Domingo, 24 de novembro de 2024
Domingo, 24 de novembro de 2024
Noites de clássico são imprevisíveis. Só nelas, talvez, um time desesperado contra o Z-4 possa sofrer com o rival na parte de cima da tabela, mudar a chave no intervalo e passar a dar as cartas no segundo tempo. E mais do que isso: sair vencendo. Mas foi isso que aconteceu em Flamengo 0 x 2 Fluminense, nesta quarta-feira, no Maracanã. Uma vitória que injeta ânimo na luta pela permanência na elite do Brasileiro e torna redundante a importância de dois nomes: Ganso e Arias.
O time do Fluminense teve que sofrer mudanças. Com Keno suspenso (assim como Marcelo), Serna lesionado e Thiago Silva em transição, Mano promoveu um ataque com Marquinhos, Lima e Kauã Elias, e Manoel na zaga. A confiança do técnico no zagueiro não é inédita, não à toa ele era seu capitão no Cruzeiro - e seu ganho de desempenho na etapa final após um primeiro tempo perdido foi outro ponto positivo para o Fluminense.
Mas sigamos a ordem cronológica. O início de jogo mais truncado logo se converteu em uma desvantagem do Fluminense - tanto em posse de bola, quanto em reais chances de finalização. Kauã Elias teve boa chance com sete minutos, mas mandou por cima. Poucos minutos depois, coube a Fábio se antecipar e salvar erro de Bernal, que começou muito abaixo do que tem mostrado no Tricolor até aqui.
Destaca-se ainda um erro de Kauã Elias na tomada de decisão, que correu livre em direção à área, mas preferiu tentar o passe para Marquinhos em vez do chute. Ayrton Lucas conseguiu o desarme.
Bolas longas para Kauã Elias e Marquinhos? Nem sempre deram certo. E o meio-campo? Pouco criativo. Perdurou a sensação de que o empate estava barato para um Fluminense amplamente dominado por um Flamengo que não aproveitou as chances que teve - como um chute de Alcaraz na trave e outro de Matheus Gonçalves defendido por Fábio.
A chance mais clara do Fluminense no primeiro tempo surgiu do acaso que o futebol por vezes apresenta: o pênalti marcado nos acréscimos do primeiro tempo, por falta de Léo Pereira em Marquinhos na área. Ganso teve a chance de colocar o Tricolor na frente e fazer o placar contrariar o que foi a etapa no Maracanã, mas bateu mal e Rossi defendeu.
Mas dizem as ruas - e Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians - que o jogo só acaba quando termina. O mesmo Ganso que saiu criticado no primeiro tempo foi quem, 20 minutos depois, deu um passe de calcanhar para Kauã Elias, em condição legal, correr em direção à área. O moleque de Xerém achou Lima e deu assistência certeira para o camisa 45 estufar as redes do Flamengo.
Jogando de ponta, Lima expôs novamente a polivalência que o fez virar o 12º jogador não só de Fernando Diniz, mas também de Mano; os elogios não são inéditos. Seu gol preparou o terreno para o clímax que estava por vir.
A noite no Mário Filho tinha espaço para Ganso cravar de vez sua redenção. Dez minutos depois do primeiro gol do Fluminense, uma bela tabelinha do camisa 10 com Martinelli culminou em passe do volante para Arias, que fez 2 a 0 em lance bem similar ao gol de Lima.
Em ambos os gols, o mapa da mina estava nas costas de Ayrton Lucas - um espaço que o Fluminense rapidamente reconheceu e aproveitou no segundo tempo. Mérito dos comandados de Mano Menezes, que inverteram o panorama do jogo e terminaram o segundo tempo com direito a "créu" vindo das arquibancadas, uma provocação ao Flamengo que surgiu com Thiago Neves em 2008.
E também não se pode esquecer de Arias. É completamente compreensível que o colombiano tenha começado no banco de reservas, já que jogou na terça-feira à noite com a seleção da Colômbia. Ao desgaste físico natural, somou-se ainda a viagem de volta ao Brasil, que só terminou quando o atacante desembarcou no Rio de Janeiro já na madrugada desta quinta-feira.
Quando enfim entrou em campo no segundo tempo - uma escolha de Mano para deixar parelho o nível de cansaço físico do time -, Arias precisou de pouco tempo para mudar o jogo em favor do Tricolor. Seu futuro no Brasil é incerto, como se sabe. Mas fato é que, enquanto estiver disponível, ele precisa ser aproveitado ao máximo pelo Fluminense. Neste caso específico do Fla-Flu, pesa ainda a disposição do próprio jogador para se doar em meio à crise.
A rápida mudança de postura do primeiro para o segundo tempo é o sinal mais favorável que se tira do Tricolor no Fla-Flu. A reta final do Brasileirão não permite quaisquer deslizes: mesmo com a vitória, o Fluminense ainda é 15º colocado, com dois pontos a mais que o Athletico-PR, primeiro clube na zona de rebaixamento.
A sequência do Brasileiro vai submeter o Fluminense a duas "finais" consecutivas, de confrontos diretos contra o Z-4: o próprio Furacão, em duelo atrasado da 17ª rodada, na próxima terça-feira; e o Grêmio, na semana seguinte. Resta saber como o Tricolor vai aproveitar o ânimo da vitória no clássico.
*Ge