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Quinta-Feira, 21 de agosto de 2025

Internacional

Entenda argumentos de Trump para restringir entrada de cidadãos de 19 países nos EUA

Documento da Casa Branca afirma que medida visa impedir a entrada de terroristas nos EUA e outras ameaças à segurança nacional. Entenda qual a situação do Brasil neste contexto.

Entenda argumentos de Trump para restringir entrada de cidadãos de 19 países nos EUA

Trump no Salão Oval da Casa Branca em 19 de maio de 2025 (Imagem: Reuters/Kevin Lamarque)

O presidente Donald Trump assinou, nesta quarta-feira (4), uma medida que proíbe a entrada de cidadãos de 12 países nos Estados Unidos e impõe restrições a estrangeiros de outras sete nações. Segundo a Casa Branca, a decisão foi tomada por motivos de segurança nacional.

 

▶️ Contexto: Trump já havia adotado uma medida semelhante durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021. Agora, de volta à presidência, ele voltou a endurecer as regras para a entrada de estrangeiros no país.

  • A nova medida faz parte da estratégia do presidente para combater a imigração ilegal.
  • Em 2023, antes da campanha presidencial, ele já havia prometido vetar a entrada de cidadãos de países considerados como uma ameaça à segurança dos Estados Unidos.
  • No documento publicado nesta quarta-feira, o presidente elenca uma série de motivos para restringir a entrada de cidadãos de 19 países.
  • Além de alegações sobre terrorismo, o governo cita a incapacidade dos governos locais em termos de segurança.
  • Também pesa contra esses países o alto índice de permanência irregular de seus cidadãos nos EUA — o chamado overstay.

 Para cidadãos de 12 países, Trump estabeleceu proibição total de entrada nos EUA. São eles: Afeganistão, Chade, Congo, Eritreia, Guiné Equatorial, Haiti, Irã, Iêmen, Líbia, Mianmar, Somália e Sudão.

Para outros sete países, existe uma restrição parcial. São eles: Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.

  • Nestes casos, o governo dos EUA suspendeu a entrada de cidadãos com vistos de negócio, turismo, estudo e intercâmbio.
  • Também houve a determinação para redução do tempo de validade para os demais vistos.
 

Nas redes sociais, Donald Trump afirmou que a lista pode ser revisada a qualquer momento e que novos países podem ser incluídos.

Veja a seguir os argumentos usados pelo governo dos EUA contra cada país afetado e entenda a situação atual do Brasil neste contexto.

Argumentos para proibição total

▶️ Afeganistão

A Casa Branca afirmou que o Afeganistão não conta com uma autoridade central para a emissão de passaportes e documentos, tampouco dispõe de mecanismos eficazes de triagem e verificação de identidade. O governo também destacou que o país está sob o controle do grupo terrorista Talibã.

Outro ponto levantado é a alta taxa de permanência irregular de cidadãos afegãos nos Estados Unidos — ou seja, muitos permanecem no país após o vencimento do visto. Os dados são de um relatório de 2023. Veja as taxas:

  • Vistos de negócios/turismo: 9,7%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 29,3%
 

▶️ Chade

O governo americano classificou como inaceitável a alta taxa de permanência irregular de cidadãos do Chade, que teria piorado entre 2022 e 2023. A Casa Branca afirma que os dados demonstram um "desrespeito flagrante" às leis imigratórias dos EUA. Veja as taxas:

  • Vistos de negócios/turismo: 49,54%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 55,64%
 

▶️ Congo

A Casa Branca também destacou a taxa elevada de cidadãos da República do Congo que permanecem nos EUA além do tempo autorizado. Confira:

  • Vistos de negócios/turismo: 29,63%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 35,14%
 

▶️ Eritreia

Os Estados Unidos questionam a capacidade da Eritreia de emitir documentos confiáveis e afirmam que o país se recusa a aceitar a repatriação de seus cidadãos deportáveis. Registros criminais de eritreus não são acessíveis ao governo americano.

O governo também citou altas taxas de overstay. Confira a seguir:

  • Vistos de negócios/turismo: 20,09%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 55,43%
 

▶️ Guiné Equatorial

A Guiné Equatorial registrou uma das maiores taxas de permanência irregular entre estudantes e intercambistas. Veja:

  • Vistos de negócios/turismo: 21,98%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 70,18%
 

▶️ Haiti

A Casa Branca afirmou que o Haiti não tem uma autoridade central capaz de fornecer informações de segurança confiáveis.

Ainda segundo o governo, a chegada de centenas de milhares de haitianos ilegais aos EUA durante a gestão de Joe Biden teria aumentado riscos de redes criminosas e ameaças à segurança nacional.

A Casa Branca também citou as altas taxas de overstay. Confira:

  • Vistos de negócios/turismo: 31,38%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 25,05%
 

▶️ Irã

O Irã foi classificado como patrocinador estatal do terrorismo. O governo americano afirma que o país não coopera na identificação de riscos de segurança e se recusa a aceitar de volta seus cidadãos que precisam ser deportados.

▶️ Iêmen

Os EUA afirmam que o Iêmen não possui autoridade confiável para emissão de documentos e argumentam que o governo local é incapaz de controlar o próprio território. Desde março, o país tem sido alvo de operações militares americanas.

▶️ Líbia

O governo americano afirma que a Líbia não possui uma autoridade competente para emissão de documentos. Segundo os EUA, a presença histórica de grupos terroristas no país aumenta os riscos para segurança aos americanos.

▶️ Mianmar

A Casa Branca disse que Mianmar não coopera com o retorno de cidadãos que serão deportados, além de apresentar uma das maiores taxas de permanência irregular. Veja a seguir:

  • Vistos de negócios/turismo: 27,07%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 42,17%
 

▶️ Somália

Os Estados Unidos afirmam que a Somália não tem controle efetivo sobre seu próprio território e não possui uma autoridade central para emissão de documentos e triagem de segurança.

O país também foi apontado como um refúgio seguro para grupos terroristas. Além disso, o governo dos EUA declarou que a Somália não coopera para receber de volta cidadãos deportados.

▶️ Sudão

Segundo o governo americano, o Sudão não tem capacidade suficiente para emissão de documentos confiáveis. Muitos cidadãos do país também ficam além do permitido nos EUA. Veja taxas:

  • Vistos de negócios/turismo: 26,30%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 28,40%
 

Argumentos para restrição parcial

 
Tarifas de Trump têm levado à escalada de guerra comercial global. — Foto: Getty Images via BBC

Tarifas de Trump têm levado à escalada de guerra comercial global. — Foto: Getty Images via BBC

▶️ Burundi

O governo dos Estados Unidos incluiu o Burundi na lista de nações com altas taxas de permanência irregular. Cidadãos do país frequentemente permanecem no país além do tempo autorizado pelos vistos. Veja as taxas:

  • Vistos de negócios/turismo: 15,35%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 17,52%
 

▶️ Cuba

Cuba foi classificada como Estado patrocinador do terrorismo. Segundo a Casa Branca, o governo cubano não compartilha informações de segurança com os EUA e se recusa a aceitar de volta cidadãos deportados.

O governo cita ainda taxa significativa de overstay. Confira:

  • Vistos de negócios/turismo: 7,69%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 18,75%
 

▶️ Laos

Os Estados Unidos destacaram que o Laos tem um histórico de não cooperar com o retorno de seus cidadãos deportados. Além disso, foi registrado um alto índice de permanência irregular em vistos de turismo. Veja os dados:

  • Vistos de negócios/turismo: 34,77%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 6,49%
 

▶️ Serra Leoa

Serra Leoa também aparece entre os países que se recusam sistematicamente a receber de volta seus cidadãos em situação irregular. Segundo os EUA, também há um elevado número de cidadãos serra-leoneses que ultrapassam o prazo permitido pelos vistos. Veja as taxas:

  • Vistos de negócios/turismo: 15,43%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 35,83%

▶️ Togo

A Casa Branca apontou que Togo tem taxas relevantes de overstay, especialmente entre estudantes e participantes de programas de intercâmbio:

  • Vistos de negócios/turismo: 19,03%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 35,05%
 

▶️ Turcomenistão

O Turcomenistão registrou índices relevantes de permanência irregular entre os diferentes tipos de vistos. Confira os dados:

  • Vistos de negócios/turismo: 15,35%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 21,74%
 

▶️ Venezuela

Segundo os EUA, a Venezuela não conta com uma autoridade confiável para emissão de passaportes ou outros documentos civis e também se nega a receber de volta seus cidadãos que são deportados.

O país também está entre os que possuem uma taxa relevante de overstay, de 9,83% para vistos de negócios e turismo.

Como fica o Brasil?

 
Passaporte brasileiro — Foto: Agência Brasil

Passaporte brasileiro — Foto: Agência Brasil

O Brasil não foi incluído na lista de países com restrições anunciada pelo governo americano. Historicamente, as duas nações mantêm relações diplomáticas plenas e amistosas.

Recentemente, no entanto, membros do governo dos Estados Unidos sinalizaram a possibilidade de aplicar sanções e restringir a entrada de algumas autoridades brasileiras que colaboram com a "censura" de americanos.

Em relação às deportações, o Brasil costuma cooperar com as autoridades americanas para receber de volta cidadãos expulsos. Neste ano, por exemplo, o governo brasileiro enviou aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para buscar deportados nos Estados Unidos.

Dados do próprio governo dos EUA indicam que o Brasil registra taxas relativamente baixas de permanência irregular, ou overstay. Em 2023, os índices foram os seguintes:

  • Vistos de negócios/turismo: 1,62%
  • Vistos para estudantes, profissionais ou intercambistas: 4,60%

*G1

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