconteceu em 1991, quando encenou As Boas, de Jean Genet (1910-1986), em que atua ao lado de Raul Cortez e Marcelo Drummond.

Sob a liderança de Zé Celso, o grupo continua suas atividades ao longo das décadas de 2000 e 2010, aprofundando as pesquisas em trabalhos que seguem a proposta de releitura dos textos originais.

CORDEL ENCANTADO: ÚNICA NOVELA DA CARREIRA

Apaixonado por teatro, ele teve algumas passagens pelo cinema e fez sua primeira (e única) novela em 2011, quando interpretou Amadeus em Cordel Encantado, na TV Globo. Na época, ele tinha 74 anos e afirmou para a Quem que não pretendia acompanhar o trabalho. "Detesto novela, não vou assistir de jeito nenhum. Trabalho à noite fazendo teatro. Aceitei fazer a novela, porque há potencial para diferentes tipos de linguagem, e a possibilidade de fazer um teatro eletrônico na TV", explicou, enaltecendo a proposta dramatúrgica das autoras Thelma Guedes e Duca Rachid.

Ele conta que pensou em desistir da trama quando teve que embarcar para a Europa, onde foram feitas as primeiras cenas. "Quando cheguei ao aeroporto de Guarulhos, falei 'não vou mais'. Mas conversei com o diretor (Ricardo Waddington) e fui". Apesar de avesso à teledramaturgia, o ator reconheceu que Cordel Encantado era diferenciada: "É empolgante porque a Globo está expandindo a vertente da arte", disse em entrevista para Quem.

José Celso Martinez Corrêa, como Amadeus, na novela 'Cordel Encantado' (Globo, 2011) — Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

José Celso Martinez Corrêa, como Amadeus, na novela 'Cordel Encantado' (Globo, 2011) — Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

POLÊMICA COM SILVIO SANTOS

Durante mais de 40 anos, Zé Celso e Silvio Santos travaram uma briga por conta do área onde está localizado o Teatro Oficina. Silvio é dono de um terreno nos arredores do teatro no bairro do Bixiga, na região central da cidade de São Paulo.

O apresentador e empresário pretendia construir um edifício para o Grupo Silvio Santos no local. Zé Celso, alegando que o empreendimento prejudicaria o Teatro Oficina, levou o caso para a Justiça e o imbróglio se arrasta por quatro décadas.

Na semana do casamento de Zé Celso e Marcelo, em junho de 2023, a empresa Residencial Bela Vista, do qual o Grupo Silvio Santos é proprietário, entrou com um pedido de liminar para impedir qualquer tipo de ação no terreno, determinando uma multa de R$ 200 mil no caso do descumprimento.

Zé Celso Martinez Corrêa — Foto: Reprodução Instagram

Zé Celso Martinez Corrêa — Foto: Reprodução Instagram

Zé Celso Martinez Corrêa — Foto: Reprodução Instagram

Zé Celso Martinez Corrêa — Foto: Reprodução Instagram

*Quem