Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
Uma fase madura na vida e na carreira. É assim Isabelle Drummond, 30 anos, define seu atual momento. A atriz está em cartaz, em São Paulo, com a peça “Tina - Respeito”, em que dá vida à personagem Tina - que saiu das tirinhas de Maurício de Souza -, mas que agora ganha uma versão mais adulta, vivendo uma jornalista que fala sobre temas como abusos contra a mulher, violência, machismo e outros.
Em entrevista ao gshow, Isabelle falou sobre o trabalho e fez reflexões sobre sua nova fase pós-30 anos (completados em abril deste ano). Ela fez ainda um paralelo da vida real com o que acontece com sua personagem na peça, e contou já ter vivido situações de assédio.
“Foram vários os episódios... Na peça, a Tina tem uma proposta de carreira através da exploração sexual. Nunca passei por uma situação dessas, mas sim por outros tipos de assédio. Desde a escola, com o bullying, o de ser uma atriz famosa e até da implicância dos meninos comigo. Às vezes, as coisas parecem pequenas, mas não são. Nós sempre temos que nos proteger na rua, no carro com o motorista de aplicativo...”, diz.
Para dar vida à personagem, Isabelle saiu em campo para ouvir histórias reais e entrar no universo de Tina. Durante muitos encontros, ela se emocionou com diversas descobertas e histórias de vida.
"Tiveram coisas que eu não vivi, mais pessoas próximas sim. Tive relatos de mulheres amigas que se abriram e foram fonte de inspiração para mim. Então, nos palcos, tem uma mistura das minhas experiências com a de outras pessoas. Isso tudo fez a construção da Tina", relata.
Na peça “Tina-Respeito”, a atriz conta que ao fim do espetáculo diversas mulheres vão falar com ela no camarim, e muitas se emocionam ao se verem retratadas em diversas histórias abordadas no palco.
"São mulheres e homens chorando com as questões abordadas porque sabemos que os meninos também sofrem com esse tipo de situação. Várias mulheres vieram me contar coisas que passaram e não sabiam que tinham sofrido assédio, mas começaram a entender tudo a partir da peça. A gente termina o espetáculo com um manifesto com a canção 'Para Todas as Mulheres', da Mariana Nolasco. É uma música que levanta e traz diversas questões femininas para a reflexão'., fala.
O espetáculo tem ainda a chancela da ONU Mulheres (Organização das Nações Unidas), que deu consultoria para a peça.
"Trazemos todo tipo de informativo da ONU para dentro do texto, para as mulheres saberem como se defender. A gente revisou tudo com a ONU, que nos pediu algumas informações. E temos a cartilha deles dentro do espetáculo", conta.
Isabelle se diz orgulhosa do trabalho, ao poder empoderar outras mulheres, e ao educar sobre o preconceito.
“O meu papel como artista é dar voz a esse tipo de causa, que já enfrentei. Trabalhei desde cedo e sei o que é ser mulher desde criança. Por isso, é necessário saber que existem várias situações[de preconceito]. Seja na forma de falar com uma mulher diferente numa reunião, não se direcionar a uma mulher, se tiver um homem por perto, entre outras. Já passei por todas essas coisas e vou continuar passando, independente das nossas conquistas e posições. A gente sempre vai ter que se defender de alguma maneira e acho que falar sobre o assunto é a maneira certa", diz.
Feliz, solteira e de bem com a vida, Isabelle conta que não se transformou numa nova mulher ao alcançar a casa dos 30. Apenas passou a se cobrar menos e ser mais tolerante consigo.
"Acho que fui acrescentando coisas para mim como conhecimento e hoje me vejo um pouco mais tranquila. Relaxei um pouco a forma de me enxergar. Apesar de ser autocrítica, estou me levando menos a sério. Talvez, esteja me cobrando menos. A gente leva tudo muito a sério, sabe?!.", reflete.
"Cada situação que a gente passa, ficamos pensando sobre aquilo. A vida vai passando e você vai se tranquilizando com isso. E tomei coragem para fazer algumas coisas como dirigir alguns trabalhos, empreender e fazer coisas que gosto no meu dia a dia", diz.
Reservada quando o assunto é vida pessoal, Isabelle conta que age de forma natural. Prefere deixar assuntos como namoro, términos e outros de lado para focar mais no trabalho.
"É um pouco da minha personalidade. Sou reservada e, ao mesmo tempo, tímida. Então, acho que é tudo bem natural. Não é nada pensado. Sou bem reservada mesmo, você viu bem. Risos", diz.
Longe dos folhetins desde a novela "Verão 90", a atriz conta que muitos fãs perguntam sobre o seu retorno à TV, algo que ela não descarta.
"Na verdade, quando acabou a novela, entramos em tempos de pandemia - que quando acabou eu estava produzindo outras coisas. Mas continuo amando novelas, pretendo continuar a fazer novelas. As pessoas estavam acostumados a estarem me vendo sempre nas novelas. Foi só um intervalo e a gente no Brasil sempre vai fazer novela. É a nossa cultura, o povo brasileiro cresceu, aprendeu a gostar de novelas. Então, é só me chamar que eu vou", finaliza