Giovanna Grigio, 25 anos de idade, está em cartaz com o longa-metragem Perdida nos cinemas. Completando 10 anos de carreira profissional, a atriz celebra mais uma protagonista -- a primeira em um filme. A trama é uma adaptação do livro homônimo, de Carina Rissi, que conta a história de Sofia, uma garota moderna e apaixonada pelo universo literário da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817).
"Eu e a Sofia temos muito em comum. Pelo corpo dela, eu pude brincar de viajar no tempo", conta Giovanna, que interpreta a personagem em dois tempos -- nos dias atuais e na primeira metade do século 19. No bate-papo com Quem, a atriz conta que ficou imaginando para qual período gostaria de ser transportado caso pudesse fazer uma viagem no tempo.
Giovanna conta que adoraria ser contemporânea da Semana de Arte Moderna, em 1922, e vivido na década de 1930 para acompanhar o surgimento artístico da poetisa Pagu (1910-1962). Em um passado mais recente, ela também elege sua preferência: "A década de 1990, quando minha mãe era adolescente, também deveria ser bem interessante. Eu me transportaria para os anos 90 para poder conhecer algumas pessoas e vivenciar historinhas que só conheço por ouvir os outros contarem. Imagina que legal seria conhecer os meus pais quando eram jovens, novinhos?".
No filme, Giovanna forma par com Bruno Montaleone. A atriz, que interpretou personagens da comunidade LGBTQIA+ em seus mais recentes trabalhos -- Malhação, As Five e Rebelde --, conta que estava há um tempo longe das cenas românticas com homens.
Giovanna Grigio e Bruno Montaleone formam par romântico no filme 'Perdida' (2023) — Foto: Divulgação
"Trabalhar com mulher é muito tranquilo, você se sente à vontade, sabe que são suas amigas. Aí, quando fui trabalhar com o Bruno veio o pensamento: 'Vou fazer par com homem de novo'. Fiquei meio tensa, mas o Bruno é um gentleman, um amor, um colega que te apoia e te ajuda. Eu me senti à vontade com ele", afirma a atriz, que atualmente se diz romântica: "Demorei um pouquinho para admitir isso. Gosto da ideia de encontrar um grande amor e viver aventuras a dois. Gosto dessa vibe".
Quem: Perdida completa uma semana em cartaz e está com uma boa repercussão. Qual a sensação de protagonizar uma comédia romântica? Giovanna Grigio: Já vi muita comédia romântica na minha vida. De todos os trabalhos que já fiz, o mais próximo que fiz de uma rom comedy foi este. Achei irado, muito legal mesmo. Tínhamos que fazer mais. As filmagens começaram no Rio Grande do Sul, várias paisagens naturais, o cânion -- aquela locação foi babado, um dos lugares mais lindos que já vi na vida. O restante foi feito no Rio de Janeiro. Tínhamos um set de muito amor. Ficamos bem amigos, um elenco bem unido.
A pandemia estava rolando quando aconteceram as filmagens. Qual o maior desafio do processo deste trabalho? Rodamos já na reta final da pandemia. Fazíamos testes toda a semana, mas já tinha vacina e estava mais flexibilizado. Com certeza, o maior desafio foi o cavalo. É dificílimo. Não tinha medo, porque fiz várias aulas. A minha sorte é que nas cenas em que eu contracenava com o cavalo eram sequências simples, paradinha. As cenas mais complexas foram feitas pela dublê. Não teria condições de eu fazer aquelas cenas de montaria. Para as cenas de época, o figurino não chegou a ser um desafio. Gosto da ideia de botar um corset (risos).
Giovanna Grigio — Foto: Roberto Martini
Qual foi o sabor de interpretar uma personagem clássica e ao mesmo tempo com questionamentos dos dias atuais. É uma personagem próxima a você? Sim, eu e a Sofia temos muito em comum. Pelo corpo dela, eu pude brincar de viajar no tempo. A produção foi perfeita. Os figurinos eram incríveis, os detalhes nos levavam para aquela outra época. Eu chegava para a cena e me sentia em outra época de fato. Foi divertidíssimo fazer. É gostoso fazer cenas românticas naquela pegada. "Ai, ele encostou a mão", "será que vão ficar juntos?", "como esse casal vai se desenvolver?". Este foi o romance da forma mais pura que eu fiz. Sem comparação, meu trabalho mais romântico foi Perdida e gostei demais de fazer.
Considera-se romântica? Sou, sim. Acho que todo mundo é. Demorei um pouquinho para admitir isso. Gosto da ideia de encontrar um grande amor e viver aventuras a dois. Gosto dessa vibe. Então, sim, eu me considero romântica.
O filme se passa em duas épocas -- nos dias atuais e em 1830. Se você pudesse estar em uma época que não é a sua, para onde seria sua volta no tempo? Já sonhei e me imaginei viajando no tempo tantas vezes. Queria ia para tantos lugares... Quis muito ir para os anos 1920. Adoro a vibe daquele período. Foi uma década muito interessante e cheia de rebeldia, uma galera muito louca. Seria o máximo ver pessoalmente a Semana de 22. Fico imaginando como seria ver o surgimento da Pagu nos anos 30. Seria incrível. Também penso viajar no tempo para tão longe não seria tão bom. Ser mulher naquela época era ainda mais difícil.
Mesmo hoje, ser mulher não é simples, naquela época então... Por isso, também penso em uma volta no tempo para um passado não tão distante. A década de 1990, quando minha mãe era adolescente, também deveria ser bem interessante pelas histórias que ela conta. Eu me transportaria para os anos 90 para poder conhecer algumas pessoas e vivenciar historinhas que só conheço por ouvir os outros contarem. Imagina que legal seria conhecer os meus pais quando eram jovens, novinhos? Iria adorar ver como eles eram antes de mim. Seria uma experiência legal.
Giovanna Grigio — Foto: Roberto Martini
Por se tratar de um filme romântico, o casal central é sempre bem observado. Como foi contracenar com o Bruno Montaleone? O Bruno é maravilhoso, foi um parceirão. Já na preparação, nos conectamos e criamos uma relação de amizade. É muito bom entrar no set e saber que você está segura, com alguém em quem pode confiar e se sente à vontade.
Não é sempre que essa conexão existe, né? Não, não é sempre, mas posso dizer que sou uma pessoa sortuda, porque consegui me conectar muito bem com quem fazia par romântico comigo na maioria dos trabalhos. Antes de fazer este trabalho com o Bruno, eu vinha de uma sucessão de pares românticos com mulheres (em Malhação, As Five e Rebelde). Trabalhar com mulher é muito tranquilo, você se sente à vontade, sabe que são suas amigas. Aí, quando fui trabalhar com o Bruno veio o pensamento: 'Vou fazer par com homem de novo'. Fiquei meio tensa, mas o Bruno é um gentleman, um amor, um colega que te apoia e te ajuda. Eu me senti à vontade com ele. Ele estava muito disponível e estava super entregue ao trabalho. Foi uma parceria muito gostosa e não vejo a hora que a gente repita essa dobradinha em cena.
Você já fez teatro, novelas, streaming, cinema. Pretende focar no cinema ou quer voltar aos palcos, TV? Como atriz, gosto de fazer um pouco de tudo. Estou numa fase mais cinema. O cinema é muito alinhado com meus sonhos. Sempre quis estar no cinema. Rodei no começo deste ano um filme chamado Passagrana, também da Star Productions. É um filmaço. Não considero Perdida um filme teen, Passagrana menos ainda. Trabalhar com cinema sempre foi meu sonho.
Você chegou a morar no Rio de Janeiro e na Cidade do México por conta de oportunidades. Atualmente, sua base é São Paulo? Minha base continua sendo São Paulo. Sou muito paulista. Gosto da vibe daqui. A maior parte das pessoas que eu amo está aqui. Adoro o Rio de Janeiro e trabalhar lá, mas eu me sinto em casa quando estou em São Paulo.
A estreia de Chiquititas, remake da novela que te projetou nacionalmente, completou 10 anos. Quando olha para trás, imaginava que trilharia uma carreira tão sólida? Sabe que eu imaginava? Sempre fui muito criativa com meus sonhos. Tudo o que eu realizei já havia sonhado antes. E continuo sonhando muito mais. Completo 10 anos de carreira profissional agora, embora já trabalhasse a vida inteira. Quando vejo o caminho que segui, penso: 'Caraca, que lindo!'. Construí um caminho alinhado com o que eu queria. Estou muito contente com as minhas conquistas. Fico orgulhosa de ver onde cheguei.
Por te entrevistar desde que você tinha 15 anos, percebo que sua postura pé no chão é mantida desde novinha. A fama nunca te deslumbrou? Para mim, o mais legal da profissão é aquilo que ninguém vê: os sets, as amizades que a gente faz. É nisso que eu me agarro e é por isso que faço o que eu faço. Hoje, eu ando a cavalo, falo espanhol e posso fazer outras tantas coisas que jamais faria se não fosse atriz. Tenho um ofício muito bonito e tive sorte de só ter feito trabalho legal.
Em uma carreira que, definitivamente, não é fácil. Fácil não é. Porém, sinto que nós, atores, temos a necessidade de ficar falando que é difícil para justificar que a gente está trabalhando. Tenho uma profissão que me traz muito prazer, muita alegria. Não fico falando que é difícil. Tem tanta coisa boa. É uma profissão legal e cheia de oportunidades e isso não diminui o fato de ser trabalho. É linda a oportunidade de trabalhar e fazer farra junto. É um privilégio. É muito bom poder fazer aquilo que gosto.
Giovanna Grigio — Foto: Roberto Martini