Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024
Ao fim da 24ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Fortaleza confirmou a boa fase e está na liderança da competição, mas quem está na frente nas chances de terminar com o título do Brasileirão ainda é o Botafogo. O time de Artur Jorge viu a vantagem diminuir, mas ainda tem 32,47% de chances e está por pouco na frente da equipe de Vojvoda, que tem 31,33%.
Apesar da pequena vantagem, o que explica o favoritismo - até para o jogo entre os dois times no próximo sábado - são os parâmetros ofensivos e defensivos levados em consideração para os cálculos. A expectativa de gols (xG) é o de maior peso e, em média, os números do Botafogo são melhores do que o do Fortaleza.
Por mais que ainda esteja na frente da equipe cearense, o Botafogo teve a maior queda, de quase nove pontos percentuais, já que empatou com o Bahia fora de casa. O Fortaleza, por sua vez, venceu o Corinthians em casa (um resultado até esperado), mas que fez o time ganhar 10 pontos percentuais, o maior salto da rodada, assumir a liderança e colar na ponta dos times com maior chance de levar este Brasileiro.
Entre os times que fecham o G-4, neste momento com 44 pontos, Flamengo e Palmeiras seguem próximos. Os rubro-negros venceram, mas viram a possibilidade de terminar com o título diminuir um pouco. Os palmeirenses - que agora disputam apenas o Brasileirão - aumentaram quase na mesma quantidade de pontos perdidos pelos rivais.
Veja a tabela e todos os números dos times que ainda têm chances abaixo.
As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de 108.590 finalizações e resultados de 4.408 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.
Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.
Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam o fato de as chances não acompanharem exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.
Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Na parte de baixo da tabela, três dos quatro times na zona de rebaixamento se veem em situação mais delicada do que na rodada anterior. Apenas quem melhorou a chance de se manter na primeira divisão foi o Atlético-GO, mas que continua com a situação mais complicada entre todos, com 7,64% de chances de fugir do Z-4. Lanterna da competição, tem os mesmos 22 pontos que o Cuiabá, mas a equipe mato-grossense tem dois jogos a menos, por isso a chance de escapar é maior.
É justamente de Salvador que vem a maior queda nas possibilidades de permanência para a primeira divisão de 2025. O Vitória perdeu 9,5 pontos percentuais ao entrar na zona de rebaixamento. Quem também precisa ligar o alerta - já que teve a terceira pior queda em pontos percentuais - é o Criciúma, que perdeu para o Grêmio em casa e agora está a três pontos do Z-4.
Com três vitórias, um empate e uma derrota nos últimos cinco jogos, quem finalmente saiu da zona de rebaixamento foi o Fluminense. O 2 a 0 fora de casa contra o Atlético-MG foi essencial para que a equipe deixasse o Z-4 e chegasse aos 55,43% de possibilidade de manutenção na Série A em 2025. Foi o maior salto da rodada.
Veja o ranking completo abaixo.
Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.
Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.408 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Zé Victor Meirinho.
*GE