Quarta-Feira, 15 de janeiro de 2025
Quarta-Feira, 15 de janeiro de 2025
Os ataques israelenses que explodiram walkie-talkies e pagers do Hezbollah “cruzaram todas as linhas vermelhas”, disse o líder do movimento libanês nesta quinta-feira (19), em um discurso transmitido enquanto estrondos sônicos de caças israelenses sacudiam prédios em Beirute.
O Líbano e o Hezbollah culparam Israel pelos ataques com equipamentos de comunicação do Hezbollah que mataram 37 pessoas e feriram cerca de 3.000, sobrecarregando hospitais e causando estragos na estrutura do grupo armado.
Israel não comentou diretamente os ataques, mas a CNN confirmou que o país está por trás do ataque com pagers — a autoria do caso com walkie-talkies não foi revelada.
“Não há dúvida de que fomos submetidos a um grande ataque militar e de segurança sem precedentes na história da resistência e sem precedentes na história do Líbano”, disse o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em discurso na TV, filmado em um local não revelado.
Segundo o líder, os ataques “cruzaram todas as linhas vermelhas”, destacando que “o inimigo foi além de todos os controles, leis e morais”.
Nasrallah pontuou ainda que os ataques “poderiam ser considerados crimes de guerra ou uma declaração de guerra, eles poderiam ser chamados de qualquer coisa e merecem ser chamados de qualquer coisa. Claro que essa era a intenção do inimigo”.
Ataques israelenses no Líbano
Enquanto a fala era transmitida, os estrondos sônicos de aviões de guerra israelenses sacudiam Beirute, um som que se tornou comum nos últimos meses, mas que adquiriu significado maior à medida que a ameaça de guerra total aumentava constantemente.
Israel afirmou que seus aviões de guerra atacaram o sul do Líbano durante a noite. O Hezbollah relatou que os ataques aéreos foram retomados na área da fronteira à tarde.
Nasrallah comentou que o Hezbollah esperava que as tropas israelenses entrassem no sul do Líbano, porque isso criaria uma “oportunidade histórica” para o grupo apoiado pelo Irã.
Ele advertiu que nenhuma escalada militar, “matança”, assassinatos ou guerra total fará com que os moradores israelenses retornem para suas casas na área da fronteira, referindo-se a uma das principais prioridades de guerra do governo israelense.
Plano de assassinato
Também nesta quinta-feira, as forças de segurança israelenses informaram que um empresário israelense foi preso no mês passado após participar de pelo menos duas reuniões no Irã, onde teria discutido o assassinato do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do ministro da Defesa ou do chefe da agência de espionagem Shin Bet.
Na semana passada, o Shin Bet descobriu o que disse ser uma conspiração do Hezbollah para assassinar o ex-ministro da Defesa Moshe Ya’alon.
Israel foi acusado de assassinatos, incluindo uma explosão em Teerã que matou o líder do Hamas e outra em um subúrbio de Beirute que matou um comandante sênior do Hezbollah com poucas horas de diferença em julho.
Apesar dos eventos dos últimos dias, um porta-voz da missão de paz da ONU no sul do Líbano destacou que a situação ao longo da fronteira “não mudou muito em termos de trocas de tiros entre as partes”.
“Houve uma intensificação na semana passada. Esta semana é mais ou menos a mesma coisa. Ainda há trocas de tiros. Ainda é preocupante, ainda preocupante, e a retórica é alta”, disse o porta-voz Andrea Tenenti.
*Reuters