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Fábio Lago sobre 'Renascer': 'Tive que me isolar porque estava sendo grosseiro'

Fábio Lago sobre 'Renascer': 'Tive que me isolar porque estava sendo grosseiro'

(Imagem: Fábio Rocha/TV Globo)

Fábio Lago, 53 anos de idade, teve uma participação emblemática como Venâncio na primeira fase de Renascer e o personagem ainda será citado no desenrolar da história.

Com quase quatro décadas de carreira, iniciada quando ainda morava na Bahia, o ator chegou a ser cotado para integrar o elenco de apoio da primeira versão da novela, em 1993.

Natural de Ilhéus, cidade do litoral sul baiano, onde é ambientada a novela, Fábio não aceitou a proposta de participar da novela original, mas fez questão de se colocar à disposição para o remake.

"Fui chamado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, em 1993, mas não aceitei porque teria que parar Dona Flor e seus Dois Maridos, peça que estava produzindo na época. Desta vez, disse 'sim'", afirmou o ator, que iniciou a carreira na década de 1980, atuando em clássicos do teatro infantil como Pluft, O Fantasminha e A Bruxinha que era Boa.

Na TV, conquistou projeção ao interpretar personagens como Fabiano, em Caras e Bocas (Globo, 2009), e Nick, em O Outro Lado do Paraíso (Globo, 2017), além de se destacar em séries como Dom, na Prime Video, e Cidade Invisível, na Netflix. Com Renascer, experimentou algo que ainda não havia vivenciado na profissão: "Nunca levei personagem para casa, mas esse tive que levar para acessar minhas sombras, sombras da minha família e memórias de dentro de mim. É um tipo muito polêmico. Tive que me isolar do mundo porque estava sendo grosseiro com as pessoas, dando patadas (risos). Investi tudo o que pude nos dramas e loucuras do personagem".

Ao falar sobre o trabalho com Quem, em conversa por videochamada, Fábio foi às lágrimas. "Emprestei tudo o que tenho de bom e o que tenho de ruim ao personagem (emociona-se e respira fundo). Realmente me emociono por viver esse momento. Estou vivendo um renascimento."

Quem: Renascer tem sido muito elogiada por público e crítica. Embora o Venâncio, seu personagem, não faça parte da segunda fase, ele ainda é citado e está por trás de alguns desdobramentos que veremos na trama. Como você vê o sucesso da novela? Fábio Lago: O texto é de uma beleza rara. Temos uma equipe fenomenal -- e não me refiro apenas ao elenco. Há muito amor envolvido. Sabemos da responsabilidade do remake. É uma responsabilidade delicada, mas não pesa nas minhas costas. Foi um privilégio viver o Venâncio. Busquei entregar o máximo que posso. Investi tudo o que pude nos dramas, contradições e loucuras do personagem.

Você é de Ilhéus, cidade onde é ambientada a novela. Isso trouxe um gostinho especial ao trabalho? Estou emocionado e reflexivo porque essa obra é muito importante para mim. Sou de Ilhéus e fui chamado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho na época que ele fez Renascer, em 1993, mas não aceitei porque teria que parar Dona Flor e seus Dois Maridos, peça que estava produzindo na época. Na época, iria fazer o elenco de apoio da primeira versão da novela.

E 30 anos depois... Fui chamado de novo. Desta vez, disse "sim". É um personagem gigante e, talvez, um dos meus maiores desafios em novelas. Um personagem cheio de contradições, cheio de amor e cheio de ódio. Venâncio é um personagem muito difícil, incrível e cheio de camadas.

É verdade que você foi atrás da vaga no elenco? Quando soube que teria o remake de Renascer, logo pensei em entrar no Instagram do Bruno [Luperi, autor] para dizer que nasci em Ilhéus, na beira do mangue... Mas esperei porque estava gravando Justiça 2 com o Gustavo [Fernandez, diretor]. Quando uma diretora de arte disse que o diretor de Renascer também seria ele, peguei o contato, mandei mensagem para me oferecer, que gostaria de me colocar à disposição para a novela por considerá-la emblemática demais para mim, que sou de Ilhéus. Ele logo me respondeu e disse: "Poxa, Fábio, que bom receber sua mensagem. Na verdade, seu nome já está lá com nossa produtora de elenco. Não sei qual será seu personagem, mas você já está com a gente".

Seu nome, então, já estava nos planos da direção. Como reagiu? Caramba! Fiquei muito feliz por saber que faria Renascer depois de 30 anos de tudo o que tinha vivenciado. É um personagem que gostei muito de fazer. Renascer é um dos maiores folhetins que já tivemos na teledramaturgia.

Fábio Lago, como Venâncio, em 'Renascer' (Globo, 2024) — Foto: Fábio Rocha/TV Globo
Fábio Lago, como Venâncio, em 'Renascer' (Globo, 2024) — Foto: Fábio Rocha/TV Globo

A construção do Venâncio exigiu mudanças no seu dia a dia? Gosto muito de compor personagens. Quando faço humor, coloco um toque de drama. Quando faço drama, busco algum ponto de humor. Não somos maus o tempo todo, nem bons o tempo todo. O Venâncio é primitivo e tive que deixá-lo tomar conta de mim. Nunca levei personagem para casa, mas esse tive que levar para acessar minhas sombras, sombras da minha família e memórias de dentro de mim. É um tipo muito polêmico. Tive que me isolar do mundo porque estava sendo grosseiro com as pessoas, dando patadas (risos). Investi tudo o que pude nos dramas e loucuras do personagem. Não trouxe julgamentos para ele, mas também não o defendo. Emprestei tudo o que tenho de bom e o que tenho de ruim ao personagem (emociona-se e respira fundo). Desculpe, mas eu realmente me emociono por viver esse momento. Estou vivendo esse renascimento.

Que forma de renascimento? Passamos por uma fase delicada na pandemia. Cheguei a achar que não trabalharíamos mais. Poder fazer Renascer na minha terra, com esse elenco de gente humana, sem aquela vaidade que costumamos ver em determinados trabalhos... Fico muito lisonjeado e agradecido por fazer o Venâncio.

Conversando com outros atores da elenco, muitos quiseram ver ou rever a primeira versão de Renascer. E você? Não quis olhar a outra versão. Em 1993, tinha visto a primeira fase -- e realmente amo a primeira fase. Mas eu estava numa fase em que não podia parar de trabalhar para ver TV. Cheguei a fazer quatro peças diferentes na mesma semana. Eu vim do nada e ficava trabalhando, trabalhando, trabalhando... Não vi praticamente nada da novela. Agora, teria o material para ver, mas optei por não assistir. É uma outra leitura, está repaginada. Quis me arriscar e não vi nada para a construção do atual Venâncio. Quis que ele aflorasce em mim junto com a equipe deste trabalho. É a primeira vez que me envolvo desta maneira com um personagem. Muitas coisas brotaram com esse personagem. Agradeço demais a Belize Pombal e Duda Santos, minhas parceiras de cena.

Fábio Lago, caracterizado como Venâncio, em 'Renascer' (Globo, 2024) — Foto: Fábio Rocha/TV Globo
Fábio Lago, caracterizado como Venâncio, em 'Renascer' (Globo, 2024) — Foto: Fábio Rocha/TV Globo

A cena da festa de Bumba meu boi foi bem significativa para a novela. Você já tinha contato com a celebração desta lenda? A novela me deu a oportunidade de estar conectado a mais um cultura que tão nossa, da cidade. Todo dia 6 é dia de rezar para o Bumba meu boi, mas o Bumba estava ficando esquecido. Vê-lo voltar em uma novela é uma oportunidade linda para que mais gente possa conhecer que lindo é o festejo do Bumba. A parte de leveza do Venâncio é a alegria dele nesse festejo. É o momento em que ele consegue humanizar o personagem.

E o público, em breve, poderá te ver em um novo trabalho, certo? Sim. Comecei o ano de 2024 com a novela Renascer e o filme Nosso Lar 2. Ainda teremos Justiça 2. Na série, também trabalho com a Belize Pombal, que é extraordinária, um vulcão. Quando soube que interpretaria o marido dela em Renascer, comecei a gritar de felicidade. Já tínhamos trabalhado em Justiça 2, mas pouco contracenamos. Não consigo adiantar muito de Justiça 2, mas posso dizer que está caprichada.

Veja outros papéis da carreira de Fábio Lago:

Em 'Caras e Bocas' (Globo, 2009), novela que projetou a carreira de Fábio Lago, ator interpretou o malandro Fabiano e tinha núcleo familiar ao lado de Suzana Pires, Gabriel Kaufmann e Sophie Charlotte — Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo
Em 'Caras e Bocas' (Globo, 2009), novela que projetou a carreira de Fábio Lago, ator interpretou o malandro Fabiano e tinha núcleo familiar ao lado de Suzana Pires, Gabriel Kaufmann e Sophie Charlotte — Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo
Fábio Lago e Cris Vianna, como Oziel e Indira, na novela 'A Regra do Jogo' (Globo, 2015) — Foto: Cauiá Franco/TV Globo
Fábio Lago e Cris Vianna, como Oziel e Indira, na novela 'A Regra do Jogo' (Globo, 2015) — Foto: Cauiá Franco/TV Globo
Fábio Lago, como Iberê/Curupira, na série 'Cidade Invisível' (Netflix, 2021) — Foto: Divulgação
Fábio Lago, como Iberê/Curupira, na série 'Cidade Invisível' (Netflix, 2021) — Foto: Divulgação

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