Quarta-Feira, 13 de agosto de 2025
Quarta-Feira, 13 de agosto de 2025
A racionalidade não explica o que aconteceu no Beira-Rio. Tática, técnica, e tudo mais fica de lado para algo quase espiritual. Por seis minutos, o Fluminense escreveu a História. Dos pés de John Kennedy e Germán Cano, o penúltimo passo foi dado. Ao vencer o Internacional por 2 a 1, nesta quarta-feira, o Tricolor está na final da Conmebol Libertadores. Com direito a uma noite memorável e uma belíssima página sendo feita.
O triunfo é histórico porque contraria quase tudo que foi dito, analisado e esperado ao longo deste confronto. Fluminense e Internacional foram dois dignos adversários e merecedores de estar na decisão. No final, a sensação é de que a vaga ficou com quem soube matar o confronto quando teve a oportunidade — mesmo que ela só aparecesse nos minutos finais do jogo de volta.
Como explicar que o Internacional, que até então estava invicto no seu estádio na Libertadores, levou uma virada dentro de casa em seis minutos? Como explicar que a principal contratação do Colorado nesta janela de transferência perderia dois gols inacreditáveis antes de seu clube sofrer a virada?
Como explicar que o Fluminense, um dos piores visitantes do Campeonato Brasileiro, venceu dentro do Defensores del Chaco e do Beira-Rio para conseguir uma vaga na final da Libertadores? Como explicar que a equipe do técnico Fernando Diniz foi dominada durante 81 minutos neste jogo de volta, mas conseguiu uma virada épica?
Como explicar que Fábio, que falha no gol do Internacional, vira herói com um milagre nos minutos finais? Como explicar que Yony González, uma das contratações mais criticadas desta janela de transferência, tem participação efetiva no gol da virada do Fluminense? Durante seis minutos, Tricolores e Colorados dividiam sentimentos que não se unem. De um lado, a euforia total. Do outro, a frustração.
Entre tantas palavras, a classificação do Fluminense pode ser citada como um ato de resiliência; ou de coragem. Não é errado dizer que o Tricolor chegou a estar virtualmente eliminado no Maracanã, mas resistiu ao encontrar um gol decisivo de Germán Cano. Também não será um erro dizer que o Internacional foi muito superior no Beira-Rio e poderia ter matado o confronto. Não conseguiu.
O Fluminense foi resiliente porque conseguiu resistir a:
Marcelo comemora classificação do Fluminense para a final da Libertadores — Foto: REUTERS/Diego Vara
Falar de tática, neste momento, é necessário. Mas passa longe de ser o grande foco da partida. O Fluminense voltou a atuar no 4-2-3-1 pedido pelos torcedores, com John Kennedy dando lugar a Alexsander. É difícil dizer se deu certo ou não porque a falha de Fábio condicionou todo o primeiro tempo. O que era para ser um jogo equilibrado virou um Fluminense desesperado buscando o empate diante de um Internacional que soube controlar o jogo.
O Colorado levou vantagem em todas as disputas físicas da partida. Ganhou quase todas as segundas bolas e esteve confortável na partida por longos minutos. Teve inúmeras chances de matar o confronto e não conseguiu. O Fluminense aproveitou.
A entrada de John Kennedy mudou a partida. Nos seis minutos mágicos, ele e Germán Cano se reversaram entre um gol e uma assistência. Antes disso, porém, o Fluminense seguiu com muita dificuldade de criar chances reais de gol, além de sofrer contra-ataques. Nada que diminui a vitória épica, mas não pontos que precisam ser acertados antes da final.
— Erramos mais do que no Maracanã e vencemos o jogo. Existe um componente emocional. O time foi extremamente merecedor dessa vitória. Nos arriscamos, jogamos para cima. Marcamos alto quase que o tempo todo no Maracanã. Essa vaga é extremamente merecida — afirmou o técnico Fernando Diniz.
A vitória por 2 a 1 sobre o Internacional - gols de John Kennedy com passe de Cano e de Cano com passe de John Kennedy, com Mercado abrindo o placar - classificou o "time de guerreiros" para a decisão marcada para o dia 4 de novembro, no Maracanã. O Tricolor espera o vencedor entre Palmeiras e Boca Juniors, que se enfrentam nesta quinta-feira, em São Paulo.
Certo é que o Fluminense terá a sua revanche pelo título da Libertadores.
*GE