Discussão sobre gol do Atlético-GO não pode mascarar incompetência do Fluminense

O Fluminense começou o jogo se sentindo em casa, com apoio da torcida e manutenção da posse de bola. Aos nove minutos, após jogada de Samuel Xavier e cruzamento de Arias, Keno cabeceou próximo à rede de Ronaldo e quase abriu o placar para o Tricolor.

O que se viu depois, entretanto, foi um desmonte. O Atlético-GO assumiu totalmente o controle do jogo e chegou a abrir o placar com Alix Vinicius, aos 24, mas o gol foi anulado por impedimento milimétrico de Baralhas. Prevaleceram erros do Fluminense em saídas de bola, espaços em demasia nas laterais e um meio inoperante. Nas palavras de Mano, um rendimento "vergonhoso".

Fábio novamente saiu como herói, assim como no primeiro tempo contra o Atlético-MG, pela Libertadores. Já nos acréscimos, o goleiro fez uma bela defesa em chute de Roni e, minutos depois, viu Rhaldney mandar bola - com desvio - na trave.

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A primeira troca de Mano, na virada para o segundo tempo, foi a de Keno por Serna. O colombiano trouxe um pouco mais de dinamismo e velocidade ao lado direito, como é de costume. Na comparação com seu antecessor, o camisa 90 também levou vantagem no auxílio à defesa.

Ainda que peque por vezes na conclusão dos lances, Serna mostrou que sua vaga entre os titulares deveria ser inegociável. Também foi dele o passe em chance desperdiçada por Cano, que recebeu dentro da área após corta-luz de Arias, assim como uma bola na trave de Ronaldo. O argentino começou jogando novamente, mas não passou perto de repetir as atuações gloriosas de 2023. Mérito por mérito, talvez devesse permanecer no banco de reservas.

O Fluminense até subiu de produção com as entradas de Lima (Martinelli), Kauã Elias (Cano) e Marquinhos (Ganso), deixando o jogo um pouco mais parelho. Mas os erros continuaram causando problemas - como uma bola que Antônio Carlos deu de graça para Hurtado após tentar sair jogando dentro da área. Bernal conseguiu o desarme.

A cereja no insosso bolo do Fluminense veio aos 42 minutos do segundo tempo, quando Jean Carlos superou a marcação de Marquinhos e cruzou rasteiro para a área. Depois de a bola passar por alguns atletas do Dragão, coube a Janderson mandar para o fundo das redes de Fábio. O assistente anulou imediatamente, antes do início da discussão sobre uma possível saída da bola pela linha de fundo. Após revisão do VAR, o gol foi confirmado.

A discussão sobre a validação do gol do Atlético-GO vai impactar os debates e entrevistas, como sempre acontece - ainda que personagens do futebol brasileiro, e não só o Fluminense, gostem de dizer que "preferem não falar de arbitragem".

O debate, entretanto, só não pode ofuscar o que se viu em campo no Antônio Accioly: um time novamente apático, que não conseguiu superar o lanterna do campeonato, e que parece não ter dimensão do buraco em que está metido.

A cena de Cano mostrando as imagens no celular ao quarto árbitro - que culminou na expulsão do argentino - é curiosa, e também é um bom retrato do desespero que assola o Fluminense. Em outras circunstâncias, a discussão talvez tivesse ficado apenas no bate-boca. Tudo passa, entretanto, pela incapacidade do Tricolor de levar a melhor contra um clube que é lanterna e tem pouquíssimas chances matemáticas de permanecer na Série A.

Muito se falou sobre a sequência de 12 "finais" no caminho do Fluminense contra o rebaixamento. O início dessa sequência, no primeiro jogo tendo apenas o Brasileiro como opção, foi o pior possível.

Por ironia do destino, a próxima rodada vai forçar um reencontro do Tricolor com um personagem que marcou a temporada 2024: Fernando Diniz, novo técnico do Cruzeiro e próximo adversário, no Maracanã.

O Fluminense é o atual 18º colocado da tabela do Brasileirão, com 27 pontos somados. O Tricolor segue a um ponto de distância do Vitória, derrotado pelo Internacional, primeiro clube fora do Z-4. A equipe carioca tem um jogo a menos.