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Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024

Entretenimento

Estreando no RiR, Belo conta que tem recebido mais cantadas agora que está solteiro

Estreando no RiR, Belo conta que tem recebido mais cantadas agora que está solteiro

(Imagem: Thais Marques)

Ao pisar pela primeira vez no Rock in RioBelo terá a certeza de que estará fazendo história. Com mais de 30 anos de carreira, ele leva o samba e o pagode para o festival mais importante do Brasil. O artista sobe ao Palco Favela hoje cantando suas músicas românticas, mas ousa ao misturá-las com elementos do rock, gênero que marcou a história do festival, atualmente aberto aos mais diversos estilos. Para entrar na “vibe”, enquanto viajava com seu show pela região norte do país no último fim de semana, Marcelo Pires posou com uma guitarra em ensaio exclusivo para a Canal Extra.

   

Assim como o som eletrizante do instrumento, o pagodeiro tem vivido um momento arrebatador, com apresentações a perder de vista em todo Brasil, além de participações em séries e filmes como ator. Isso sem falar na separação de Gracyanne Barbosa, com quem foi casado por 16 anos.

Aos 50, Belo afirma estar numa das melhores fases da carreira, tal qual nos anos 90, quando estourou com o Soweto. Filho de uma costureira e de um pedreiro analfabetos, o cantor viveu uma trajetória de dificuldade, mas nada foi obstáculo para ele, nem mesmo o preconceito por ser pagodeiro.

Os acordes de Belo pulsam pelo amor à arte e à família, e ele não se cansa de demonstrar o carinho pela mãe, Terezinha, pelos quatro filhos (Paulo Arthur, de 32 anos, Paula, de 30, Ingrid, de 28, e Isadora, de 26) e pelos netos Haney, de 15 anos, Rafaela, de 12, e Alice, de 7. Mais um netinho vai chegar em dezembro, e isso é muito rock’n’roll, né, não?

Qual expectativa para pisar pela primeira vez no Rock in Rio?

O Rock in Rio tem um leque muito aberto. O Palco Favela foi criado para o samba, o rap... A ideia é prestigiar o povo da comunidade. Isso é muito importante para o nosso segmento. Me sinto lisonjeado em participar de um festival dessa grandiosidade representando o samba. Vai ser um marco na minha história. Vou levar um repertório com os meus sucessos, desde a época do Soweto até hoje. Nós vivemos um momento muito bom para esse tipo de música. Desde o ano passado, venho notando artistas de outros gêneros rumando para o nosso estilo. Tem Ludmilla, Leo Santana, Gloria Groove... Até a Ivete (Sangalo) quer fazer um projeto de pagode. Com isso, o movimento fica forte e em evidência. O samba merece isso.

O cantor Belo — Foto: Thais Marques
O cantor Belo — Foto: Thais Marques

Qual sua relação com o rock?

Eu tenho amigos em todas as vertentes da música e lógico que no rock’n’roll também. O meu irmão (Maurício) sempre curtiu muito. Ele ouvia Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Ira!, ACDC, Kiss... Cresci com essas músicas. Para eu ser sambista, tenho que escutar outros ritmos. Não podemos negar que esses artistas fizeram parte da história brasileira e são prestigiados até hoje. Também dá pra fazer uma mistura de rock com samba. Eu vou fazer algumas coisas do tipo no palco do festival... (risos).

O que você acha das críticas sobre a presença de outros gêneros musicais no Rock in Rio?

Cada um critica o que quer. Respeito esse pensamento e tá tudo bem. O Palco Mundo tem muito mais pop e rock’n’roll. Quais são os artistas internacionais mais esperados? A Ludmilla é rock? O festival cresceu e abrange vários segmentos. As pessoas que querem ir à Cidade do Rock não necessariamente curtem pagode, rap, trap... Mas elas podem ir nos dias do rock, né? A crítica tem que existir, mas também é preciso respeitar outras opiniões. A gente não pode deixar de considerar o quanto o festival cresceu e se popularizou.

Você já sofreu críticas por cantar pagode?

Sempre sofri um preconceito muito velado, mas isso nunca foi obstáculo para me impedir de vencer. Tenho o maior orgulho de ser um artista da comunidade, popular, pagodeiro... Saí da favela e fiz essa história de 30 anos de sucesso. Eu vivi um momento muito bom em 90, quando rolou a expansão dos grupos de pagode, e, agora, tô experimentado esse sucesso de novo. Sou um felizardo.

O cantor Belo — Foto: Thais Marques
O cantor Belo — Foto: Thais Marques

Qual é sua origem e como se descobriu como artista?

Meu pai (José Rodrigues, já falecido) e minha mãe são mineiros analfabetos que chegaram, entre as décadas de 60 e 70, para trabalhar em São Paulo sem expectativa de vida. Apesar das dificuldades, nunca me impediram de ter uma educação séria e boa. Sempre estudei em escola pública. Vivi numa família humilde, mas minha mãe ouvia MPB e samba, enquanto meu pai escutava música sertaneja. Aos 11 anos, ganhei um cavaquinho, que meu pai comprou num crediário parcelado em 15 vezes. Ele não chegou a ver o meu sucesso, mas tenho certeza de que está em outro plano muito feliz por ter me dado um instrumento e por ter me ensinado alguns acordes. Minha mãe mora comigo até hoje. Para onde eu for, levo minha mãezinha. Ela é a minha protetora. Ajoelha todos os dias e ora por mim. Foi a responsável por me ensinar a tratar as pessoas com respeito, independentemente de profissão, religião ou raça.

Você chegou a trabalhar em outra função?

Fui office boy numa imobiliária. Até fiz um curso de torneiro mecânico e ajustador no Senai no Ipiranga, em São Paulo, mas fui expulso no quarto mês, porque eu levava o cavaquinho, tocava no intervalo e não voltava para a aula. O diretor disse que o curso não era pra mim e me sugeriu estudar música. Que boa dica que ele me deu! Li livros da época e fiz aulas. Foi aí que comecei a carreira de cantor.

Qual a importância de ter 50 anos?

A minha vida tá começando agora. Quando eu olho para trás, eu tenho orgulho da minha história. Nunca pensei que ia chegar até aqui, já que nunca almejei o sucesso, ter dinheiro ou status. Sempre fiz música porque eu amo. Sem pretensão alguma. Acho que foi por isso que deu certo. Chego aos meus 50 muito feliz, apesar de alguns percalços terem acontecido. Mas as coisas ruins serviram para amadurecer. Não tem como apagar o passado. Reinicio diferente a partir dos 50 anos. A vida é agora.

O cantor Belo — Foto: Thais Marques
O cantor Belo — Foto: Thais Marques

Os últimos meses trouxeram muitas mudanças na vida pessoal...

Tô numa fase de estabilidade. Eu tô solteiro e refletindo sobre o que vale a pena ou não. Tudo que passei foi muito bom e fez com que eu crescesse. Agradeço a tudo, até ao meu antigo casamento. A Gracyanne (influenciadora de quem se separou no fim de 2023) foi muito importante. Não sou ingrato, ainda mais com as pessoas que me ajudaram e estiveram ao meu lado nos momentos em que mais precisei. Agora é bola para frente.

 

Tem aproveitado a solteirice?

Ficar sozinho é bom para se curtir, pensar mais em si. O amor-próprio tem que existir. Às vezes, situações acontecem para que a gente possa enxergar o outro lado das coisas. Eu tô feliz. O trabalho tem preenchido minha cabeça. A vida profissional tem uma demanda muito louca. Fiz filmes e séries também. Tô amando atuar. Se eu soubesse que era tão bom e libertador, já teria estudado e me tornado ator há muito tempo.

Você é daquelas pessoas que gostam de ter uma companhia sempre?

Eu já fui muito dependente. Hoje não me vejo mais assim. Ser solteiro traz benefícios que um homem casado não tem. Fiquei 16 anos casado. Eu não sabia o que era ser solteiro. Agora, estou recomeçando e reaprendendo aquilo que vivi quando era mais jovem (risos).

Você tem recebido mais cantadas agora que está solteiro?

(gargalhadas) A vida toda recebi cantadas, só que eu sou muito de boa, tanto que sempre fui de casamento, de ficar dentro de casa, de ter uma mulher só. Sou certinho para essas coisas. Lógico que (as cantadas) aumentaram (risos), mas sou supertranquilo.

O cantor Belo — Foto: Thais Marques
O cantor Belo — Foto: Thais Marques

Como faz para manter o pique aos 50?

Não bebo e não fumo (Belo deixou de fumar há dez anos). Por isso que eu aguento tanto a noite. Tenho aeronave que facilita as viagens, essa despreocupação é boa para minha saúde e disposição física. No mês que vem começo uma dieta focada no fim do ano. São muitos shows no Brasil todo.

Como é Belo vovô?

É muito gostoso ter neto. Você pode estragar eles de tudo quanto é jeito. Minha neta mais velha está com 15 anos. Olha que coisa mais gostosa! Dá para eu passear com ela no shopping e as amiguinhas dela são fãs do Belo (risos), assim como as amigas da minha filha. Sou muito ativo com a juventude, isso faz com que eu seja muito próximo dos meus filhos. A gente troca ideia sobre tudo.

Créditos do ensaio: Fotos Thais Marques @southaismarques Styling Caio Duarte @caiohduarte

*EXTRA