Marcus Buaiz, de 44 anos, desde menino não para de buscar novos desafios. O empresário, que começou sua carreira própria aos 18 anos em Vitória, no Espírito Santo, ao criar um audacioso festival de música, tem atualmente investido em duas novas áreas: a do audiovisual e a do marketing de influência.
"Estou no meu melhor momento pessoal e profissional, focado nas coisas que acredito e consolidando as coisas que idealizei no mercado. Gosto de investir de forma diversificada. Através do Ventre Studio, um investimento em uma produtora independente, a gente tem trabalhado grandes projetos, entre eles um filme de super-herói brasileiro em parceria com a DC Comics sobre Iemanjá. É uma forma da gente mostrar o Brasil para o mundo. Além disso, agora estou me associando a Mynd, que é a agência que tem a maior credibilidade e competência para construir a internacionalização deste segmento", conta.
Reservado em sua vida pessoal, ele tem vencido a timidez para falar por meio de suas redes sociais com pessoas que sonham em ter o próprio negócio. "Sou mais reservado, sempre fui. Mas de uns três anos para cá comecei a entender que era injusto guardar o que eu tinha conquistado só para mim. Tem muita gente que me escreve e fala desse lugar de quem sonha em empreender e construir sua própria história. Então, de alguma forma, me permiti falar mais com essas pessoas, trocar ideias com elas e contar a minha história com esse propósito mais social", explica.
Pai de José Marcus, de 11 anos, e João Francisco, de nove anos, o empresário diz que para os filhos, que são frutos do casamento de quase duas décadas que teve com Wanessa Camargo, ele dá a liberdade que buscou ao trilhar sua própria carreira.
"Eu quero que eles sejam o que eles se sentirem felizes de ser. Às vezes o pai sem perceber acaba colocando o filho na zona de proteção para evitar que eles fracassem. Os grandes aprendizados que tive na minha vida foram com os meus erros. Não tem como controlar. Por isso quero que eles sejam o que quiserem ser e que sejam muito felizes. Eles são muito novos, mas já demonstram algumas coisas. O João é mais tranquilo nessa área de negócios. O José já diz: 'Pai, quero ser seu sócio. Vamos criar uma empresa de game?'. Mas nem posso dizer que seja algo que ele queira para a vida porque ele é muito novo", conta ele, herdeiro de uma família com um sólido grupo empresarial.
Acostumado a planejar seus passos desde quando iniciou sua carreira empresarial, Buaiz conta que faz planos para um futuro próximo: seguir trabalhando com o que acredita e ter por perto as pessoas que ama, como a namorada Isis Valverde. "Quero continuar fazendo o que eu acredito e cercado de pessoas que eu amo e da minha família", adianta.
Sua história no ramo empresarial começou lá atrás com os negócios iniciados por seu avô Américo Buaiz. Como foi sua entrada para o empreendedorismo? Nasci no Espírito Santo em uma família empreendedora, de um grupo empresarial de mais de 80 anos, fundado pelo meu avô e presidido hoje pelo meu pai. É uma empresa de serviços muito diversificados, que atua desde a área de shopping centers, indústrias de alimento, como café e trigo, e também a área de comunicação. Eu sempre via nos eventos da empresa da família a possibilidade de ter uma mentoria com as pessoas que eu admirava. Eu estagiava no grupo como qualquer outra pessoa, sem privilégios.
Imagino que falar de negócios era algo que não se restringia ao período de trabalho... Desde muito novo, os assuntos na minha casa eram voltados para o lado empresarial. Eles nem conseguiam dividir muito esse lugar de família e negócios. Então, tive a possibilidade de ouvir muito eles falarem sobre negócios. E também começou a surgir em mim desde cedo uma reflexão muito importante: se eu seguiria com os negócios da família ou seguiria o meu caminho independente. Depois de muitas difíceis reflexões, tomei a decisão de construir a minha própria história.
Foi difícil começar praticamente do zero? Tomei essa decisão após muita reflexão. Pensei: "Será que estou desagradando a minha família?". Mas, ao mesmo tempo, eu acredito no que costumo dizer para os meus filhos todos os dias: "Faça o que vocês amam!". Sou uma prova de que é importante você batalhar pelo que você acredita. Foi difícil eles aceitarem e agora como pai entendo o lado deles, mas a liberdade da escolha para mim sempre esteve atrelada ao desejo de honrá-los.
Foi muito bem planejado? Desde o momento que tomei essa decisão, criei um planejamento da minha vida. Eu ia me formar no Espírito Santo em Administração e depois morar no Rio de Janeiro para fazer pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas em Marketing. Lembro que no caminho da minha casa para o centro da cidade, passava pela Praça do Papa, onde o Papa João Paulo II tinha rezado uma missa. Eu sempre falava: "Quero fazer um evento aqui". Eu tinha 18 para 19 anos e numa madrugada inspirada, desenhei um projeto de música chamado Vitória Pop Rock, que era doze horas de música neste lugar. Foi o meu primeiro desafio como empreendedor.
Bem audacioso! Para você ter uma ideia, o recorde de público da cidade era um show do rei Roberto Carlos com oito mil pessoas. O projeto que eu desenhei era tão audacioso, que era para dez mil pessoas. Todo mundo falava: "Se o rei botou oito mil, como você vai botar dez?". Eu explicava que não era só um show, mas uma experiência. Foram muitos "nãos", ninguém acreditava que aquilo fosse possível, mas um empresário acreditou no projeto. Teve Cássia Eller, O Rappa, Charlie Brown Jr., Jota Quest e três bandas locais. Foram 28 mil pagantes e um dos dias mais importantes da minha vida! Com esse evento pude começar a construir a minha história, investir nos meus estudos no Rio e ter meu próprio ganha-pão.
E você começou a diversificar os seus negócios quando veio para São Paulo? Quando terminei minha pós-graduação no Rio, vi que precisaria morar em São Paulo se quisesse continuar no ramo do entretenimento, que era onde eu tinha a possibilidade de ter os maiores patrocinadores. Fiz alguns eventos, entre eles, me associei a Flora Gil no Expresso 2222, que foi um grande marco na minha vida. Depois comecei a investir em casas noturnas. Consolidei 13 casas noturnas ao mesmo tempo, um desafio grande porque ninguém acreditava nesse negócio, achava que era algo que tinha tempo para acabar. Conheci a Marina Morena, que é uma querida irmã que a vida me deu, e a convidei para trabalhar comigo e cuidar de toda essa parte das relações públicas das casas que eu investia. Depois vendi em um melhor momento ao redor de R$ 70 milhões para um grupo internacional.
E quando começou sua atuação na gestação de imagem de celebridades e atletas? De 2010 para 2011, quando o Ronaldo parou de jogar futebol, tivemos a ideia de criar a 9ine, com um investimento de um grupo internacional. Ele trouxe a experiência dele no esporte e eu a minha do entretenimento. Daí começamos a fazer gestão de carreiras de personalidades como Anderson Silva, do próprio Ronaldo, Bruninho do vôlei, da Paolla Oliveira... Foi um momento revolucionário. Ao mesmo tempo, as redes sociais vieram com mais força. A gente fez o primeiro Twitter patrocinado e começou ali um novo momento da publicidade, uma visão diferente sobre marketing e mídia. Foi uma etapa muito importante da minha vida para mostrar que o entretenimento, que por tanto tempo foi marginalizado, era um bom negócio. É uma indústria que chega a ser responsável por 3% do PIB.
A sua trajetória mostra que você está sempre se reinventando. Agora você também está com projetos no cinema? Estou no meu melhor momento pessoal e profissional, focado nas coisas que acredito e consolidando as coisas que idealizei no mercado. Gosto de investir de forma diversificada. Através do Ventre Studio, um investimento em uma produtora independente, a gente tem trabalhado grandes projetos. É uma forma da gente mostrar o Brasil para o mundo. Eu me associei ao estúdio para que com os outros sócios a gente pudesse consolidar poucos e bons projetos de qualidade, com um nível de investimento significativo, ao redor de R$ 30 milhões por projeto. Estamos colocando alguns projetos na rua. O Brasil tem um potencial enorme.
Quais projetos você pode falar um pouco? Estamos vindo com dois grandes desafios com o 100 Dias com o Amyr Klink, uma parceria com a Disney. Também estamos trabalhando um filme de super-herói brasileiro em parceria com a DC Comics sobre Iemanjá. Além disso, tenho duas sociedades com o Thiaguinho, uma empresa de gin e outra de seguros. E agora estou me associando a Mynd, que é a agência, com a maior credibilidade e competência para construir a internacionalização deste segmento. É um reencontro meu com a família Gil, mas agora com a Preta Gil. Estou muito animado. É um momento de ter a maior empresa de entretenimento do Brasil.
Você está namorando a Isis Valverde, que é atriz, e que tem passado temporadas em Los Angeles, onde o cinema internacional acontece. Como isso tem te ajudado neste momento? A gente está junto há sete meses e ela me inspira todos os dias. Los Angeles passou a ser um lugar importante para nós no campo profissional e pessoal. Esses últimos seis meses que passei lá, indo e voltando, geraram grandes oportunidades como a de trazer a Billboard para o Brasil, a internacionalização do Ventre e muitos contatos com agências internacionais.
Você parece mais leve, mais participativo nas redes sociais... Sou mais reservado, sempre fui. Mas de uns três anos para cá comecei a entender que era injusto guardar o que eu tinha conquistado só para mim. Tem muita gente que me escreve e fala desse lugar de quem sonha em empreender e construir sua própria história. Então de alguma forma, me permiti falar mais com essas pessoas, trocar ideias com elas e contar a minha história com esse propósito mais social.
A relação com os seus filhos também sempre está presente nas redes sociais. Como é ainda estar super presente nas rotinas deles agora que você não divide o mesmo lar? Sou um pai muito presente. Quero estar com os meus filhos sempre e nos momentos mais importantes. Aprendi a qualificar ainda mais os nossos momentos juntos. José tem onze anos e o João nove. Estamos em uma fase de muito diálogo. Quando eles estão comigo, boto pra dormir, levo pra escola, faço dever, participo das atividades... Não é mais todo o dia que a gente está junto, mas a qualidade desse tempo está ainda melhor. Educar não é fácil, mas eu quis muito ser pai. Então não é algo por acaso na minha vida. Sou muito feliz por ser pai desses dois meninos.
Você nasceu em um lar de empreendedores, mas fez sua própria trajetória. Se preocupa em passar esse desejo de trilhar seu próprio caminho para os seus filhos que têm tanto o lado empreendedor quanto o artístico muito fortes na família? Eu quero que eles sejam o que eles se sentirem felizes de ser. Essa coisa de impor, que às vezes o pai sem perceber acaba colocando o filho na zona de proteção para evitar que eles fracassem. Os grandes aprendizados que tive na minha vida foram com os meus erros. Não tem como controlar. Por isso quero que eles sejam o que quiserem ser e que sejam muito felizes.
Eles já mostram interesse por algua área? Eles são muito novos, mas já demonstram algumas coisas. O João é mais tranquilo nessa área de negócios. O José já diz: "Pai, quero ser seu sócio. Vamos criar uma empresa de game?". Mas nem posso dizer que seja algo que ele queira para a vida porque ele é muito novo. Agora os dois estão na fase do esporte. Sempre incentivei os meninos a praticar esportes. O José está vivendo muito essa fase do judô e o João do futebol. Para mim o tripé para a vida é a fé, o conhecimento e a saúde. Tem que cuidar da saúde. Sem ela, não temos nada.
Você tem cuidado também mais da sua saúde... Sempre fiz esporte. Faço isso todos os dias. Não importa se o dia foi bastante corrido, tenho sempre o meu momento de praticar minha atividade física. Algo que me ajudou muito a aprender a ter a autoconfiança e respeito foram as artes marciais. Agora me graduei em faixa preta!
Como você se imagina daqui dez anos? Faz esses planos? Quando você atua no campo do empreendedorismo acaba tendo que se planejar. Lembro que com 18 anos fiz um Day 40. Na minha cabeça, quando eu tivesse 40 anos, ia ser mais empresário e menos empreendedor. O cara que é mais ligado ao financeiro, que tira o pé do acelerador. O empreendedor é aquele que faz negócio o tempo inteiro. Estou com 44 anos e não conseguir cumprir essa meta (risos). A outra coisa que eu planejei foi que eu ia sair da parte executiva das empresas e ia para a posição de conselheiro. Isso eu consegui! Hoje são noves investimentos, nove conselhos... Daqui dez anos quero continuar fazendo o que eu acredito e cercado de pessoas que eu amo e da minha família.