[ALERTA: este texto aborda assuntos como abuso e exploração sexual infantojuvenil, podendo ser gatilho para algumas pessoas. A denúncia é essencial para proteger crianças e adolescentes. Se você suspeitar de casos de violências, disque 100 ou mande WhatsApp para (61) 99656-5008 para registrar a denúncia que é gratuita e pode ser anônima]
Ator desde os seis anos de idade, Eike Duarte, de 26, gosta de abordar temas delicados, que levam à conscientização coletiva, através de seus personagens. Em 2018, por exemplo, o artista viveu Álvaro em Malhação: Vidas Brasileiras. O personagem tinha depressão, doença que, segundo dados da OMS, afeta mais de 350 milhões de pessoas, de todas as idades, ao redor do mundo.
Em maio, que é o mês de conscientização ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, Eike foi convidado para mais um desafio: interpretar um abusador infantil no curta-metragem Eu Tenho Uma Voz, para o Canal Futura e disponível no Globoplay.
"O curta aborda um assunto bem delicado, que é o abuso sexual infantil. Tivemos uma preparação de corpo com a Inês Aranha, da Escola de Atores Wolf Maya. Ela teve muito cuidado com o elenco dentro do set. A Rafa Mandelli fez a irmã do meu personagem, foi incrível trabalhar com ela. O Ivo Müller fez o pai da Gabi [apresentada em três idades diferentes: 8, 13 e 32 anos] e eu interpretei o tio abusador", diz.
Eike Duarte é casado com Natália Vivacqua e pai de Filipa — Foto: Reprodução/Instagram
Eike Duarte e Rafaela Mandelli posam em bastidores de curta — Foto: Reprodução/Instagram
Eike Duarte com Clara Verdier e Ivo Müller nos bastidores do curta 'Eu Tenho Uma Voz' — Foto: Reprodução/Instagram
Dentro de casa
De cunho social, o curta-metragem é um musical de oito minutos que visa contribuir com a prevenção e enfrentamento do abuso sexual de crianças e adolescentes. A canção é a espinha dorsal da história em contraste com os acontecimentos trágicos do abuso. Patrocinado pela Childhood Brasil, o filme tem como objetivo conscientizar a população que o tema não deixa de existir porque não é discutido – na verdade o problema só se agrava quando é silenciado.
"Quando veio o convite, falei: 'acho que é uma mensagem'. Até porque o personagem surgiu durante um passeio de cachorro de um primo meu com a vizinha dele, que é a dona do projeto. Ela falou para ele: 'preciso de um cara que não tenha o estereótipo de abusador'. Apesar disso não ter estereótipo...", opina.
Isso porque, segundo Eike, o curta reforça um dado estatístico: o abuso sexual infantojuvenil ocorre em sua maioria por pessoas muito próximas à vítima. E o filme desmistifica o abusador como um único perfil: ele pode ser o parente próximo, um jovem, um idoso.
"Ela disse ao meu primo que queria um cara que não parecesse um abusador para a sociedade. Aí meu primo disse para ela: 'tenho um primo que é ator'. Ela pediu para dar uma olhada e marcou uma reunião comigo no mesmo dia. Na call que ela fez comigo, já estava totalmente envolvido e dentro do projeto. E acabou rolando", recorda.
Eike Duarte, Ivo Müller, Maximiliana Reis, Bella Bertozzi e Rafaela Mandello nos bastidores do curta — Foto: Reprodução/Instagram
Mexido
Eike destaca que foi fundamental para o elenco a presença de uma equipe de psicólogos no set. "Nós tivemos muito apoio psicológico. Foi incrível ter uma equipe para tranquilizar o elenco. A preparação foi bem difícil para mim, gravar as cenas também. Mexeu muito comigo. Cheguei mal demais em casa", afirma ele, quando questionado como foi viver um abusador após se tornar pai.
O ator acredita ter conseguido fazer o papel com verdade. "No set tinha gente que não me conhecia pessoalmente e falou: 'olha, você fez de um jeito tão verdadeiro que estou com ódio, mas sei que não posso confundir porque você não tem nada a ver com isso'. Falei: 'galera, estou me despedindo desse personagem que foi talvez um dos mais difíceis que já fiz até hoje. Foi uma carga bem pesada", afirma.
"O tema é bem delicado, mas é uma mensagem muito importante. Se o convite surgiu da maneira que surgiu, em um passeio de cachorro... Normalmente fazemos testes para um papel. Acredito que foi tão destino... Ainda mais agora, que tenho uma pequena em casa", acrescenta.
Ao longo da carreira, Eike diz que foi entendendo o quanto era importante sua função de mudar vidas e contar histórias de pessoas que são silenciadas. "Como foi o caso do Álvaro, de 'Malhação', que tinha depressão e pensamentos suicidas. Esses personagens complexos acabam aparecendo para mim e eu abraço a ideia e embarco. Se tiver uma causa social me dá mais prazer de me envolver no projeto", destaca.
A produção é comandada por Clara Verdier, Gustavo Cabral e Mauricio Rodrigues. A direção é de Barbara Ramoz e Juliana Albuquerque. Já o elenco conta com: Clara Verdier, Bia Brumatti, Isabella Bertozzi, Rafaela Mandelli, Ivo Müller, Eike Duarte e Maximiliana Reis. No total, mais de 70 profissionais integraram várias áreas do projeto.
A Childhood Brasil é uma organização brasileira que faz parte da World Childhood Foundation, instituição internacional criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia. O seu foco de atuação é a proteção da infância e adolescência contra o abuso e a exploração sexual.
Eike Duarte posa em bastidores de curta — Foto: Reprodução/Instagram
Eike Duarte vive abusador em curta — Foto: Reprodução/Instagram
Eike Duarte posa em bastidores de curta — Foto: Reprodução/Instagram
Eike Duarte posa com equipe do curta 'Eu Tenho Uma Voz' — Foto: Reprodução/Instagram