Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024
O privilégio de ser homenageado com uma canção é para poucos e Simone conhece bem essa forma de afeto. Em 1978, Milton Nascimento escreveu para ela a canção "Cigarra", que não só nomeou o álbum que a baiana gravou naquele ano, como se tornou um apelido carinhoso. Tal qual os versos iniciais da canção, a voz da cantora "arrebenta de tanta luz e enche de som o ar" há 51 anos, marco comemorado com a turnê "Tô Voltando", que terá o último show dia 17 de agosto, em Pernambuco.
"Minha vida sempre foi ligada ao esporte e à música. Meu pai cantava ópera, era tenor e tinha um gosto musical bastante sofisticado. Já minha mãe estudou piano por muitos anos", recorda, referindo-se à carreira no basquete, a qual teve que deixar aos 20 anos devido a lesões. "Era uma pessoa muito satisfeita e feliz no esporte, mas faltava alguma coisa: era a música".
O talento vocal virou profissão meio que por acaso quando ela resolveu aprender a tocar violão no início dos anos 1970. Encantada com a voz de Simone, a professora a apresentou ao gerente de marketing da Odeon, que perguntou se ela gostaria de fazer um teste na gravadora após ouvi-la cantar.
Um mês depois, a soteropolitana assinou contrato para gravar quatro álbuns e também fazer uma turnê, que incluía Estados Unidos e países da Europa. Mais do que sorte, ela acredita que o sucesso está relacionado à determinação.
"Sou disciplinadíssima. Hoje sou apaixonada por vinho, mas só comecei a consumir bebida alcoólica depois dos 40 anos. Além disso, sou super ativa. Não consigo ficar parada. Ajudo o tempo, mas não nego que Deus foi muito generoso comigo", pondera ela, que completa 75 anos no Natal, grande inspiração para o disco lançado em 1995, com canções cristãs e natalinas.
"Por mais que tenha imaginado que o álbum fosse bem-sucedido, ninguém esperava que seria essa revolução no mercado brasileiro", relembra, acrescentando que perceber a influência de produtos relacionados ao Natal nos Estados Unidos foi também fundamental no trabalho que lançou o hit "Então É Natal", versão do clássico "Imagine", de John Lennon (1940-1980). "Acho uma data linda. Tudo deu certo".
Foi a postura decidida e a vontade de aprender algo novo que a levou ao jiu-jitsu, esporte que pratica há cerca de três anos e o que também a faz ver com leveza o envelhecimento. "Sou uma pessoa fisicamente forte, não tinjo o cabelo e gosto das minhas rugas. Estou vivendo. Que maravilha".
Assumidamente tímida, a ponto de ainda sentir um friozinho na barriga antes de subir ao palco, Simone mantém reservada também a vida pessoal. "Não sou de expor ninguém, sou dona de mim e não dos outros. Não é porque sou artista que tenho que me expor. Levo minha vida dessa maneira desde o começo. Gosto assim".
*gshow