Xuxa começa a ser vista forma mais íntima no documentário que estrela no Globoplay, cujo primeiro episódio chegou ao público na quinta-feira (13). A série, que tem cinco episódios, faz um passeio sobre os 60 anos de vida da apresentadora e os 40 de carreira como figura pública.
Ao lançar o documentário, a apresentadora falou à imprensa sobre o despreparo para trabalhar com crianças no início da carreira na TV aos 20 anos, em 1983, no Clube da Criança, da extinta Rede Manchete. "Peço desculpa para as crianças que cresceram comigo. Não estava preparada. Como não me pararam? Como não disseram que não podia falar algumas coisas? Peço desculpas do fundo da minha alma para elas", reforça Xuxa.
Mas o jogo mudou aos 37, nos anos 2000, dois anos após o nascimento da filha, Sasha Menghel, atualmente com 24 anos, e com uma necessidade de produzir um conteúdo voltado à primeira infância. "Foi quando comecei a fazer o XSPB (Xuxa Só Para Baixinhos) que me preparei mais. Quis estudar mais, saber mais. Tive informações que acredito que poucas pessoas aqui nessa sala sabem: como lida a cabeça da criança através de pessoas que estudam, cientistas, neurocientistas. Eles me explicaram a [diferença] criança da de três anos, do menino e uma menina. Depois, de três a seis, um menino já vai para um mundo e a menina para outro. Depois, de seis a oito. Eles me explicaram tudo", afirma.
A partir de então, Xuxa reavalia sua mudança de atitude, pois começa a criar e a educar a filha, que já tinha dois anos quando o projeto foi lançado. "Deixar de ser filha para ser mãe e olhar para as crianças com um olhar mais cuidadoso, que eu não tive naquela época, [mudou tudo]. Antes, brincava com elas: 'Não pisa no meu pé que eu piso no seu, sabe?' Não precisava. Podia até brincar, mas não precisava fazer ou falar daquele jeito ou agir daquela maneira. Acho que poderia ter sido mais suave, mais leve com algumas coisas", garante.
Além de relembrar momentos constrangedores em que, na juventude, fez bullying com as crianças que participavam do primeiro programa, Xuxa se questiona: "Por que não me contaram isso antes? Por que não me falaram disso tudo? Poderia ter passado tantas outras coisas mais bacanas ou ter falado de outra maneira, agido de outra forma", lamenta.
'Xuxa Só Para Baixinhos' foi lançado em 2000 — Foto: Divulgação
"Por exemplo, hoje se fala muito de inclusão e, antigamente, já fazia isso naturalmente, porque eu sentia vontade de falar com todas as crianças. Mas, se tivesse estudado um pouquinho, se tivesse me preparado, talvez tivesse ajudado muito mais. Ter tido um olhar mais carinhoso com as crianças com deficiências. Com o XSPB, tive que fazer muitas pesquisas para ver o que existia no mundo para a criança, tive que pelejar, estudar muito para ver o que poderia fazer. Aprendi demais, mas se alguém tivesse sentado e me ensinado, acho que teria sido muito melhor", conclui a apresentadora.