Sidney Magal, de 73 anos, sempre teve consciência do amor e da lealdade de seus fãs. Mas, no último dia 25 de maio, quando sua pressão arterial chegou a 20 por 16 durante o show que fazia em São José dos Campos (SP), e no qual ele ficou tonto e com as pernas bambas, o artista teve ainda mais certeza e confiança de que é muito amado pelo seu público.
"A reação do público em ficar cantando enquanto eu estava lá atrás, sendo atendido e falando: 'olha, meu sangue está fervendo por vocês…' Aquela foi a maior prova de amor. Senti que tinha a obrigação de voltar. Tanto é que a médica que fez meu primeiro atendimento fez de tudo para me segurar atrás do palco, porque a emoção continuava muito grande", recorda ele, que estreou a mostra Expo Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino, na última segunda (19), em São Paulo.
Na ocasião, Magal foi encaminhado ao Hospital Vivalle, em São José dos Campos (SP), e, em seguida, foi transferido para o Hcor, em São Paulo. Ele foi diagnosticado com Acidente Vascular Cerebral e ficou internado por cerca de dez dias.
"Depois do susto, graças a Deus, estou bem. Minha estadia em São Paulo por mais tempo tem muito sentido porque o que os médicos precisavam de mim era que eu descansasse, não fizesse esforço e não andasse de avião para baixo e para cima, já que o meu sangramento no cérebro, o pequeno AVC que eu tive, foi resultado de um pico de pressão", afirma.
O artista reconhece que ficou bem tenso ao saber que sua pressão arterial chegara a 20 por 16. "Foi um negócio meio assustador. Na hora senti uma tonteira, como se eu tivesse bebido e minhas pernas não obedecessem o meu comando. Tanto é que procurei um lugar para sentar para evitar cair", afirma ele, destacando a importância da agilidade do atendimento médico.
"Imediatamente tinha uma ambulância com uma médica que já estava lá por causa do evento. Tinham 6.500 pessoas, era um evento grande. Eu só não esperava que eu seria o primeiro a ser atendido. Que bom que eles estavam lá, porque foi muito rápido. Eles me levaram para trás, aferiram a pressão, viram que estava muito alta e me impediram de voltar, porque eu ainda estava querendo voltar para o palco para dar uma satisfação para o público", conta.
Magal foi impedido, mas não deixou de interagir com a plateia. "Eles disseram: 'não, não dá para voltar para o palco, a gente ainda não sabe o que você tem na real'. Aí ainda fiquei brincando com o público lá de trás, dizendo: 'meu sangue ferve por vocês, vamos cantar'. Cantava a primeira letra, eles cantavam a segunda, e foram levando até o final do show, enquanto eu estava sendo levado para o hospital de São José dos Campos para fazer todos os exames", diz.
Sidney Magal — Foto: Globo/João Cotta
Quando soube que havia tido um AVC? Quando cheguei ao hospital em São José dos Campos, fiz ressonância e vários exames. Com todos os exames feitos, os médicos detectaram um sangramento muito pequeno no cérebro. E me mostraram, inclusive, no celular, era quase que uma gotinha [de sangue] mesmo, mas era suficiente para causar o que causou. Não era suficiente para causar algo mais grave, graças a Deus.
Teve medo de ficar com alguma sequela? Desde a hora que saí do show e fui atendido não tive nenhuma sequela na visão, na fala, no caminhar, nos movimentos. Estou me sentindo completamente normal, com exceção de uma leve tontura que ainda sinto de vez em quando. Por exemplo, faço refeição normalmente, vou ao banheiro naturalmente, acabei de tomar um banho, não está afetando em nada no meu dia a dia. Mas também estou tomando oito remédios de dia e oito à noite.
Foram quase dez dias de internação, né? Os médicos foram muito cuidadosos... Eles disseram: 'você vai ficar até a hora que a gente te liberar, quando sua pressão arterial estiver 12 por 8, normal. E minha pressão está 12 por 8, graças a Deus. Eles disseram: 'quando a gente te dispensar, não pega avião e não vai para Salvador'. Como eu já tinha cancelado e adiado uma série de shows, eu fiquei preocupado. Mas sabia que a exposição seria na segunda [19 de junho] por uma provocação do meu filho, que quis estrear no dia do meu aniversário.
E como se sentiu ao ver a exposição sobre seus 50 anos de carreira? Estava muito ansioso, porque é uma coisa memorável na minha carreira. E os médicos me liberaram, disseram: 'se você não vai cantar, subir no palco, nem fazer esforço, pode ir, receber seus convidados, sair para jantar, para nós você já está parcialmente liberado'.
Sidney Magal — Foto: Reprodução/Instagram
Além dos remédios, o que mudou na sua vida após o AVC? Agora continuo fazendo fisioterapia para voltar a ter confiança nas pernas. Você fica 15 dias deitado, sem fazer muito movimento, é uma situação estranha da que você está acostumado. No dia 21 vou para Salvador, já estarei liberado para andar de avião. Nesta terça (20), faço mais uma tomografia para conferir se nada regrediu, se [o sangramento] foi absorvido pelo próprio organismo, se está estagnado. Os médicos já têm certeza que não vai evoluir. E eu também tenho essa certeza porque eu estou me sentindo muito bem, graças a Deus.
O primeiro atendimento foi fundamental no seu caso, né? Muito. A rapidez no atendimento foi muito importante, fui atendido por uma pessoa super competente. E depois fui muito bem atendido em São José dos Campos, fiquei lá três dias na UTI, e aí pedi para ser transferido para o Hcor, em São Paulo, porque a minha família toda estava na Espanha. Meu filho mora na Espanha e minha mulher, minhas filhas e minha neta estavam todas lá. Queria aguardá-los em São Paulo e pedi para ser transferido para o Hcor, onde também tenho grandes amigos. E aí conseguiram imediatamente que eu fosse transferido de ambulância. Chegaram a me oferecer um helicóptero, mas achei que seria muita emoção (risos).
Como está se sentindo agora? Graças a Deus, estou me sentindo super normal. Lógico, estou sabendo que não posso mais cometer os excessos, e os meus excessos sempre foram comer demais, beber demais, descansar de menos, fazer loucuras como eu estava fazendo, como esses 12 shows que tinha em maio e peguei viagens, por exemplo, de Blumenau para Porto Alegre por 12 horas de ônibus. É muito pesado. O avião também é desgastante, os aeroportos. Apesar de viajarmos em ônibus super confortáveis, até de leito, a tensão e a coisa de chegar e ter que fazer os shows pesa muito.
E você se joga nos shows... Além de cantar, dança, interage demais com o público... Falei para o médico: 'mal comparando, sou um touro de exposição agropecuária. Quando abre aquele portão, saio louco lá de dentro' (risos). E não estou mais na idade para isso, sei disso. E foi aí que eles concordaram comigo e eu com eles que eu preciso diminuir o ritmo da minha carreira para poder fazer tudo com tranquilidade, chegar aos lugares com muita antecedência, dormir bastante antes do show, medir a pressão antes do show no camarim, coisa que nunca fiz, para ver se está tudo bem. São os cuidados que temos que ter, que eu achava que, por uma questão de inverter números, eu achava que eu tinha 37, e são 73 (risos). Só essa consciência vai ser muito boa para mim.
Você é hipertenso há muitos anos? Sempre tive pressão arterial elevada, não muito alta, era sempre 14 por 9, 15 por 8, nunca era 12 por 8. Mas tomo remédio há mais de 30 ou 40 anos e tinha a tranquilidade de achar que estava muito bem. Sempre sem aferir pressão. Quando ia ao médico, fazia eletrocardiograma, fazia tudo como tinha que fazer, mas continuava cometendo os excessos. Quando você vê que está tudo bem, que não teve nada grave, começa a beber, a comer. O alerta que faço é este: tem coisas que são silenciosas e uma delas é a hipertensão. A glicemia também, o açúcar no sangue. Graças a Deus, eu não sou diabético, mas tudo isso tem que tomar cuidado depois de uma certa idade.
Sidney Magal — Foto: Reprodução/Instagram
O que sentiu quando chegou ao hospital e lembrou que sua família estava na Espanha? Eu sabia que eu tinha que me controlar emocionalmente, não podia ficar: 'vou morrer ou qualquer coisa parecida'. Tive que ter um controle legal. No momento, pensei: 'sou um doente e tenho que ser cuidado pelas equipes médicas, pelos enfermeiros'. Não abri minha boca para contestar nada. Assim, eu fiquei mais calmo. Mas é lógico que a primeira coisa que vem à nossa cabeça é: 'meu Deus, tomara que não seja tão grave a ponto de a minha família não chegar a tempo de me ver aqui'. Você bate na madeira, mas pensa essas bobagens. Sou um ser humano como outro qualquer, não sou autossuficiente, não sou egocêntrico suficiente de achar que nada me aconteceria, apesar de ter tido uma vida saudável até os 70 e poucos anos, sem maiores sustos, sem nenhum problema cardíaco, sem nenhum problema de coluna, sem nenhum problema grave. Só tive cálculo renal.
Você mantinha uma vida ativa fora dos palcos? Só no palco eu era ativo. Em casa eu era muito ocioso. Chegava em casa e queria só ficar curtindo a vida mesmo, conversando, batendo papo, comendo, vendo televisão, indo para a praia, sempre coisas muito tranquilas. Nunca fui de me exercitar muito, nem caminhadas, nem bicicletas, nem esteira, nada. A última vez que o médico disse para mim: 'olha, tenta fazer esteira, pelo menos meia hora', levei uma esteira para a praia e não era essa esteira (risos).
Acredita que teve sorte? Todos os médicos falaram: 'dê graças a Deus, porque você foi iluminado, foi um sangramento muito pequeno, em uma região pouco provável de dar algum problema sério'. Ficaram me analisando muito, eu tinha fonoaudiólogo, fisioterapeutas, todo mundo testando o tempo todo meus movimentos, minha fala. Me alimentei o tempo todo muito bem nos hospitais, sem nenhuma rejeição a nada. Eu estava me sentindo super bem, só estava me sentindo inútil, aquele que fica deitado o dia inteiro esperando para ver o que vai acontecer.
Isso mexeu com você? Sim! Me senti dependente. Eles ficavam cuidadosos, principalmente com relação à queda, porque eu levantava para ir ao banheiro, e podia sentir uma tontura maior. Isso não era muito agradável, porque, às vezes, era enfermeira mulher e perguntava: 'quer ir ao banheiro? Quer tomar banho?'. E respondia: 'espero o enfermeiro chegar, espero minha mulher'. Ter que dividir a intimidade é bem desagradável. Mas foram duas semanas que passaram até rápido.
Como será sua rotina de cuidados com a saúde após o AVC? Já estou marcando fisioterapia e hidroginástica que, para mim, é excelente. Tenho piscina em casa e hidro esforça menos e traz bons resultados. E vou mudar principalmente minha alimentação. Entrei no hospital com 136 kg e saí com 128 kg. Só fazendo a dieta forçada de hospital eu consegui emagrecer, então é sinal de que vou conseguir. Estou louco para ir para 100 kg, acho legal para mim. Tenho 1,90 m. Sem dúvida, 100 kg é um peso muito agradável e confortável para mim.
O que sentiu ao ver o carinho do público durante sua internação? Sempre tive consciência do amor do meu público, porque são 55 anos de carreira. No show que eu fiz uma semana antes do que aconteceu, em Indaiatuba (SP), em praça pública, para 35 mil pessoas, os fãs gritavam: 'Magal, Magal!' E cantavam todas as minhas músicas. Sempre tive muita confiança no amor do meu público. Mas o mais impressionante para mim, que constatei porque não tinha o hábito, foi nos hospitais. Da equipe da portaria até os faxineiros, todo mundo me tratou como se fosse uma pessoa da família muito querida e isso foi muito emocionante. Os médicos foram extraordinários, os cardiologistas chegavam para mim, rapazes de 40 e poucos anos, porque para mim agora são rapazes (risos), falando maravilhas: 'estou louco para te ver fora daqui'. Isso foi maravilhoso e uma coisa que eu não tinha experimentado ainda dessa maneira.
Deve ser muito gratificante... Muito. E meu público nutre por mim um amor de família mesmo. Eles fazem por minha causa. É muito gratificante e dá força para qualquer ser humano. E é por eles que, a partir de agosto, meu filho, que cuida da minha carreira, já falou que vai me colocar na ativa de novo, vai abrir minha agenda. Até o final de julho não vamos arriscar... Mas, a partir de agosto, já está todo mundo ligando e querendo saber se está tudo normal. E, se Deus quiser, vai continuar.
Sidney Magal — Foto: Reprodução/Instagram