Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
Segunda-Feira, 25 de novembro de 2024
O medo de ser real nunca foi uma questão para Mari Bridi. Muito pelo contrário. É o que a motiva. Filha de Sônia Bridi, uma das jornalistas mais respeitadas e admiradas do Brasil, a atriz nunca quis ostentar e sempre correu atrás do queria.
Foi a partir dessa criação, que Mari dá valor para tudo o que tem hoje. Uma entre as várias mães famosas que mostram os momentos de beleza e de dor, a influenciadora aprendeu ter os pés no chão e dar valor para a família.
As postagens de Mari criaram uma espécie de rede de apoio virtual entre ela e o mais de 740 mil seguidores no Instagram.
— A mulher, depois que vira mãe, vive uma jornada continua, dupla, tripla… ela é mãe 24h/dia, 7 dias por semana. Eu adoraria poder glamorizar um pouco e dizer que tiro de letra, mas a verdade é que pouco se fala sobre a exaustão da mulher/mãe e todo o impacto que isso traz para nossas vidas — diz em conversa com ELA.
Esses são os mesmos ensinamentos que Mari leva para os filhos, Aurora (10) e Valentim (6), frutos da união com Rafael Cardoso, de quem se separou em 2022. Depois da maternidade, muita coisa mudou na vida da criadora de conteúdo, entretanto a youtuber leva tudo que aprendeu para herdeiros.
Confira abaixo a entrevista completa!
Você encontrou nas redes um meio de compartilhar as alegrias, desafios e angústias da maternidade. Como é a dupla jornada como artista e como mãe?
Minha maior felicidade é ser mãe e, ao mesmo tempo, é a minha função mais difícil e cansativa. A gente não desliga nunca e muitas vezes eu sinto o peso emocional e físico disso. Graças a Deus, eu tenho uma rede de apoio fora do comum, que caminha comigo e faz com tudo isso fique mais leve. A maternidade me tirou a vergonha de me mostrar vulnerável, frágil, de pedir ajuda e por incrível que pareça, foi a partir daí que passei a me sentir mais forte.
Conta com uma rede de apoio importante para ajudá-la na criação das crianças?
Sim, eu tenho uma rede de apoio sensacional. Minha família é muito unida, as crianças têm avós muito presentes, que estão disponíveis para eles e para mim, sempre. Mas acho importante também dizer, que tenho grandes amigas, que são verdadeiras tias para os meus filhos, que fazem tudo por eles, que me apoiam e nos ensinam o valor real da amizade. São nossa família escolhida!
A maternidade é um processo solitário?
Acho que ainda é sim. Escolhas fundamentais de educar uma criança, pode ser sim um processo solitário. Eu questiono muito e o tempo todo, sobre como estou agindo no meu papel de mãe, de educadora. É um exercício diário: antes de dormir, quando eles já estão apagados ao meu lado (eles dormem comigo), eu repasso tudo o que ensinei, o que deu certo, mas também o que poderia ser melhor amanhã. A gente sabe que as crianças são esponjinhas, que repetem tudo o que veem, então o desafio é aprendermos juntos, eu não nasci mãe, eu aprendo com eles.
Antes de engravidar, você acha que tinha uma visão idealizada do que era ser mãe?
Totalmente! Mas nem sei se tinha como ser diferente, porque como a maioria das coisas na vida, a gente só aprende de verdade, fazendo. Porém, sinto que se a culpa materna não fosse tão enraizada, tão 'estimulada', o nosso processo de autoconhecimento materno, poderia ser mais fácil, menos dolorido. Numa constante autossabotagem, temos a tendência de achar que nunca somos o suficiente para nossos filhos, e aí o nosso maternar já começa na dívida. Eu tento todo dia, me livrar culpa que não me pertence, entendo, eu tô fazendo o meu melhor, que eu sou a melhor mãe que meus filhos poderiam ter. Cada maternar é único, porque somos únicas, cada uma com sua história, suas trajetórias.
Passou por mudanças no seu estilo pessoal e de vida após se tornar mãe?
Sim, tudo muda! No começo eu achei que seria só mãe da Aurora e pronto! Não tinha espaço para a Mariana mulher, profissional! Esse negócio de amor incondicional é muito louco, né?!? Aos poucos eu fui me resgatando, e quando o Tim nasceu, eu já estava mais equilibrada nos múltiplos papéis.
Como equilibra o autocuidado e a maternidade?
Olha, eu tento, viu?!? Nem sempre consigo, mas eu tento todo dia. E veja, autocuidado para mim, vai muito além da estética, tem muito mais a ver com qualidade de vida, física e mental. Por exemplo, eu detesto atividade física, mas quando entendi que não é sobre estética, é sobre saúde, eu vou lá e me esforço para fazer. Assim como terapia, que faço toda semana. Eu preciso ter meu espaço de falar seguro, sem julgamento. Eu cuido de mim, para poder cuidar dos outros. Sabe a analogia da máscara no voo? É isso, coloco a máscara em mim e depois nas crianças.
Como lidou com as transformações no corpo após se tornar mãe? Em algum momento a forma física entrou em questão?
Meu corpo mudou muito nos pós-partos, mas nunca foi uma questão dolorosa para mim. Levei anos para fazer a cirurgia de redução de mama e barriga, porque não sentia que era algo urgente. Foi só depois que me fortaleci fisicamente e entendi os benefícios de qualidade de vida que ela me traria, que resolvi encarar. Eu tenho dores crônicas na cervical e esse foi o fator decisivo. A gente tem que ser livre para ter o corpo que quiser, para poder ser o que a gente quiser. E tá tudo bem também mudar de opinião, desde que ela seja genuinamente nossa, porque é o nosso corpo, não de quem acha que pode opinar sobre ele. É sobre liberdade, em qualquer nível.
Você fala sobre a beleza mais natural e sobre as pressões estéticas para se adequar a um padrão, que outrora já sofreu. Como lida com elogios?
Eu não sou boa em receber elogios, já até levei bronca algumas vezes por causa disso. Eu sempre recebo o elogio em um tom de brincadeira, claramente tentando diminuir o que está sendo dito. Tenho me policiado muito, porque vai além da autoestima (que graças a Deus está bem), para mim fica nesse lugar de precisar ser humilde, como se aceitando um elogio inesperado, eu pudesse parecer arrogante! Se estou bonita, se faço algo significativo, se arraso em um trabalho e recebo um elogio, é porque é isso, agora aceito e pronto. Sem questionamentos! Estou encarando como algo que me dá força, como motivação para seguir nesse caminho.
Como lida com a exposição da Aurora e Valentim na internet?
Super complexo e me questiono muitas vezes se estou os expondo demais. Eu divido a minha rotina nas redes, e o meu papel de mãe é o meu principal papel hoje em dia (apesar de não o único), então com muito cuidado e respeito, converso com eles e digo que vamos até onde eles se sentirem confortáveis. Como eles estão crescendo, já me sinalizam o que querem e o que não querem que eu mostre, e eu respeito. Eu tenho muito respeito por eles.
E como prepara seus filhos para uma realidade com maior igualdade de gênero?
Esse é um dos meus maiores desafios como mãe: tornar a Aurora uma mulher forte, que não tenha medo de se posicionar em um mundo tão patriarcal. Aos poucos, respeitando a idade dela, vou alertando, que por ser mulher, ela se encontra em um lugar de mais vulnerabilidade e perigo que o irmão, mas que ela não está só, porque assim como ela vê dentro de casa (com a minha rede de amigas), cada vez mais as mulheres têm se unido, se apoiado e se cuidado. Para o Valentim, eu já mostro a noção de privilégio. Esse privilégio de quem nasceu homem, branco, numa sociedade que bate palmas apenas por ele existir. Dito isso, dada a consciência de classe, já aviso que nesse sistema ele não vai se enquadrar não! Ele não é mais e nem melhor que ninguém.
Mulheres passaram a história levantando homens para brilhar, e eu educo o Valentim, para que ele ande lado a lado com a irmã e com outras mulheres. Eu luto desde cedo, para que ele saiba dar valor a força feminina, da maneira mais verdadeira possível, para que juntos essa nova geração possa realmente mudar o mundo.
Você se considera feminista?
Sim, acho que o jeito que eu educo os meus filhos, já dá uma noção disso, né? Eu reconheço e valorizo o caminho que as mulheres anteriores a mim pavimentaram. Eu sou uma mulher feminista, que acredita na liberdade feminina e que luta para que as mulheres possam ter as mesmas oportunidades que os homens.
E sobre sua autoestima? O que mudou nela ao longo dos anos?
A maturidade é incrível. Eu me sinto muito mais feliz e realizada hoje, com quase 40 anos, do que aos 30. Autoestima para mim está diretamente ligada ao autoconhecimento. Eu sei quem eu sou hoje, porque eu corri atrás, me aprofundar em mim mesma. Reconheço valor nisso, porque nem sempre foi gostoso, mas me fortaleceu muito como mulher, como mãe, como pessoa… Hoje posso dizer em caixa alta: EU AMO A MULHER QUE ME TORNEI.
Falando no profissional: algum sonho na carreira que você deseja realizar?
Eu tenho muita vontade de ter um contato mais direto com as pessoas com quem falo pelas redes sociais, de ser um papo mais de mão dupla, sabe? Estou há algum tempo quebrando a cabeça para ver como consigo fazer isso se tornar realidade, se alguém tiver uma ideia, me manda uma DM?!? Kkk.