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Primavera Sound estreia com 55 mil fãs e show dos Arctic Monkeys

Primavera Sound estreia com 55 mil fãs e show dos Arctic Monkeys

(Imagem: Fábio Tito / g1)

O primeiro dia da edição de estreia do festival Primavera Sound no Brasil teve bons shows de Arctic Monkeys, Björk e outros neste sábado (5), no Anhembi, em São Paulo. Um dos palcos principais tinha um espaço para o público estreito, em que algumas árvores ainda dificultavam a visão.

O público foi de 55 mil pessoas, segundo a organização. A lotação máxima era de 60 mil. O resultado foi positivo para uma estreia - sem contar a reclamação por causa das árvores. O sinal é de que SP parece ter mesmo demanda para mais um festival alternativo, além do Lollapalooza.

O festival continua neste domingo (6) com Travis Scott, Lorde e mais. O Primavera Sound acontece há vinte anos em Barcelona na Espanha, e realiza sua primeira edição em SP em 2022.

O sábado teve, no palco Primavera, Björk e Mitski, mulheres performáticas, que se desdobraram em espetáculos de art-pop. No palco Beck's (o das árvores), Interpol e Arctic Monkeys, homens blasé, quase nem falavam e tocavam o que está no disco mesmo. O povo parecia satisfeito dos dois lados.

Entre os shows de mais cedo, a cantora Liniker fez um bom esquenta, e a DJ Badsista mostrou no telão um meme com o "patriota do caminhão", ironizando os protestos golpistas no Brasil.

Leia mais sobre os shows a seguir:

Arctic Monkeys

 
Arctic Monkeys no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Arctic Monkeys no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, sempre cantou ao vivo como se estivesse sozinho em frente ao espelho do quarto, sem dar bola para a multidão. Neste sábado ele exagerou neste quesito: passou quase todo o show de óculos escuros. Tudo bem, ninguém espera diferente dele a essa altura.

Os fãs pareciam mais preocupados em saber se a banda no palco continua pesada, ao contrário dos dois álbuns recentes mais acústicos e esquisitos. Para alívio deles, sim: a turnê parece mais de "AM" (2013) ou "Humbug" (2009) do que do grupo de estúdio atual.

Uma surpresa para quem os acompanha desde o início é que "From the Ritz to the rubble" e até "I bet you look good on the dancefloor", do primeiro álbum, de 2006, são bem recebidas, mas não tanto quanto as do fenômeno "AM". São essas que faziam o público até subir nas árvores para ver melhor.

As faixas recentes são pedágios que todos pagam resignados para chegarem a "Do I wanna know", "Arabella", "Crying Lightning" e outros riffs conhecidos. Quando ele anuncia que vai tocar uma nova antes de "The car", uma parte do público faz um "aaah" triste, sem esconder a reclamação.

A organização espalhou telões bem altos para tentar compensar a dificuldade de visão por causa do espaço estreito e das árvores. Mas ainda tinha um problema: nas telas mais ao fundo, a imagem estava com delay, fora de sincronia com o show.

Arctic Monkeys entre as árvores no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Arctic Monkeys entre as árvores no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Björk

 
Björk no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Björk no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

A islandesa cantou acompanhada da orquestra brasileira Bachiana Filarmônica. O show da turnê Björk Orkestral é oposto ao que se vê em grandes festivais: tudo acústico, sem bateria nem outro artifício além da voz e a presença que consegue encher o palco - ao mesmo tempo intimista e imponente.

Ela acompanha os arranjos orquestrados com dancinhas, parece feliz em músicas tristes como "Stonemilker" e anuncia "Pluto" como um "techno de cordas" - com batidas imaginárias. O vocal forte e sem medo da imperfeição arranca aplausos no meio das músicas, como em "I've seen it all".

O repertório foi generoso com músicas mais antigas, dos anos 90, como "Jòga", "Isobel" e "Hyperballad". Ela proibiu fotógrafos na frente do palco e pediu para fãs não usarem celular. A maioria obedeceu e abriu mão das stories e outros clichês de festival lá embaixo e em cima do palco.

Björk no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Björk no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Mitski

 
Mitski no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Mitski no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

A japonesa Mitski Miyawaki entregou performance de movimentos expansivos e teatrais. Além dessa parte dança contemporânea, ela canta de modo cristalino, sem deixar que as coreografias atrapalhem a voz, mesmo quando está estirada no chão. Ela dá socos no ar, faz um air guitar tresloucado, corre na ponta do pé e rodopia em show que em alguns momentos mostra influência de Björk, atração anterior do Palco Primavera.

Imersa na própria performance, Mitski pouco fala com a plateia. Está muito ocupada sentindo os sintetizadores de "The only heartbreaker" ou o groove de baixo de "Stay soft". Ela agradece e diz que o Brasil é um país lindo, logo antes de "Townie", noise pop e uma das melhores do setlist. A mais cantada pelos fãs, porém, é "Nobody", leve e dançante.

Com 32 anos de idade e dez de carreira, Mitski já disse que não pretendia seguir emendando uma turnê na outra. Seria uma pena não tê-la mais nos festivais da vida: poucas do ramo entregam um show pop ao mesmo tempo tão simples e longe do lugar comum.

Mitski no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Mitski no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Interpol

 
Interpol no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Interpol no Primavera Sound — Foto: Fábio Tito / g1

Há que se dar um crédito para as árvores do palco Beck's: elas criavam um cenário interessante, junto com o frio, os telões em preto e branco e o som melancólico do Interpol. Quem já viu a banda no Brasil sabe que a pegada e é essa mesma: sério, sem esforço para agradar além das músicas.

Com duas décadas de carreira e sete álbuns gravados, o grupo novaiorquino de pós-punk nunca mudou muita coisa no som, o que não ajuda a fazer um show variado. Eles tocaram dez minutos a menos do que os 60 previstos na programação.

O começo e o fim do show tem as músicas mais antigas e conhecidas, como as ótimas "Evil", "PDA" e "Slow hands". O meio em t faixas mais recentes. Nestas, o público que não se dispersou pelo bosque indie ao menos conseguia apreciar o cenário e o clima.

Liniker e mais

 

Liniker apresentou as músicas do álbum "Indigo Borboleta Anil" no palco Primavera no começo da tarde deste sábado (5). A cantora de Araraquara (SP) entrou no line-up após o cancelamento de Gal Costa, que passou por uma cirurgia para retirada de um tumor na fossa nasal. Na quinta (3), Liniker também cantou na programação do Primavera na Cidade.

A cantora dançou, tocou guitarra em "Mel", desceu para cantar na galera, fez cena como se tivesse regendo a banda e cantou muito - como de costume. "Calma", "Zero", "Psiu" e "Baby 95" estavam no repertório do show que foi gostoso para o começo de tarde do festival.

Entre as outras atrações do sábado estavam L7nnon, Helado Negro, Beach House, José González e Tim Bernardes. No início da tarde, a produtora e DJ paulistana Badsista mostrou imagens no telão de memes com o "patriota do caminhão", o manifestante que viajou pendurado em Pernambuco.

*G1